sexta-feira, 26 de março de 2010

Com a cabeça nas eleições

No mês do Hallowen, a festa dos mortos-vivos políticos!

E chegaram as eleições, novamente! Aquele período fabuloso onde você escuta, vê e comprova que o poder faz bem, obrigado, e que também faz milagres! Quer um exemplo? Candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro prometem obras, feitos e acordos que na maioria das vezes sequer diz respeito à jurisdição municipal. Um deles, de quem não vou citar nome para não fazer apologia ao crime, promete inclusive cuidar de toda a violência que assola ao Estado do Rio já que “ninguém faz nada”. E o que ainda me deixa cismada é saber que, se eles se lançam a disparates prometendo aumentos salariais (esta promessa é de praxe) é porque ainda há quem realmente acredite neles. E em Coelhinho da Páscoa também.

Política é uma arte, já que na antiga Grécia era preciso o dom da retórica (arte de falar e convencer) e também a habilidade para se apresentar em público, nas praças públicas expondo idéias. Agora eles pagam para que ouçamos suas promessas e ideais de grandeza. Quer coisa mais promíscua que candidato? Ele entra no PSTU, depois de alguns meses “o partido não cumpre mais seus ideais políticos” (eu queria muito saber o que um deles quis dizer com isto, porque até agora não entendi) e ele resolve se filiar no PDT, fica mais uns anos, se elege para qualquer cargo ou entra para algum governo em posição de confiança (ou seja, indicado), aí resolve que o partido não atende mais as necessidades da base(!) e muda pro PMDB, para descobrir “que o partido o atraiu, mas o traiu” e finalmente termina candidato novamente em um DEM qualquer. Simples, né? A seqüência acima não foi concretizada por nenhum candidato (eu acho), mas que eles são danadinhos e vivem trocando de fidelidade partidária, mais do que trocaram de namorada da infância, ahn, isso sim.

Pior do que o troca-troca, nestas eleições, são outros dois fatos. Um diz respeito àquela propagandazinha que afirma: “são quatro anos, é muito tempo...” e pede consciência na hora de votar. Se as pessoas tivessem consciência de fato, não iam sair de casa no dia 05. Este jingle arruína qualquer manhã de trabalho iniciada as cinco da matina, tamanha é a cretinice da proposta e tamanho é o mau-gosto da musiquinha. O Brasil precisava rever urgente sua política partidária e seu grau de comprometimento social, pois as pessoas querem ser políticos de carreira (com algumas raras exceções que primam pela seriedade e alto embasamento ideológico) como agora virou costume ouvir um monte de jovens dizer que “quer ser polícia”- e, sem medo de ser polêmica, acredito que eles afirmam isto já que a polícia militar infelizmente está com sua imagem atrelada a muitos maus funcionários que “ganham a vida” com suborno, propinas e perigosas ligações com a ilegalidade – ou seja, sinônimo de “se dar bem”. Aliás, a propósito, tem uma grande parcela que fez os dois, virou polícia E político. Álvaro Lins ta aí que não me deixa mentir, assim como tantos outros.

O outro ressalta o uso da imagem presidencial. Esta é curiosa... Recentemente li no jornal assim: “Lula critica quem usa sua imagem de maneira hipócrita”. E ele na década de 80, que odiava Sarney e outros com todas as suas forças e hoje toma café das cinco e têm até ministros ex-desafetos como amigos de infância pernambucana? Isso é o quê, amizade? Se não for hipocrisia, favor avisar ao Aurélio, ele não definiu bem a palavra. TODOS, eu escrevi TODOS os políticos querem tirar uma lasquinha do suposto fenômeno de popularidade Lula “10 anos em 8” ou Lula “Pré-sal, pós-sol, prá frente”, e incrível é ver que uma boa parte deles é adversário partidário.

Você não sabe onde quero chegar com esta prosa, não? Simples: O governo fez tantos acordos, entregou tantos ministérios em troca de votos e aprovações disto e daquilo que eu acredito que só a Heloísa Helena que não gosta mais do Lulinha “pré-fabricado”. Chata, boba e feia, ela.

Ahn, lógico. Acima eu disse “suposto fenômeno”. Deixa-me explicar... Tipo assim: alguém já te perguntou o que achas do governo Lula? Ou para um parente, ou vizinho? Pois é... Para mim também não. Deve ser porque eu, que sou jornalista não praticante, não leio jornal. Eles contam muita mentirinha... Mas, mesmo assim, a política continua sendo aquela festa que convidou “geral” (sic) para a noitada mas você continua votando e sentindo aquela sensação de ressaca e de que fez algo de ruim quando estava bêbado, do qual não se lembra e nem sabe se gostaria de lembrar.

Por Fernanda Barbosa

Publicado em Setembro de 2008

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