segunda-feira, 29 de março de 2010

E venceu a esperança...

a diferença... e a crise norte-americana


E não é que o Barack Hussein Obama II, descendente de Suaílis, que teve criação na Indonésia, filho de uma antropóloga branca, que confessou ter usado maconha e cocaína no colegial, que tem o sobrenome do personagem mais odiado pela população americana desde o 11 de setembro, entremeado pelo segundo nome que o povo americano aprendeu a exorcizar...

E não é que ele ganhou mesmo a eleição mais disputada, mais badalada, mais cara e que monopoliza a maior parte das atenções do mundo quando acontece, que é a norte-americana? Ele e muita gente que aposta ainda na esperança, que não se intimida com preconceitos raciais... Mas será que venceu mesmo esta esperança?

Significa uma vitória tremenda para o país que teve a Klu-klux-khan e matou líderes negros como Martin “I had a dream” Luther King (que a estas alturas está com os olhos bem abertos pelo sonho de ter visto um negro discursando no Capitólio), sem contar os diversos negros da política, que nem de longe foram cotados para governos de Estado, que dirá Presidência.

Sem dúvida nenhuma o povo americano, que um dia foi segregacionista (um país que adotou a pena de morte nos estados que outrora foram os chamados estados do sul e que, não por acaso, eram escravistas) pôde agora mostrar a força de uma sociedade, atualmente mais miscigenada do que nunca, com diversos chicanos que juraram bandeira e contribuem como cidadãos americanos, e faz questão de votar no país do voto facultativo e está preocupado em ver se recuperar, do abalo financeiro, o gigante estadunidense.

Mas o Obama que venceu não foi exatamente o marido de dona Michelle, aquele que, de forma elegante e sóbria fez sua campanha presidencial, não. O Obama vencedor foi aquele que, no imaginário livre, poético e esperançoso popular, era parecido com Luther King. Aquele que convocou os cidadãos que queriam votar, contra qualquer ser que andasse e falasse diferente da cavalgadura Bush, a entrarem para a história.

Em um país que teve presidentes marcados por escândalos, guerras, atentados, viu presidentes serem assassinados, elegeu atores de Hollywood, acalentou o “paz e amor” de uma era de guerra fria... Não se esperava a eleição de um homem da cor dos perseguidos, castigados, injustiçados em solo estadunidense.

Atrocidades foram cometidas na terra de Sam, que de tio bondoso nada tem, e os negros foram os mais exterminados. O que se viu naquela quarta-feira, 4 de novembro, foi a eleição da cor verde, não negra. O verde - esperança de que a crise se supere com um negro, já que os brancos foram extremamente demagógicos o tempo que estiveram no poder e mentiram, forjaram provas, evidências. E olha que não me refiro apenas aos governos Bush pai e Bushinho, para falar no mínimo.

Mas, impressiona um dos países mais racistas e xenófobos do mundo se render ao gentil senhor advogado e apelar desesperadamente para que ele, da etnia de Tupac, que certamente viu alguns simplórios americanos, não arianos, serem assassinados em conflitos pouco esclarecidos pela polícia, tente resolver o caos de desemprego, instabilidade e insegurança em que os EUA, que nem de longe imaginou tamanha crise, mergulhou de cabeça e está tentando nadar de peixinho.

Vida longa à Obama, que não venceu apenas barreiras, venceu os desencontros de uma nação que teve formação libertária no distante século XVII, mas perdeu sua essência libertária ao longo desde tempo, e agora parece retomar o rumo de sua liberdade: de escolha, destino e critérios.

Por Fernanda Barbosa
 
Publicado em Novembro de 2008

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