quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Deve ser amor

Um dia comecei a prestar atenção em um rapaz, mas confesso que de longe ele me lembrava uma outra pessoa. Alguém pelo qual senti o chamado amor platônico, aquele que dificilmente se concretiza. Está ali, apenas aos olhos de quem observa e, dificilmente, nos de quem é observado.

Como o nome mesmo sugere, "Platônico" vem de Platão, justamente porque o filósofo grego acreditava na existência de dois mundos. O das ideias, onde tudo seria perfeito e eterno. E o mundo real, finito e imperfeito, cópia mal-acabada daquele que seria o mundo ideal.

Durante um tempo, essa história acabou por tomar dois caminhos paralelos. Primeiro, comecei a acreditar que talvez fosse verdade. Ou seja, ele também poderia estar me observando. Por outro lado, não acreditava que aquilo pudesse estar acontecendo comigo.

Um dos maiores problemas do amor platônico é justamente fantasiar não apenas uma relação, como também situações. "Será que ao ser observado, ele também estava me olhando quando eu passava na rua ou me aproximava da janela?". Por mais insano que possa parecer, só quem já sentiu sabe do que eu estou falando.

O tempo passou e eu sempre tentando interpretar cada movimento, antes que essa história tomasse uma proporção maior do que eu conseguisse suportar. Até que um dia decidi que iria acabar com esta dúvida de uma vez por todas.

Conversando com amigas, ambas começaram a me aconselhar em relação a essa história. A primeira queria que eu provocasse uma situação para ver qual seria "sua reação". Já a segunda, que eu fosse mais direta. Chegasse mesmo, na lata, puxasse conversa e visse qual "sua reação".

A terceira foi mais cautelosa, porém impetuosa, ela mesma tomou a frente e começou a indagar sobre a atual situação dele. Se era solteiro, casado, enrolado, gay... essas coisas.

Conforme ela descobria algo mais, me contava. E assim, essa história foi estendida por algum tempo, até eu ficar sabendo que ele iria se mudar de onde estava. A notícia foi como um balde de água fria. Naquele momento,confesso, meu mundo caiu.

Chorei horrores, sofri mesmo por alguém que, até então, não conhecia o som da sua voz. E ver sua partida foi uma das imagens mais tristes que meus olhos presenciaram este ano. Por mais incrível, e exagerado, que isso possa parecer.

O tempo passou e, todos os dias, quando eu passava em frente a sua loja, pensava se voltaria a vê-lo. A ponto de um dia dizer: "se for para ser, que eu o veja novamente, como uma espécie de sinal". E assim foi!

Na primeira vez ele veio rapidamente. Já na segunda, ficou um pouco mais. Quando me dei conta, estava sempre por aqui. E tudo voltou a ser como antes, os mesmos olhares assustados e esbarrões discretos.

Sua antiga loja já não é mais a mesma. Uma imensa obra está transformando em outro negócio que, naturalmente, também o pertence. Ou seja, é a prova que desta vez veio para ficar.

Sei que preciso tomar logo uma atitude, até mesmo para não continuar imaginando como seria se... Mas, antes de mais nada, a sensação de que nem tudo está perdido deu um up em minha vida. E é por essa nova história que eu estou me guiando.

Beijos,

Josie!

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