segunda-feira, 22 de março de 2010

Ultrapassando seus próprios limites

Ultrapassar limites ou arriscar a vida. Há tempos os chamados esportes radicais têm despertado interesses não apenas na juventude, como em todos aqueles que ultrapassam seus limites em busca de uma grande aventura. Interesse esse que fez com que crescesse uma necessidade em acompanhar as transformações que ocorrem neste setor, já que o fascínio por esse tipo de atividade é relativamente muito grande. Seja por homens, mulheres e até crianças.

Recentemente, a rede estadual de ensino (em São Paulo) promoveu durante as férias uma integração entre alunos e professores. O que deu certo. Segundo educadores, o desafio está em extrair motivos e materiais relacionados ao conteúdo de sua disciplina, como parte de um trabalho interdisciplinar. E mais, esse tipo de atividade ainda serve para aproximar alunos e professores, através de conversas entre os membros de um mesmo grupo.



Princípios da física, conceitos e cálculos matemáticos, questões do meio ambiente, fatos históricos, pesquisa e leitura... Tudo isso pode ser trabalhado a partir desse tema. Porém de nada adianta se você não souber realmente do que se trata. Então, responde rápido. Para você, o que intitula um esporte como sendo radical? O Espetaculosas resolveu listar os mais conhecidos da terra, água e ar, e ainda aproveita para contar um pouquinho da história de cada deles. E mais, não perca a entrevista que fizemos com Julio Leira, condutor da Equipar – empresa especializada em Turismo de Aventura.

E então, preparados para entrar nessa aventura com a gente?

SKATE: Surgiu no princípio dos anos 60, na Califórnia. Época aonde reinava o surf, a curtição era pegar as rodas de seus patins e colocar em "shapes", para surfar em terra firme. No início os skates eram muito primitivos, apenas com uma tábua e quatro rodinhas. Mesmo assim, o crescimento do 'surf no asfalto' se deu de uma maneira tão grande que muitos jovens da época se renderam ao novo esporte. Em 1965 se comercializaram os primeiros skates, fabricados industrialmente. Nesse mesmo período, começaram também as primeiras competições. Já nos anos 70, o esporte sofreu com a perda de espaço na revista “Skateboarder". Pistas fecharam e muitos abandonaram o esporte, ficando apenas os que realmente gostavam. Os skatistas que perderam suas pistas optaram por andar nas ruas, usando tudo que achavam no cotidiano como obstáculo. Daí se deu o street skate. Outro fato interessante foi o racionamento de água sofrido pelos EUA. Muitas pessoas tiveram que esvaziar suas piscinas e, foi aí que os skatistas perceberam que essas piscinas vazias poderiam ser ótimos obstáculos. Surgia assim o 'skate vertical'. A volta ao auge do esporte foi nos anos 80, com a inovação dos skates e a utilização das pistas em "U" - os half pipes. O skate retorna às suas origens e aparecem vários nomes do skateboard mundial, como Steve Caballero, Tony Alva, Tom Sims, entre outros.

MONTANHISMO: O berço do montanhismo foi a cordilheira dos Alpes, na Europa. Em 1492, Antoine de Ville escalou o monte Aiguille, na França, apesar das inúmeras superstições que atribuíam às altas montanhas territórios de dragões e seres alienígenas. Em 1744 ocorreu a conquista do monte Titlis, em 1770 a do monte Buet e em 1779, o monte Velan. Apesar disso, a verdadeira explosão do montanhismo como esporte ocorreu no final do século XIX e início do século XX, quando diversas expedições buscavam atingir o cume de montanhas nunca antes visitadas. Em 1868 os ingleses conquistaram os principais picos do Cáucaso - o Chimborazo, nos Andes em 1880 e o Aconcágua (mais alto pico das Américas, com 6.962 metros de altitude), em 1897. Pouco antes, em 1889, havia sido conquistado o Kilimanjaro (mais alto pico da África, com 5.896 metros de altitude). E em 1913, o monte McKinley (mais alto pico da América do Norte, com 6.194 metros de altitude). Uma das datas mais importantes para a história do montanhismo foi em 03 de junho de 1950, quando os alpinistas franceses Maurice Herzog e Louis Lachenal chegaram ao cume principal da cordilheira Annapurnas - pico com 8.091 metros de altitude, no lado nepalês do Himalaia. Essa foi a primeira vez que um ser humano colocou seus pés no topo de uma montanha com mais de oito mil metros de altitude. Já o cume mais alto da Terra, o monte Everest, com 8.850 metros de altitude, foi conquistado só em 1953, pelo neozelandês Edmund Hillary e pelo sherpa Tenzing Norgay, encerrando assim um período clássico das explorações em pontos mais remotos do planeta.



SURF: No início do século 20 surgiu o "pai do Surf" Duke Paoa Kahanamoku, que mateve o surf verdadeiramente vivo graças a sua simples e pura persistência pelo esporte dos reis. Até então o mundo não tinha idéia do que era o Hawaii, muito menos o surf. Entretanto nas Olimpíadas de 1912, em Estocolmo, Duke Kahanamoku ganhou uma medalha de ouro na natação quebrando o recorde mundial nos 100 m estilo livre e uma de prata no revezamento 4 x 200. Duke fez o mundo saber que ele era um surfista da praia de Waikiki, situada no arquipélago havaiano e que o surf era o ato de cavalgar as ondas do mar. Esta foi provavelmente a primeira vez que o mundo ouviu falar do Hawaii e do surf. Oito anos mais tarde, nas Olimpíadas de Antuérpia, Duke já aos 30 anos, conquistou medalhas de ouro e graças a esse feito provou ser o nadador mais rápido do mundo. Somente nas Olimpíadas de Paris é que Duke perdeu sua colocação para um nadador bem mais jovem do que ele, chamado Johnny Weismuller. Este, anos mais tarde, tornou-se um conhecido ator de Hollywood interpretando em vários filmes o papel de Tarzan. Duke filosoficamente comentou: "Pelo menos, foi necessário o Rei das Selvas para me vencer". Durante o período ativo, a fama de Duke crescia à custa de suas vitórias olímpicas Ele era o melhor surfista da época e sabiamente tirava proveito de tal fama, objetivando beneficiar as coisas que amava: o solo havaiano, seu povo e o surf. Após sua vitória em Estocolmo, ele introduziu o surf na América (em 1913) e na Austrália (em 1915. Tais esforços vingaram e floresceram, formando o embasamento do que seria o surf na Era Moderna. Ele morreu em 1986, aos 94 anos, mas até hoje todos os surfistas lembram-se daquele que foi e sempre será o pai do surf moderno.

RAFTING: O primeiro relato de uma experiência de rafting é de 1869, quando o americano John Wesley Powell organizou uma expedição a bordo de barcos, com remo central, no Grand Canyon - rio Colorado (EUA). Os botes eram de madeira, sem flexibilidade e com vários problemas de capotamento. Os remadores não tinham técnica e remavam de costas, para maior força e menor esforço. Já outro americano, Nathaniel Galloway, inverteu a posição do remador, que passou a conduzir o bote de frente, ainda com o remo central. Outra mudança que ocorreu com o tempo, foi a modificação do fundo dos botes de côncavos para fundo chato. Assim o controle do bote era facilitado, tanto para avançar quanto freiar nas pedras, corredeiras e ondas do rio. Somente na década de 50, com a evolução e popularização dos botes de borracha, o rafting tomou impulso comercial principalmente nos Estados Unidos. Na década de 80, um bote com sistema auto escoante foi desenvolvido para possibilitar a saída da água automaticamente, por furos existentes nas laterais do fundo. No Brasil, os primeiros botes de rafting foram utilizados nos rios Paraíba do Sul e Paraibuna, em Três Rios (RJ). Quem trouxe a idéia foi a empresa TY-Y Expedições, no início da década de 80. Atualmente existem mais de 50 operadoras de rafting em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Pará, Amazonas, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.



ASA DELTA: Há mais de 25 anos o Vôo Livre vem colorindo os céus do Brasil. Tudo começou quando, em Julho de 1974, um piloto francês fez um vôo do alto do Corcovado no Rio de Janeiro. O feito chamou a atenção de muitas pessoas, inclusive interessados em aprender a arte de voar. Dois mais entusiasmados conseguiram encontrar o tal francês e decidiram começar a voar. Na busca de um morro ideal para iniciar as aulas, chegaram até um amigo que tinha um terreno de acordo com as necessidades para o curso. Algum tempo depois o tal amigo, que havia entrado por acaso na história, veio a se tornar o primeiro piloto Brasileiro a voar. Seu primeiro vôo foi realizado no dia 7 de Setembro de 1974, do topo da pedra da agulhinha - São Conrado. Devido às dificuldades de acesso à pedra da Agulhinha, outra rampa (no pé da pedra Bonita) foi aberta. E, em Novembro de 1975, o número de pilotos, que já era mais de uma dezena, realizou o 1º campeonato Brasileiro de Vôo Livre. Com o crescente número de adeptos, veio a necessidade de se abrir outra rampa. Desta vez, construída pelo arquiteto Sérgio Bernardes no morro que dá acesso à Pedra Bonita. Em Dezembro de 75 fundaram a ABVL (Associação Brasileira de Vôo Livre) com o intuito de controlar o acesso à rampa de Vôo Livre, que acabou sendo definitivamente cedida aos pilotos e utilizada até hoje. Atualmente o Vôo Livre evoluiu bastante com o uso de asas modernas, projetadas por engenheiros aeronáuticos. Alguns modelos de competição chegam a custar mais de 10.000 dólares. O Brasil acompanhou essa evolução e hoje ocupa uma posição de destaque no cenário mundial. Conquistamos um campeonato mundial individual com saudoso Pepê Lopes, em 1982 no Japão, um vice-campeonato mundial individual e por equipes, em 1991 no Brasil e o campeonato mundial por equipes, em 1999 na Itália. Com o surgimento do parapente, o Vôo Livre se se dividiu em duas categorias: Asa Delta e Parapente, ou Paragliding como também é conhecido.

Por Tatiana Bruzzi

Publicado em Março de 2008

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