quarta-feira, 31 de março de 2010

Além do Muro


A mídia já fartamente noticiou as comemorações sobre a queda do muro mais famoso, depois das Muralhas Chinesas. Erguido graças à tensão política chamada de Guerra Fria, nos anos 60, o Muro de Berlim partiu a cidade em dois lados e também dividiu vidas, famílias, histórias e, por décadas, a mentalidade dos alemães.

A queda, tanto ideológica quanto material do muro, foi ovacionada por dias a fio e até hoje famílias inteiras estão tirando a diferença dos anos passados em separado. Entretanto, nossa missão hoje é falar não do passado triste e cinzento, que um dia foram duas Berlim. Viemos enaltecer o turismo na Berlim única e linda, com lugares sublimes, que fizeram mal em ficar tantos anos fora das principais rotas turísticas dos viajantes, do mundo inteiro.

Há quem diga que você ir a Berlim e não comer salsicha, beber aquela boa cerveja e discutir cultura, nas principais praças berlinenses, é o mesmo que vir ao Rio e não ir à praia, não ouvir o samba e não beber também a sagrada cervejinha, esta sim universal e globalizada.

Berlim é uma festa para os olhos. Prédios modernos e transparentes convivem harmoniosamente com fachadas antigas, imponentes e restauradas. Ruas limpas enfeitiçam o povo brasileiro, acostumado com tanta incivilidade em suas próprias cidades. São 180 museus, cerca de 500 igrejas, mais de 5.000 bares (com cerca de 6.800 marcas de cervejas alemãs), 135 teatros e três Óperas, além dos parques, monumentos e galerias espalhados pela cidade.

Vários lugares tornaram-se patrimônios históricos pela Unesco, tamanha a relevância histórica ou simplesmente sua beleza germânica. Um exemplo são os palácios e Parques de Potsdam e Berlim. Com 500 hectares de parques e 150 edifícios, construídos entre 1730 e 1916, o complexo de Potsdam formam um todo artísticos, cuja natureza eclética reforça seu senso de originalidade. Ele se estende até o distrito de Berlim-Zehlendorf, com os palácios e parques enfileirados nas margens do rio Havel e do lago Glienicke.

Outro patrimônio preservado que deve ser visitado é o Museumsinsel (Ilha dos Museus). Os cinco museus, construídos entre 1824 e 1930, são a consolidação de um povo apaixonado por conhecimento. Eu, particularmente, amo os pensadores, músicos e filósofos alemães, como Niezsche e Bertodl Brecht.



Cada museu foi planejado de forma a estabelecer uma conexão orgânica com a arte que ele abriga. A importância de suas coleções – que acompanham o desenvolvimento das civilizações através das épocas – é aumentada pela qualidade urbana e arquitetônica das construções.

Ainda no caminho dos museus, não deixe de ver o Pergamon Museum. Seu nome foi concebido em homenagem ao Altar de Pergamon (monumental templo grego de 180 a.c., presente no museu). O museu egípcio possui uma ampla coleção, inclusive a imagem de Nefertite, e conta a história do Egito. Vale lembrar que os alemães são profundos admiradores das culturas e mistérios de povos antigos.

Outro grande passeio que deve entrar em seu roteiro é a visita aos palácios preservados. Lá todos falam com os turistas, através de suas paredes e ornamentos, sobre séculos de opulência de antigos impérios.

- Schloss Sanssouci (Palácio de Sanssouci). Cheio de histórias, este palácio possui seis residências que pertenceram a reis. Por causa de seu enorme e agradável caminho, o passeio torna-se mais atrativo, e menos cansativo, se for feito de bicicleta ao invés de a pé.

- Schloss Charlottenburg (Palácio de Charlottenburg). Residência oficial dos governantes da Prússia, é grande e interessante. Aproveita-se melhor o passeio se a visita ao palácio for feita com tranquillidade.

A vida noturna em Berlim

Mudando o rumo cultural do turismo berlinense, no bairro de Prenzlauer Berg a vida noturna é parecida com a vida do pessoal do Leblon, sem parar. Lugar ideal para encontrar pubs badalados e interessantes. Agora, não é fácil conseguir um lugar para se sentar nos bares esfumaçados de Prenzlauer Berg. Mas é possível entrar em todos eles, tomar uma cerveja em pé e depois ir para um outro local.

Uma curiosidade em Berlim é que uma mesa ocupada nem sempre é uma mesa ocupada. Explica-se: na cidade, às vezes tão cheia de formalidades, é possível dividir uma mesa com pessoas que você jamais viu anteriormente. Se você entra em um bar e todas as mesas estão ocupadas, mas há cadeiras desocupadas em volta do local, não vacile, pegue seu copo de cerveja no balcão e sente-se onde houver lugar. Isso é comum na Alemanha. Dividir uma mesa de quatro lugares com pessoas desconhecidas não tira a privacidade de ninguém. No máximo, ninguém vai trocar palavras se não houver disposição.

Enfim, Berlim e a própria Alemanha são um passeio turístico imperdível por preservarem tão bem a história de seus povos. Não é um país receptivo como o nosso, devido a tantos conflitos mundiais, e tudo o mais pelo que já passou, pela desconfiança que às vezes ainda desperta em um ou outro cidadão ciente da existência (ainda) de nazistas, e até mesmo dos moradores com o chamado “orgulho germânico”. Mas, nós temos uma vantagem enquanto turistas. Eles amam as mulheres brasileiras e simpatizam bastante com os nativos da terra, que lhes deram jogadores geniais em times seus. Como Lúcio (ex- Bayern de Munique), Athirson (ex-Flamengo, atual Bayer Leverkusen), entre outros tantos que fazem a alegria da galera alemã.

É um passeio que agrada em cheio e faz esquecer o tanto de sofrimento causado pelo tal Muro...


Por Fernanda Barbosa

Publicado em Novembro/Dezembro de 2009 

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