quarta-feira, 31 de março de 2010

A onda que veio da França

Quem disse que francês não pega onda, não conhecia o kitesurf. O esporte que consiste num voo do atleta sobre a água, puxado por uma pipa, foi criado por dois franceses e está cada vez mais conquistando adeptos pelo mundo.

O kitesurf é um esporte relativamente novo e sem muito mistério. Uma mistura de surfe, windsurf e wakeboard, que virou opção para os praticantes desses esportes em dias onde as condições do tempo não estão favoráveis.


Seu equipamento é basicamente a pipa, feita do mesmo material utilizado na fabricação da asa-delta, e a prancha, que pode ser tanto uma especial para sua prática, como também a velha conhecida do surf.

Qualquer pessoa pode se tornar um kiteboarder (nome que se dá a quem pratica essa modalidade), sendo fundamental apenas estar acompanhado de um instrutor. O esporte é praticado no mar, em lagos e até represas. Com ventos fortes ou fracos, pois a aerodinâmica da prancha facilita o voo nas diversas condições de vento. Porém o ideal é seguir a mesma temática do windsurf, quanto mais vento, menor a área. E mais, por se tratar de uma atividade perigosa, na hora de velejar é importante manter a distância de pelo menos 100 m de banhistas e embarcações.

Em suas competições, cada bateria é composta de dois atletas que disputam, entre si, a classificação para a próxima fase. Aquele que avançar direto da 1ª fase, aguarda o campeão da repescagem para a decisão.

As manobras utilizadas no esporte são uma mistura das feitas no surf, wakeboard e windsurf. Quando adaptadas, criam novos conceitos e nomes. Mas, o princípio é o mesmo. Costuma-se apresentar três tipos de manobras: transição, de salto e as feitas na onda. E para cada uma dessas, existem termos e pontuações diferentes.

As de transição consistem nas mudanças de direção feitas pelo atleta. Com uma manobra desse tipo, o kiteboarder muda a direção que estava seguindo.

Já as de salto são feitas no ar, o que as tornam visivelmente mais bonitas. Para se ter ideia, já foram registrados saltos de até sete segundos. Não é a toa que dizem ser nesse tipo de manobra, que o kiteboarder voa literalmente.

Por fim, as manobras feitas na onda. Geralmente essas são adaptadas do surf e o grau de dificuldade costuma ser alto. Há um risco maior de queda, e nesse caso o atleta tende a se enrolar nas linhas da pipa.

O Brasil oferece uma grande vantagem aos atletas de kitesurf, graças aos seus 8.000 km de costa e ao clima, que permite a prática do esporte durante o ano todo. Os locais mais procurados por aqui são Nordeste e o litoral paulista, com destaque para o Ceará e Ilhabela. Já tivemos campeonatos em Porto de Galinhas, Porto das Dunas, Praia do Coqueiro e Barra da Tijuca.

Agora os principais picos mundiais são Coche Island (Venezuela), Fuerteventura (Ilhas Canárias), Tarifa (Espanha) e Bélgia (República Dominicana).

Em 2000 foi criado o Kiteboard Pro World Tour, primeiro Circuito Mundial de Kitesurf. O campeonato passou por países como Cabo Verde, República Dominicana, França e Rio de Janeiro. O francês Christopher Tasti e a neo-zelandesa Stephanie Gamble, se tornaram os primeiros campeões mundiais da modalidade. Tinha que ter um francês no meio!

Como surgiu o Kitesurf

O kitesurf moderno (que se pratica hoje) foi inventado pelos irmãos franceses Bruno e Dominique Legaignoix, que eram navegadores, surfistas e windsurfistas. Em 1984 eles desenvolveram uma pipa com câmaras de ar. Quando infladas, o ar não escaparia delas, permitindo que fossem erguidas novamente da água toda vez que caíssem, sem precisar da ajuda de ninguém.

A partir do momento que sua criação foi patenteada, eles começaram a participar de regatas internacionais de velocidade com esquis aquáticos.

O invento mesmo só foi desenvolvido entre os anos de 85 e 86. E a partir de 1993, as pipas começaram a ser comercializadas.

Algumas tentativas de combinar pipas com canoas, patins, patins de gelo, esquis, esquis aquáticos, entre outros, foram surgiram ainda na década de 80. Uma delas pelo suíço Andréas Kuhn, que levantava da água sobre uma prancha similar à de wakeboard, impulsionado por um equipamento de parapente. Ele foi o primeiro a saltar, a grandes alturas, com ventos fracos. O feito foi transmitido pela TV européia.

Uma curiosidade

Dizem que antes da invenção feita pelos irmãos Legaignoix, o kitesurf já existia. Há rumores que apontam a China como o lugar de origem das pipas, há mais de dois mil anos. Elas ajudavam a navegação de barcos e o transporte de materiais pesados de construção.

Por Tatiana Bruzzi
 
Publicado em Junho de 2009

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