sábado, 17 de julho de 2010

Fama efêmera

Quando Andy Warhol, em 1960, disse que um dia todos teriam direito a 15 minutos de fama, ele não só inaugurava a expressão “celebridade instantânea” como profetizava a epidemia midiática da fama, surgida no final do século XX e início do XXI.

Como a visibilidade, por vezes, é consequência de algum escândalo, programa televisivo ou fato de grande repercussão, tais celebridades têm dificuldade em se manter em evidência por muito tempo, voltando ao anonimato na mesma velocidade que saíram dele.

Por ser instantânea, tal visibilidade nem sempre é conquistada mediante valores sólidos e competência do sujeito, mas inventada pela indústria da fama, um alto negócio que circula no mundo da moda, do esporte, música, política e até religião. Não é à toa que patrocinadores buscam vender seus produtos associando estes à imagem de alguma celebridade em voga.

No entanto, os mesmos famosos que puxam a venda podem dar prejuízo ao anunciante, caso mostrem o seu lado B. O caso do goleiro Bruno, que está sendo acusado de ser o principal culpado na morte de sua ex-amante, Eliza, é um exemplo de que nem sempre os patrocinadores dão sorte com seu garoto propaganda.

Entretanto, dependendo do negócio, até a imagem negativa da celebridade vale dinheiro. Na vida real e na ficção, muitos exemplos mostram como pessoas acusadas por crimes, ou escândalos de todo tipo, acabam gerando lucro porque viram notícia e aparecem na mídia.

No cinema, o filme Chicago denuncia como isso funciona. De acordo com sua sinopse, Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones) é a principal atração da boate onde trabalha. Após matar seu marido, a famosa dançarina entra numa seleta lista de assassinas da cidade de Chicago, controlada por Billy Flynn (Richard Gere), advogado que busca sempre se aproveitar ao máximo da situação.

Ao contrário do que se esperava, o assassinato faz com que a fama de Velma cresça ainda mais, tornando-a uma verdadeira celebridade do showbizz. Enquanto isso, a aspirante a cantora Roxie Hart (Renée Zellweger) sonha com um mundo de glamour e fama, até que mata seu namorado após uma briga.


Billy fica sabendo do crime e decide adiar ao máximo o julgamento de Velma, de forma a poder explorar os dois assassinatos ao máximo nos jornais. Assim como ocorreu com Velma, Roxie também se torna uma estrela por causa de seu crime cometido, iniciando uma disputa entre as duas pelo posto de maior celebridade do meio artistico.




Em seu livro Mídias sem limite, de 2003, Todd Gitlin cita o historiador Daniel Boorstin, que ficou famoso ao descrever celebridades como “conhecidas por serem conhecidas”.

Gitlin diz ainda que, hoje, há imensas possibilidades para a microcelebridade. O convidado de programas de entrevistas, o proprietário de sites na internet, os criadores de ONGs, são alguns exemplos citados pelo professor de cultura, jornalismo e sociologia da Universidade de Nova York.

Dentro dessa perspectiva, os programas de entrevistas e os Reality Shows começaram a apresentar as pessoas como elas mesmas. Assim podem exteriorizar seus mais contidos sentimentos, encenando rituais de amor ou ódio, solidariedade ou vingança, diante da perplexidade ou mesmo deleite dos espectadores. Neste caso, câmeras de vigilância e microfones são colocados para que os jogadores sejam acompanhados no seu cotidiano.

O mais curioso, sobre o comportamento de celebridades instantâneas, reside no fato de que, ao alcançarem a fama desejada, os “famosos” começam a evitar o assédio da mídia. Logo, essa gente que tendo sido fãs e espectadores de outras celebridades, fizeram de tudo para terem fãs. Não faz sentido.

Por Maria Oliveira

Publicado em Julho de 2010

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