terça-feira, 11 de maio de 2010

Sexo através dos tempos

Fazer sexo faz bem à saúde! Disso todo mundo já sabia, mas quando a prática vira prescrição de ministro da saúde, o ato sai da esfera privada e se transforma em causa pública. Foi o que aconteceu quando o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sugeriu pela TV que a população fizesse sexo cinco vezes por semana. Tal convocação deixou os habitantes dos trópicos cheios de idéias e questionamentos: além do prazer, praticar sexo é indicado para a hipertensão arterial e faz perder peso também? O tema virou assunto em crônicas de jornais, em roda de amigos e até piadas hilariantes criaram-se em torno da vida sexual de cada um. Então, se nos primórdios do mundo o sexo existia só para procriação, agora é uma questão de sobrevivência.

Desde Adão e Eva que a vida sexual é incentivada para preservar a espécie e manter os laços de família. Não por acaso, na Bíblia, o apóstolo Paulo adverte que “qualquer separação de corpos de um casal deve ser por pouco tempo e por consentimento mútuo – no caso específico de uma atividade espiritual – e que a ausência sexual prolongada pode favorecer a ação de Satanás”. Esta pode ser uma advertência para que casais não cometam deslizes fora do matrimônio e corrobora com os preceitos da união monogâmica, que é considerada a forma ideal de vida matrimonial, segundo os cristãos. O principal fundamento é encontrado na própria constituição do casal original: um homem e uma mulher. Segundo a Bíblia, Deus falou que o homem haveria de deixar os pais para se unir à sua mulher, para serem os dois uma só carne”.

Entretanto, antes de o Cristianismo propagar a monogamia no Ocidente, a poligamia foi amplamente praticada no mundo antigo por várias nações entre as quais Gregos, Romanos, Hindús, Babilônios, Persas, Israelitas, Árabes, Africanos. Nos relatos bíblicos do Antigo Testamento conta-se que “Lameque, bisneto de Adão, tomou para si duas esposas: o nome de uma era Ada, a outra se chamava Zilá". Abraão, Davi e Salomão também foram poligâmicos.

Vários motivos levavam os homens à poligamia: a diferença populacional entre homens e mulheres - menor número de homens -, vários contratos de casamento aumentava as riquezas; uma mulher normalmente gera um só filho, mas um homem pode multiplicar a prole ao casar-se com várias mulheres ao mesmo tempo e ter muitos filhos, garantindo assim a continuidade das gerações posteriores. Segundo uma lei babilônica, a mulher estéril, por exemplo, se fosse casada, era obrigada por lei a providenciar uma substituta para que o marido pudesse multiplicar a espécie.



A poligamia nos dias de hoje é adotada em muitas tribos e vilarejos de diversos países do continente africano. Em sociedades mais tradicionais da África a prática é comum. Um estudo realizado pela Organização de Saúde (OMS) afirma que, mais do que ser aceita, a poligamia é até mesmo incentivada entre os homens nesses lugares.

O Cristianismo foi, sem dúvida, grande incentivador da monogamia entre os povos que catequizou e culturas onde se firmou. Não é à toa que padres jesuítas tentavam “acalmar” os desejos dos indígenas com rezas e cânticos, na época do Brasil Colonial. Por certo, os rituais que as índias encenavam para provocar nos homens, nos machos, desejos sexuais incontroláveis devem ter chocado muito os religiosos. Segundo Gilberto Freyre, autor de Casa Grande e Senzala, “a grande presença índia no Brasil não foi a do macho, mas da fêmea. Esta foi uma presença decisiva. A mulher índia tomou-se de amores pelo português, talvez até por motivos fisiológicos”. E o português percebeu tão bem essa natureza da índia - e da negra depois -, que se uniu a elas e formou a família brasileira de hoje.

Diferentemente dos cristãos, que tinham como objetivo primeiro procriar pelo ato sexual, um filósofo indiano de tradição Carvaka e Lokyata, que viveu entre os séculos IV e VI antes de Cristo, escrevia um texto sobre o comportamento sexual humano e como usar todos os sentidos para alcançar o melhor desempenho no amor.

Kama Sutra é um antigo texto indiano escrito por Vatsyayana sobre o comportamento sexual humano. Ao contrário do que muitos pensam, o Kama Sutra não é um manual de sexo, nem um trabalho sagrado ou religioso. A finalidade de Vatsyayana era de estabelecer Kama, ou gozo dos sentidos entre os três objetivos da antiga vida hindu: Darma, Artha e Kamadeva. Darma (ou vida virtuosa), seria o maior objetivo, Artha, o acúmulo de riqueza e Kama é o menor dos três. De acordo com Vatsyayana, no jogo sexual, não há ordem para ocorrer um abraço, o beijo e as pressões ou arranhões com as unhas ou dedos, pancadas e a emissão dos vários sons, mas que todas essas coisas devem ser feitas, em qualquer momento, pois o amor não se incomoda com o tempo ou ordem.

Portanto, depois que o ministro da saúde aconselhou à população que pratique mais sexo, talvez casais em crise matrimonial fiquem motivados a buscar sensações novas que melhorem relacionamentos ruins, ou desgastados. Entretanto, todo cuidado é pouco: correm um risco de piorar as coisas se não ponderarem a respeito das fantasias que vão adotar. A prática do ménage, como a do swing, por exemplo, oferece aos iniciantes um mundo novo de sensações e também um certo risco, que pode ser físico ou emocional. No plano físico, os riscos dizem respeito às doenças sexualmente transmissíveis, No emocional, podem surgir reações imprevisíveis e traumáticas diante da experiência. Se sexo faz bem à saúde, não podemos complicá-la com excessos O importante é encontrar o equilíbrio e a felicidade.

Por Maria Oliveira

Publicado em Maio de 2010

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