terça-feira, 22 de junho de 2010

Efeito Jabulani

Jamais em outros Mundiais a bola foi tão mencionada como nesta Copa, em que a Jabulani virou estrela que ofusca e desconcerta qualquer jogada ensaiada. Moderna e tecnologicamente correta - como anunciam os fabricantes-, a bola da vez não tem costuras, é rápida e aerodinâmica. Por conta disso, seu “ponto de crise” se antecipa ao da bola tradicional. Nesse caso, podemos concluir que a Jabulani passou por uma análise rigorosa antes de atuar em campo.

Segundo as teorias de Freud, o papel do analista é buscar recuperar a história primitiva do sujeito, a fim de apaziguar experiências traumáticas. Dentro dessa perspectiva, parece que os criadores da Jabulani fizeram uma análise detalhada do objeto bola para que esta deixasse os problemas do lado de fora do campo.

Como o tal ponto de crise foi alterado, a bola evitaria um desvio de conduta, uma bola murcha e desanimada, ou outros problemas que prejudicariam a celebração do gol. Entretanto, os idealizadores da bola não contavam que o efeito Jabulani se estendesse aos jogadores também.

No jogo entre Brasil e Costa do Marfim os ânimos dos atletas, de ambos os lados, estavam totalmente alterados. Parecia que, ali, todos os 22 jogadores em campo queriam exorcizar seus problemas. Dos marfinenses já se conhecia a fama de usarem a força física, doada pela própria natureza, para vencer na marra. Aos pentacampeões restou a técnica e o jeitinho brasileiro de jogar.

Estes não sambaram com a bola somente no pé, mas no ombro, no braço e seja o que Deus quiser! O juiz francês estava confuso e se omitiu na arbitragem. A Jabulani, entretanto, fez a sua parte, ao tirar Luís Fabiano do jejum e presenteá-lo com dois gols.

Mas o magnetismo da bola “Celebração” continuou a surtir efeitos quando Kaká, que vinha sofrendo críticas da imprensa por sua pífia atuação em campo, resolveu trazer à tona seus traços do inconsciente. Reagiu a provocações dos africanos e saiu expulso do jogo, mas sorridente e apaziguado com seus traumas de menino bonzinho.

No dia seguinte, no jogo entre Portugal 7 X Coréia do Norte 0, mais uma boa ação da Jabulani: a redonda resolvida rolou carinhosamente pelas costas de Cristiano Ronaldo para que este fizesse o seu primeiro gol na Copa e o sexto da Seleção Lusitana.

Por fora do campo também corre a Jabulani que, ao acertar o nosso técnico Dunga, chacoalha sua cabeça e o faz delirar em palavrões. Desconfiado e marrento, ele xinga jornalistas e esbraveja para todo o mundo ouvir seus pensamentos mais contidos.

Só Freud explica este comportamento do técnico da Seleção Brasileira: “os desejos reprimidos na infância e os conflitos de ordem sexual podem se configurar como origem dos sintomas atuais”. Pelo visto, Dunga foi a maior vítima de seu autoritarismo ao proibir bebida, sexo e balada na concentração.

Além disso, o treinador do Brasil correu o risco de ser punido por ter ofendido o árbitro Stéphane Lannoy e o atacante Didier Drogba, após a vitória da seleção brasileira sobre a Costa do Marfim por 3 a 1, no último domingo, e repetir o feito com o jornalista Alex Escobar, da TV Globo, na coletiva de imprensa.

Será o efeito Jabullllllanni?

Por Maria Oliveira

Publicado em Junho de 2010

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