sexta-feira, 26 de março de 2010

China de...

sangue, suor e lágrimas, literalmente



A maioria da população brasileira assistiu deslumbrada à abertura dos Jogos olímpicos que estão se passando na milenar China e sequer imagina a grandiosidade de sua História. A República Popular da China situa-se na parte leste da Ásia. A China, terceiro maior país do mundo, depois da União Soviética e do Canadá, é limitada ao norte pela Mongólia e pela União Soviética, e uma população superior a 1.300.000.000 de habitantes. Foi da China que saiu para o mundo o papel, a impressão, a pólvora, e grande beleza nas artes poéticas, na pintura, teatro e cerâmica.

Depois, sua grandeza caiu, e por muitos anos sofreu pobreza, revoluções e guerras. Ainda sofre com uma ditadura mascarada de progresso, mas a impressão, ao ver a população calada e sofrida na televisão, é a de que nós é que somos atrasados, brutalizados e aculturados. Eles sofrem, sofrem, sofrem, mas prezam suas raízes, contam suas histórias e são receptivos como ninguém.

Mas, um dado triste nos alerta quanto ao desenvolvimento incomum (além do ar muito mais poluído, claro) e nos preocupa já que cientes somos de que certos tipos de brutalidades não são exclusividade nossa. E quando ouvimos falar da exploração infantil nas frentes de trabalho chinês a sensação é de que nunca saímos do século XVIII.

Jornadas de trabalho extensas, condições insalubres, salários indignos... E foi assim que a maioria dos países europeus saiu-se muito bem depois da proclamada Revolução Industrial, e lá se vão 4 séculos. É sabido também que a maioria dos países asiáticos ainda vivia no medievalismo, com traços marcantes de uma economia ruralizada e tradições culturais arraigadas, que traziam uma aura de mistério aos povos “ocidentais”, como são chamados os países dos continentes europeus e americanos.

Só não se esperava que ao entrar no século XX, ainda em desvantagem numérica pelos termos de um mundo capitalista e ávido por vantagens econômicas, o referido mundo oriental fosse buscar inspiração nas sombrias marcas de evolução dos europeus. Ao Japão e outros países asiáticos já foram atribuídos, por especialistas, outros motivos que lhes creditaram êxito financeiro. Mas, a China parece um país comum da Europa industrializada de muitos séculos atrás e, apesar de correr contra o tempo para compensar as perdas que acreditou ter tido no mundo altamente digital e competitivo desde a queda do Muro de Berlim e o fim do Socialismo e ter se tornado um gigante em termos de ciência e tecnologia, seus métodos para tanto ainda se parecem com cenas de filmes como Daens - um grito de justiça.

Crianças trabalhando em ambientes com poucas normas de segurança seguidas à risca, horas extenuantes de trabalho, salários vergonhosos, fora a falta de amparo para acidentes de trabalho e a famosa lei da mordaça.

A notória censura é questionável em certos aspectos, afinal, quem nunca questionou a excessiva libertinagem que a internet proporciona ao mundo moderno que levante a mão. Quem nunca se pegou reclamando de como a imprensa anda tão preocupada em mascarar certos fatos da sociedade e da política também se pronuncie.

O fato é que a censura excessiva dos chineses, que é duramente criticada por mais da metade do mundo e é alvo de sincera preocupação com o regime simbolicamente democrático, é preocupante quando se trata de encobrir os letais efeitos de uma prática humilhante para alcançar os índices extraordinários exibidos atualmente pela China no cenário mundial: a exploração e os crimes contra seus próprios cidadãos em nome de um progresso que ele (os empregados) jamais aproveitarão, já que uma boa parte, em péssimas condições de saúde, sem tratamento adequado e amordaçadas pela censura acabam ou falecendo, o que para o governo é satisfatório para que a “seleção natural” aconteça e não torne o país cada vez mais inabitável, ou simplesmente tornando-se permanentemente inválidas e, em sendo improdutivas, inúteis para o governo.

Isto sem contar a poluição... Ahn! Bem, isto. A China não pode ser agora apontada como responsável maior pelo dano ambiental, até porque temos que, ao menos, ter coerência e conhecimento histórico: muito antes dos chineses, americanos, russos e países coadjuvantes de ambos já testavam em nosso outrora puro ambiente armas nucleares e tecnologias químicas, bem como armas bacteriológicas em um mundo que se chamou de “o mundo da Guerra Fria”. Portanto, a despeito da imensa contribuição chinesa para poluir o ar que minhas pobres gatinhas respiram (me sinto a Cora Ronái do subúrbio!) eles não foram, exatamente, os primeiros colocados nesta questão.

Por Fernanda Barbosa

Publicado em Agosto de 2008

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