domingo, 12 de junho de 2011

Estudar sem preconceito

O Brasil é um país de muitas falas, mas de uma só Língua - a Portuguesa. Mais do que a aparência, a fala denuncia o registro de naturalidade da pessoa. A Língua escrita, porém, não tem este privilégio, senão quando usada coloquialmente na frase.

Quando um texto é bem escrito, sem erro ortográfico ou de concordância, dizemos que a pessoa é letrada. Nesse caso, não interessa se o autor é nordestino, nortista ou sulista. Pois, a norma culta unifica a linguagem e lhe confere identidade nacional.

Entretanto, se fatores emocionais afetarem um discurso, o mesmo autor de um bom texto pode tropeçar na fala. Do mesmo modo, quem não escreve bem, mas tem o dom da palavra, consegue dominar com facilidade uma plateia. São habilidades e competências natas ou adquiridas, que se potencializam quando há um ambiente facilitador. A família, a escola e o trabalho podem ajudar nesse processo.

À família cabe encaminhar o indivíduo à escola, onde receberá o saber constituído que ele aplicará no seu trabalho. Com essa base, acredita-se que o sujeito possa ser respeitado em uma sociedade que prega o conhecimento como fórmula do sucesso.

Se, teoricamente, o conhecimento é um direito de todos, então os livros didáticos deveriam abranger conteúdos que pudessem multiplicar saberes. Ao contrário, se o autor nivelar por baixo o leitor, valorizando as variedades linguísticas e registro oral, em detrimento ao uso das normas da língua culta, estará excluindo os menos letrados do mundo competitivo e profissional.

Foi o que fez a autora do livro “Por uma vida melhor”, aprovado pelo Ministério da Educação (MEC) e distribuído a 4.236 escolas brasileiras. Elaborado pela organização não governamental Ação Educativa, o livro defende a escrita sem concordância de expressões orais populares, como por exemplo "os peixe", apoiados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

Ao aceitarem frases sem concordância nominal e verbal, os educadores estarão reforçando a segregação social. É preciso, pois, ensinar o certo, respeitando as falas regionais de cada um, sem preconceito linguístico. Ao invés de ensinar “os peixe” ao aluno, por que não fazê-lo aprender como “pescar” a concordância?


Por Maria Oliveira

Publicado em Junho de 2011

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