segunda-feira, 22 de março de 2010

É cor de rosa choque

Sexo frágil, não foge à luta e nem só de cama vive a mulher... Música tema de um programa chamado TV Mulher, essas palavras ficaram marcantes nos anos 80. Época em que feminilidade era sinônimo de inteligência, e vice versa. Mas, não é de hoje que a mulher, dita como sexo frágil, lida com preconceito e luta por seu lugar que, diga-se de passagem, não é necessariamente em frente ao fogão.

Nos últimos 150 anos o movimento feminista tem sido responsável por diversas conquistas na vida da mulher. A história de lutas e conquistas de tantas mulheres (muitas delas mártires de seu ideal), no decorrer de quase dois séculos, leva a humanidade a iniciar um novo milênio diante da constatação de que buscamos e conquistamos o nosso lugar. Asseguramos o direito à cidadania, legitimando o papel, enquanto agente transformador.

Durante longo tempo as mulheres viveram comprimidas em seus espartilhos, por vezes amordaçadas e contidas. Quando se submetiam a isto, eram consideradas respeitáveis “mulheres de bem” (corretas). Agora, quando fugiam das coleiras que lhes eram impostas, eram tidas como "cortesãs" (mundanas marginalizadas).

 


Numa sociedade onde o modelo masculino representava o poder, à mulher cabia apenas o lugar de um apêndice (complemento do homem). Ou seja, na cultura machista ela vivia em função da casa, marido e filhos. Mas quando essas mesmas mulheres passaram a dar valor às questões da alma feminina, deu-se uma transformação. Milhares delas lutaram e se rebelaram contra sua própria sociedade.
 
Historicamente, a pílula anticoncepcional abriu as portas para uma revolução sexual. Representava a flexibilização da moral e o ingresso da mulher no mercado de trabalho. As conquistas de condições de igualdade, civil e jurídica (entre os sexos) e a perda do medo da gravidez, proporcionaram mudanças importantes nas relações das mulheres, consigo mesmas e em relação ao mundo em que viviam. Suas relações com os homens tornaram-se mais transparentes e, em função das mudanças conquistadas, dividir-se entre o casamento, o trabalho ou outras relações produtivas, exigiu da mulher um grau de tolerância e harmonia interna muito grande.

 A emancipação feminina foi uma conquista, porém cabe a nós "bem administrar" nosso tempo, entre jornada de trabalho e família (filhos). Infelizmente, nem sempre nossos companheiros estão dispostos a dividir as funções que cabem a ambos. São poucas as que encontram alguém com quem possam compartilhar tarefas. Nesse caso, em função do êxito profissional, muitas abrem mão da possibilidade de terem filhos.
 
Nossa condição psicológica gera uma natureza psíquica própria, diferente da masculina, que nos torna mais ligada à família e a casa. Somos mais disponíveis a um contato com sentimentos e interioridade. Para nós, mulheres, é muito importante lutar pela individualidade, autonomia e independência, desde que não nos sacrifiquemos em cima de outros aspectos importantes da vida. Ou seja, desenvolver potencialidades, manter a harmonia interna, qualidade de vida e relacionamentos afetivos.

Alguns fatos Históricos:

1827 - Brasil - Surge a primeira legislação relativa à educação de mulheres; a lei admitia meninas apenas para as escolas elementares, não para instituições de ensino mais adiantado.

1848- EUA, Nova York - Convenção em Seneca Falls, o primeiro encontro sobre direitos das mulheres.

1857 - (8 de março) EUA, Nova York - 129 operárias morrem queimadas pela força policial, numa fábrica têxtil, em Nova York. Elas ousaram reivindicar redução da jornada de trabalho de 14 para 10 horas diárias e o direito à licença-maternidade. Mais tarde foi instituído o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em homenagem a essas mulheres.

1879 - Brasil - O Governo Brasileiro abriu as instituições de ensino superior do país às mulheres; mas as jovens que seguiam esse caminho eram sujeitas a pressões e à desaprovação social.

1880 - Brasil - As primeiras mulheres graduadas em direito encontram dificuldades em exercer a profissão.

1893 - Nova Zelândia - Sufrágio feminino, primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres.

1910 - Brasil - A professora Deolinda Daltro funda o Partido Republicano Feminino.

1921- Brasil - Primeira partida de futebol feminino. Em São Paulo, senhoritas catarinenses e tremembeenses.

1922 - Brasil -É constituída, no Rio de Janeiro, sob a liderança de Bertha Lutz, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

1928- As mulheres conquistam o direito de disputar oficialmente as provas olímpicas. O Barão Pierre de Coubertin – criador das Olimpíadas da era moderna e severo opositor à participação feminina – pede demissão do cargo de presidente do Comitê Olímpico Internacional.

Brasil - O Governador do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, obteve uma alteração da legislação eleitoral para conferir o direito de voto às mulheres no seu Estado. Elas foram às ruas, mas seus votos foram anulados pela Comissão de Poderes do Estado. No entanto, foi eleita uma prefeita, a primeira da História do Brasil: ALZIRA SORIANO DE SOUZA, no município de Lages, Rio Grande do Norte.

1932- Brasil - O Governo de Getúlio Vargas promulgou o novo Código Eleitoral pelo Decreto nº 21.076, garantindo finalmente o direito de voto às mulheres brasileiras.

Brasil - A nadadora Maria Lenk, 17 anos, embarca para Los Angeles como única mulher e mascote da delegação olímpica. Foi a primeira atleta brasileira a participar de uma Olimpíada.

1937/1945 - Brasil - O Estado Novo criou o Decreto 3199 que normatizava a prática esportiva feminina. Proibia às mulheres os esportes que considerava incompatíveis com as condições femininas tais como: "luta de qualquer natureza, futebol de salão, futebol de praia, pólo, pólo aquático, halterofilismo e beisebol". O Decreto só seria regulamentado em 1965.

1948 - Depois de 12 anos sem a presença feminina, a delegação brasileira às Olimpíadas segue para Londres com 11 mulheres e 68 homens.

1951 OIT - Aprovada pela Organização Internacional do Trabalho, a 19 de junho, a Convenção de Igualdade de Remuneração entre trabalho masculino e trabalho feminino para função igual.

1970 - Reino Unido - Aprovada a igualdade salarial.

1971 - Brasil - Um grupo de mulheres lidebrado por Romy Medeiros se reúne no Restaurante da Mesbla, no Rio de Janeiro, para estudar uma estratégia visando comemorar um dia das mulheres, já que o Governo militar da época proibia a comemoração do 8 de março. Sugeriram a criação do dia 30 de abril, data de nascimento da pioneira Gerônima Mesquita, mineira de Leopoldina (MG) que chegou a servir na 1º Guerra Mundial. A data passou a ser comemorada em 1980.

1974 - Argentina - Izabel Perón (nascida em 1931) torna-se a primeira mulher presidente.

1975 - As Nações Unidas instituem o Ano Internacional da Mulher, após a Conferência do México de 1975. O Plano de Ação do México aprovou a Década da Mulher (1975-1985), definiu metas a serem atingidas nos dez anos seguintes para eliminar a discriminação.

Em São Paulo, outro grupo de mulheres monta o Centro de Desenvolvimento da Mulher Brasileira - CDMB.

1976 - Brasil - Depoimento da estilista Zuzu Angel ao historiador Hélio Silva, sobre a morte do filho, Stuart Angel, nos porões da ditadura. Dois meses depois sofreu um acidente suspeito que a vitimou. Posteriormente, Chico Buarque de Hollanda lhe dedicou a música "Angélica". Recentemente, a Comissão criada pelo Governo Federal em 1996 para avaliar as denúncias de crimes políticos visando o pagamento de indenizações às famílias das vítimas, concluiu que o acidente não teve motivação política.

Brasil - Iris de Carvalho e Maria Lenk, representando as atletas brasileiras, recomendam na CPI da Mulher que o Decreto 3199 seja revogado.

1985 - Brasil - Surge a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher - DEAM, em São Paulo e, rapidamente, várias outras são implantadas em outros estados brasileiros.

1987- Brasil - Criado o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro - CEDIM/RJ, a partir da reivindicação dos movimentos de mulheres, com a atribuição de assessorar, formular e fomentar políticas públicas voltadas para a valorização e a promoção feminina, através do Decreto nº 9906, de 6 de maio de 1987. Atualmente é vinculado ao Gabinete Civil da Governadoria.

1993 - Brasil - Assassinada Edméia da Silva Euzébia, líder das Mães de Acari, ao sair do metrô do Estácio. Ela liderava o grupo de nove mães que ainda hoje procura seus filhos, 11 jovens da Favela de Acari, no Rio de Janeiro, seqüestrados e desaparecidos em 1990.

1997 - Brasil - As mulheres já ocupam 7% das cadeiras da Câmara dos Deputados; 7,4% do Senado Federal; 6% das prefeituras brasileiras (302). O índice de vereadoras eleitas aumentou de 5,5%, em 92, para 12%, em 96.

No Estado do Rio de Janeiro, as mulheres ocupam 12% das vagas nas Câmaras de Vereadores. Na capital, a bancada passou de quatro para cinco vereadoras.

Datas especiais

08 de março

Dia Internacional da Mulher

Dia Nacional da Mulher

28 de novembro

Dia de Combate à Mortalidade Materna

Consciência Negra

Fonte: Conselho Estadual da Mulher Cedim/RJ www.proderj.rj.gov.br/cedim/conquist.htm

Por Tatiana Bruzzi

Publicado em Março de 2008

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