Uma mulher que vale ouro

sexta-feira, 26 de março de 2010

Uma mulher que vale ouro

Dama da sociedade, esposa dedicada, mãe companheira... Mulher fantástica, símbolo de força, luta e humildade. Assim é Maria Lucia Araújo, nosso perfil do mês.

Vinda de classe média, Lucinha teve uma criação conservadora e rígida, como de costume para a época. Casou-se com João Araújo, produtor fonográfico da Odeon e fundador do selo Som Livre (gravadora pertencente às Organizações Globo), com quem teve Agenor Miranda de Araújo Neto – o Cazuza. Ícone do rock brasileiro.

Antes de ingressar na música, Cazuza trabalhou na Som Livre, estudou fotografia, comunicação e atuou em peças teatrais. Chegou a morar uns tempos nos EUA e quando retornou ao Brasil (1980), firmou parceria com aqueles que integrariam a banda Barão Vermelho – Roberto Frejat (guitarra), Dé (baixos), Maurício Barros (teclados) e Gutti Goffi (bateria).

Em 1985, o cantor decidiu abandonar a banda e ir rumo ao sucesso de uma carreira solo. E conseguiu. No total, foram cinco discos em quatro anos, com shows bem elaborados e público cativo. Nessa ocasião, descobriu que era portador do vírus HIV.

O primeiro artista brasileiro a confirmar publicamente que tinha AIDS foi Cazuza, colaborando assim para a campanha de conscientização sobre a doença. A maneira como encarou e se posicionou em relação à AIDS, fez dele um símbolo de luta e amor à vida. Mobilizando pessoas, sejam elas próximas ou não ao cantor, e principalmente sua mãe. É por isso que não dá para falar de Lucinha sem fazer referências ao filho. Desde a descoberta da doença até seu falecimento, Cazuza se foi em 07/07/90 - aos 32 anos, Lucinha esteve ao seu lado e abraçou a luta contra a doença, no Brasil.

Logo após a perda de seu filho, Lucinha e João Araújo fundaram a Sociedade Viva Cazuza – instituição não governamental que cuida de crianças carentes, portadoras do vírus HIV, e tem como presidente a própria Lucinha Araújo. A casa, sobrevive através da renda obtida com os direitos autorias sobre a obra Cazuza. Além disso, conta com o apoio de patrocinadores – como a UNESCO, e da colaboração de doadores.

Entre os anos de 90 e 92, a Sociedade trabalhou junto ao Hospital Universitário Graffrée e Guinle, conseguindo assim aumentar o número de leitos destinados aos pacientes, reforma de enfermarias e berçários, além do fornecimento de remédios, exames e cestas básicas para os portadores do vírus.

Passado esse período, a instituição começou a operar sozinha, graças ao apoio de amigos, médicos e voluntários. Esses profissionais, prestam atendimento pediátrico às crianças e assistência junto aos adultos carentes.

Em 1994, inaugurou a primeira Casa de Apoio Pediátrico do município do Rio e em 97, o projeto Viva Cazuza - espaço dentro da Sociedade que abriga o acervo do poeta e compositor.

No mesmo ano Lucinha, em parceria com Regina Echevarria, lançou o Best seller "Cazuza - só as mães são felizes", com mais de 100 mil exemplares vendidos. No livro, ela conta sua convivência com o filho e traz ao público aspectos, até então desconhecidos, da personalidade de Cazuza.

 

A obra acabou servindo de inspiração para o filme Cazuza - O Tempo Não Pára – 2004. Dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho, o longa segue o gênero drama biográfico e entrou para a história do cinema brasileiro.

Em 2006, então com 70 anos, Lucinha Araújo ganhou o título de Personalidade Cidadania, prêmio oferecido pela UNESCO, em parceria com a ABI e o jornal Folha Dirigida, e destinado a personalidades e/ou instituições que colaborem com a construção de uma sociedade mais cidadã. “Eu não sei se mereço a premiação, mas como icentivo ao nosso trabalho é muito positivo. O icentivo a cidadãnia é muito importante para formarmos um País mais solidário”, disse Lucinha em depoimento a Folha Dirigida.

No mês em que se comemora o dia das mães, Lucinha Araújo - referência da mãe brasileira, conversou com o Espetaculosas. Veja a entrevista seguir:

Fontes:

http://www.portalgv.com.br/enciclopedia.asp

http://bloglog.globo.com/lucinhaaraujo/

http://www.vivacazuza.org.br/

Agradecimentos:

Christina Moreira - Coord. Projetos

Gerente – Sociedade Viva Cazuza

Bruno Aires – Jornal Folha Dirigida

Por Tatiana Bruzzi

 

Publicado em Maio de 2008