segunda-feira, 26 de abril de 2010

Vacinar ou não, eis a questão

A campanha de vacinação contra a gripe pandêmica continua até o mês de maio, mas a dúvida quanto à segurança da vacina H1N1 persiste em meio a inúmeras mensagens que circulam na Internet, aterrorizando a população. A polêmica gira em torno do medicamento timerosal, utilizado como conservante da vacina e que possui substâncias capazes de provocar de autismo entre crianças a problemas no sistema imunológico humano.

Desde 1980, já existia uma Portaria que proibia a fabricação de medicamentos contendo substâncias compostas de mercúrio isoladas ou associadas. Entretanto, só em 2001, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso do timerosal, composto proveniente do sal sódico do ácido (etilmercurio) benzóico. Esse composto é utilizado como coadjuvante farmacêutico com função de conservante, sendo largamente empregado em vacinas (como sarampo) e em líquidos protetores de lentes oftálmicas.

Assim como o derivado de mercúrio, o esqualeno é um componente comum em vacinas. Segundo o Ministério da Saúde, este é um complemento alimentar retirado do fígado do tubarão e não oferece risco para o sistema imunológico.

O órgão governamental esclarece ainda, que a quantidade do timerosal nas vacinas é pequena e não há registros de danos ao corpo. Mas recomenda que pessoas alérgicas à substância consultem um médico. E acrescenta: pesquisas recentes não confirmam associação entre a substância e o autismo.

Entretanto, pesquisadores do Curso de Farmácia e Bioquímica da Universidade de Juiz de Fora (UFJF), que estudam os efeitos do timerosal, acreditam que as vacinas contendo a substância como conservante sejam responsáveis pela síndrome do autismo em algumas crianças.

No entanto, o mesmo grupo de estudiosos admite que vários episódios históricos de intoxicação causados pelo mercúrio são encontrados no meio ambiente e por alimentos (grãos e peixes), que deixaram, além das vítimas, nítidos riscos deste composto químico nos indivíduos sujeitos à exposição.

Outro questionamento diz respeito ao tempo de entrada no mercado da vacina que foi acelerada, o que significa que todos os efeitos colaterais a médio e longo prazo não são conhecidos. Nesse quesito o Ministério da Saúde foi pouco esclarecedor, quando diz que a diferença entre uma e outra vacina é o tipo de vírus inoculado.

Mas tranqüiliza dizendo que a atual H1N1 não é a mesma de 1976, quando recrutas americanos morreram ou ficaram inválidos, após tomarem a vacina contra a gripe suína. E assegura que a vacina de hoje não é a mesma e não tem registros de problemas até agora.

Para os médicos e profissionais da saúde, o medo da população é agravado pela profusão de informações que recebem pela Internet. Antes de consultar um especialista na área, o paciente acessa o Doutor Google, que virou autoridade máxima e inquestionável. Depois, disseminam a informação por email sem ao menos filtrá-la.

Mesmo assim, os médicos acham válido a população cobrar das autoridades a verdade. Sendo os primeiros a submeterem à vacinação, os médicos e os demais funcionários da saúde disseram que, na hora, não pensaram nos efeitos nem na segurança da vacina. No dia, foram informados que a vacina já havia sido testada em outros países com sucesso.

Sendo assim, como os médicos não questionaram nada, é sinal de que eles seguiram a lógica popular: quem lê a bula, não toma o remédio. Isso vale para a vacina também.

Por Maria Oliveira
 
Publicado em Abril de 2010

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