sexta-feira, 26 de março de 2010

Enxaqueca

Ame-a ou deixe-a

Desde que me entendo por gente (e isso nem tem tanto tempo assim...) eu me lembro de minha amiga, a keka. Enxaqueca. Virou íntima de tanto que me visita, sem avisar (até que ultimamente ela tem dado uns sinais de que vai aparecer), de ficar tantas horas por dia e tantos dias no mês comigo... Só não é mais íntima que a Dina, minha outra amigona querida, sem a qual, realmente, não vivo. Esta, nem de perto de mim sai mais! Somos unha e carne, eu e a Neosaldina.

Fui a diversos médicos, de diversas especialidades, atrás de um alivio para os ataques freqüentes de keka, e cada um dizia sempre o que eu já sabia desde o primeiro médico visitado, um oftalmologista há uns 12 anos atrás: que enxaqueca não tinha cura, só tratamento para diminuir as crises, que era de fundo neurológico, que havia medidas alimentares, posturais e sociais até para se evitar as crises, bláblábláblá. Então, depois do décimo médico consultado, que foi o sexto neurologista da questão, assumi meu lado “House” da vida: só queria saber do analgésico certo para as crises, até porque devo confessar uma coisa: a ciência, com suas dores e curas têm mais mistérios entre o consultório e a farmácia do que imagina nossa vã hipocondria.

Um dia fui fumante “social” (eu sempre adorava dizer isto!) e neste período as crises quase não aconteciam, o que, pasmem! É PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL, já que o fumo é um dos vilões quando a trama envolve enxaqueca e as crises – é uma espécie de estopim infalível para as dores. Nunca fui muito fã de refrigerantes, coisa de um estômago baleado e uma gordura indesejável, sempre dormi muito (o que vim, a saber, este ano, em mais uma consulta, que também é vilão no caso de crises, já que ou dormir de mais ou de menos fazem as crises ocorrerem), minha alimentação não era exatamente balanceada, mas nunca ingeri frituras e excesso de nada fermentado... Enfim! Como explicar tantas crises em horários diferentes e de modos diferentes, acometendo lados diferentes de uma cabeça e um cérebro que sempre usei muito de maneiras erradas? Como?

Aí, meu lado “House” respondeu, depois de várias receitas controladas, manipuladas, tratamentos medicamentosos, testadas e até aprovadas, a despeito de alguns efeitos colaterais como sonolência redobrada, certa tontura em alguns casos, e a famosa prisão de ventre: EU SOU É VICIADA EM ADRENALINA E CAFEÍNA! Viciada!! Tomei calmante em um dos tratamentos e confesso: foi talvez o que mais tempo me permite, até o momento, crises bem (mas bem mesmo) espaçadas de enxaquecas.

Entretanto, também observei durante este espaço, que a forma de encarar certas coisas, querendo me superar e impor a mim mesma, limites para superar (só não superei a preguiça incontrolável que me domina 24 horas do dia) desafios me fez concluir que esta adrenalina particular mantinha meu cérebro menos suscetível à dor, isto sem contar que sem café, nada sou. Mesmo!!! Se não tiver café, “não adianta vir com guaraná pra mim...”

E foi então que outra solução quase caseira (e suicida, confesso, meu estômago furado exige que eu diga) e muito mais baratinha de driblar as crises, me conquistou definitivamente: enfio pela goela seis singelos comprimidos-confete (ninguém nuca viu como ele parece o chocolatinho?) de Neosaldina, ou seus genéricos, se houverem (pois não sou garota-propaganda de nenhum laboratório, apenas uma hipocondríaca pão- com- ovo) e, em 30 a 40minutos (depende da intensidade da dor e da náusea que me acomete) ZUM! Cadê a dor?

Não, eu não recomendo meu tratamento ortodoxo, que horroriza até hoje parentes, amigos e médicos consultados. As aftas que me acometem depois e a tontura que se instala por breves minutos também não são as melhores contra-indicações existentes. A enxaqueca parece ser um mal do século estressante e pouco saudável em que vivemos, mas como eu disse acima, sou algo muito parecido com um daqueles personagens mutantes de “Heroes” (sou pão-com-ovo, mas jamais me compararia com um daqueles trash da tal novela “Caminho do coração”... Argh! Sou fashionista...), já que nem sempre tenho comportamento que justifique minhas crises, e vario os sintomas de minha enxaqueca. Mas como fã de boas séries, aprendi com o doutor Gregory House a respeitar meus limites de viciada e, ao menos, tentar conviver com minhas dores nem que seja de forma pouco ou nada aceita pela literatura médica: medicando a crise, e não atacando os sintomas, até porque em matéria de sintomas nem sei mais onde se encaixam os meus!

Ahn, e sim, sou uma hipocondríaca tipo b. Um tipo mais leve, que nem sempre sente dores que não existem ou adoece com freqüência, mas uma daquelas que sabe exatamente para que serve um Vicodin, um Loxonin, uma Flunarizina, um Marzidol...bula de remédio nos ensina tanto quanto um dicionário.

Se vocês são convencionais ou simplesmente sofrem de enxaqueca e desejam saber mais acertadamente sobre a doença, sugiro os seguintes links:

http://www.lincx.com.br/lincx/saude_a_z/prevencao/que_enxaqueca.asp

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?181

Abraços sem dor!

Por Fernanda Barbosa

Publicado em Abril de 2008

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