segunda-feira, 22 de março de 2010

O papel da Escola

Final de férias significa voltar às aulas e preocupação redobrada para quem tem filhos. Os gastos com matrícula, uniforme e lista de material escolar encabeçam a lista do orçamento familiar e desandam a economia do lar. Mas, quando a despesa é compensada por um ensino de qualidade, o investimento na educação poderá resultar num futuro promissor - acreditam os pais.

Antes de efetuarem a matrícula, porém, os responsáveis estabelecem critérios a seguir na escolha da instituição ideal em que seus filhos vão estudar. Desse modo, avaliam a formação dos professores, o conforto e espaço físico do prédio, além de se informarem sobre a filosofia que norteia o projeto político-pedagógico da escola. Esses cuidados são mais acentuados nos pais que pagam, isto é, que optaram pela rede particular. Às famílias carentes, sem sombra de dúvida, resta a Escola Pública, um espaço democrático que deveria funcionar à luz dos princípios e valores declarados nas Diretrizes Curriculares Nacionais, mas não é bem assim que acontece.

As escolas da Rede de Ensino Público atendem às necessidades básicas do aluno pobre, mas o ensino propriamente dito ficou comprometido. Nelas as crianças são acolhidas, comem e são protegidas por uma “tia” que educa e ensina, enquanto seus pais trabalham livres e descansados, sabendo que seus filhos não estão na rua. Por recompensa, ainda recebem bolsa família. Nesse sistema, os estudantes são olhados com preconceito, desrespeitados no seu direito de aprender - no sentido de buscar conhecimento-, e garantir um lugar ao sol em pé de igualdade com alunos da rede particular.

Outrora, ter a sigla E.P, bordada em azul-marinho no bolso do uniforme, era motivo de orgulho. As propostas pedagógicas das escolas garantiam o domínio dos valores e conteúdos curriculares necessários para o aluno aplicar em vários aspectos da vida cidadã. Mas os tempos mudaram, e o interesse do Governo pela Educação se resume em estatística: Se o número de crianças matriculadas nas escolas significar avanços no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, então o fato já é festejado como conquista de interesse internacional. Programas assistencialistas de cotas, bolsas e PACs dão votos, mas não resolvem o problema que se arrasta há décadas.

Até o início dos anos 70, havia muita procura pelo Magistério. Os candidatos eram selecionados por um concurso dificílimo que preenchia poucas vagas disponíveis. Quem assistiu à mini-série “Anos Dourados”, da TV Globo, notou o prestígio das normalistas perante a sociedade carioca daquele tempo. Pertencer ao quadro de alunos do Instituto de Educação ou da Escola Normal Carmela Dutra era um sonho acalentado por muitos jovens de todas as classes sociais. Mas, ao desprestigiar os professores com parcos salários, o governo desestimulou os interessados a escolher a carreira por vocação. Agora os critérios de seleção são outros e as escolas deixaram de ser “normais”: receberam o nome pomposo de Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro.

Segundo a diretora adjunta, Prof.ª Tereza Colatino, da Escola de formação de professores Carmela Dutra, a seleção dos candidatos é feita pela Secretaria Estadual de Educação. O processo para o preenchimento das vagas não é mais por concurso ou avaliação do Histórico Escolar. Consiste em priorizar alunos que moram no entorno do colégio, e por idade. Entretanto, esse tipo de seleção está sendo muito criticado pelo corpo docente, que reivindica a volta do concurso tradicional. Os professores alegam que o despreparo dos alunos resulta numa desastrosa reprovação em massa, logo no primeiro, dos quatro anos do curso.

.“O futuro do Brasil está na Educação”, diz a propaganda do Governo, que demora muito a colocar esse programa em prática. Portanto, quem já terminou o Ensino Fundamental, e deseja se aventurar pelos caminhos do Magistério, basta acessar a Internet no site da Secretaria Estadual de Educação e fazer a inscrição. Boa sorte!

Por Maria Oliveira
 
Publicado em Fevereiro de 2008

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