segunda-feira, 29 de março de 2010

Rô entrevista Taty

1) Quando decidiu que seria jornalista?

R: Quando estava na oitava série, devido ao hábito de ler muito jornal e revista. Aliás, minha mãe conta que, quando eu ainda nem sabia ler, passava horas observando o jornal. Depois disso, por ordens médicas, ela passou a me dar revistinhas em quadrinhos. Foi aí que tudo começou.

2) Alguém te inspirou?

R: Não diria um profissional em especial, embora eu admire alguns, e sim as publicações que gostava de ler. Queria fazer aquilo. Também costumava assistir filmes em que retratavam profissionais dessa área. Vi O Jornal e me identifiquei muito com aquela rotina. Quer ouvir algo engraçado? Quando visitei a redação da extinta revista Manchete, o editor citou esse filme e teve as mesmas impressões e desejos que eu. Ele também se via na correria de uma redação, se embebedando de café e mastigando o copinho plástico.

3) E a família, incentivou ou teve alguém que foi contra?

R: No funda acho que ninguém gostou muito, já que nunca ouvi palavras de incentivo. Pelo contrário, quando dizia o que queria fazer, meu pai colocava mil defeitos e sempre mudava de conversa, tentando me convencer a fazer outra coisa. Quando me inscrevi para o vestibular, ele chegou a me oferecer uma academia se eu fizesse educação física. Montaria ela enquanto eu estudava. RS... Mas, em momento algum da minha vida eu tive dúvidas ou me arrependi. Jornalismo é minha vida!!!

4) Porque decidiu fazer jornalismo?

R: Porque amava escrever e acreditava que, nessa profissão, eu teria condições de aprender sobre diversos assuntos, vivenciar outras culturas e assim passar adiante, para aqueles que tivessem menos oportunidades que eu. Afinal, quando bem aproveitados, os veículos de comunicação podem ser ótimas fontes de conhecimento.

5) Como você via o curso no início (suas ilusões quanto à profissão) e como vê depois de formada?

R: Quando entrei, tudo era muito novo e diferente para mim. Me empolguei somente em ver a grade e saber que aprenderia coisas novas. No decorrer do curso, a gente encontra disciplinas bem legais em termos técnicos. E outras que acrescentam muito, em termos de conteúdo acadêmico. Agora, nada como colocar em prática o que se aprende na teoria. Nunca criei ilusões quanto a profissão, como sair de lá direto para o JN. E hoje acredito ter cometido uma única falha. Deveria ter procurado estágio fora mais cedo, o que não fiz por acreditar que o da faculdade teria certo peso. Tornei-me uma boa profissional, isso de acordo com colegas e professores, mas no mercado minha experiência não tem muita credibilidade.

6) Você é pós graduada em jornalismo cultural, porque decidiu seguir esse rumo?

R: Porque sempre me identifiquei com a arte, de um modo geral. Amo cinema, teatro, música, TV, fotografia, exposições... Meu sonho sempre foi trabalhar com isso, ser crítica de cinema, cobrir exposições de arte, festivais de música... Ou seja, escrever sobre esse meio.

7) Existe algum lugar em que seria seu sonho trabalhar, seja empresa e/ou país. Qual?

R: Se eu pudesse viver somente do Espetaculosas, viveria muito feliz... Qualquer lugar em que eu pudesse produzir, de forma que sentisse prazer e retorno de satisfação, ao ver meu trabalho reconhecido (o que difere de retorno financeiro). Se fosse ditar um veículo eu diria a revista Carícia, que serviu de inspiração para mim. Mas, ela já não existe mais. RS... Como eu amo escrever, e me identifico muito com o perfil de revista, citaria publicações com o mesmo seguimento como Capricho, Marie Claire, Cláudia, Elle, Cosmopolitan... Gêneros feminino e/ou adolescente. Agora, já passei por quatro seleções na TV Globo (Projac) e confesso que, se fosse para escolher televisão, gostaria de ir para lá. Por se tratar de uma grande empresa da área de comunicação e entretenimento, que me parece valorizar seus profissionais e, principalmente, público alvo.

8) E onde você não iria nem por 1 milhão de euros?

R: Para um lugar que não me deixassem exercer a profissão de forma ética, que fosse contra meus princípios. Onde eu percebesse que não estava produzindo e muito menos, crescendo profissionalmente.

9) Sendo especialista em jornalismo cultural, como você vê o mercado de trabalho nessa área?

R: Não acho o mercado ruim, em termos de espaço, veículo. O problema é a banalização da profissão. São pessoas que entram sem terem formação, paixão, dom. Você é ex-reality show, vira repórter. É modelo, vira apresentador... E por aí vai. Se esquecem que a pessoa para ser jornalista precisa gostar de ler, escrever bem, se atualizar, estudar leis, éticas, técnicas... Ganha pouco, trabalha muito, não tem sábado, domingo, feriado... E ainda corre riscos. Uma vez me disseram que nesse meio não havia problema, pois se trata de entretenimento. Calma que não é por aí! Eu estudei história da arte, Crítica literária, Cultura Brasileira, Cinema, Fotografia... Conheço tantos amigos que dariam ótimos profissionais nas áreas de TV, fotografia, web... Só lhes faltam oportunidades. Já pensou o que seria do paciente se um dia alguém acordasse com vontade de ser médico? Isso não acontece com carreiras desse tipo, da mesma forma que acontece com o jornalismo. Basta! E não falo só por mim, mas toda uma classe. Artistas defenderam sua arte, derrubaram a ditadura. Larry Flint foi aos tribunais lutar pela liberdade, derrubou uma sociedade falsa puritana. Estudantes foram às ruas de cara pintada, expulsaram um presidente. Eleitores votaram, elegeram o primeiro presidente negro da maior potência mundial. Isso não precisa ser apenas fatos para serem contados nos livros de história.

10) As mídias têm valorizado a cultura brasileira?

R: Não tanto quanto deveriam. Quando se pensa em cultura brasileira, logo nos revertemos para o carnaval. O problema é o Brasil ser bem mais que isso, e nem todos tem acesso ao que ocorre pelo país. Além do carnaval, há Festa de São João, Festa da Uva, Festival de Parintins... Ano passado descobri, por um acaso, que existe uma cidade no interior de São Paulo onde o lobisomem, personagem de histórias de terror, é seu anfitrião. Ou seja, a cidade sobrevive graças ao turista que vai lá conhecer de perto a capital do lobisomem, ouvir as histórias, comprar lembrancinhas... É quase o Mickey brasileiro. Isso é cultura, e aqui no Brasil. Mas, você ficou sabendo? Se leu o Espetaculosas, sim. RS...

11) Você acha que alguma coisa poderia ser melhorado, o que?

R: Muitas coisas!!! No mundo, a intolerância. No Brasil, saúde, educação, sistema penal... Em mim, gostaria de ser mais corajosa e menos depressiva.

12) Além do Espetaculosas, você escreve pra mais algum veículo? Qual?

R: Sim. Atualmente assino a coluna OlharTV no site WWW.natelinha.uol.com.br , onde faço críticas sobre programas e/ ou assuntos relacionados a TV (aberta e fechada).

Publicado em Fevereiro de 2009

0 comentários:

 

©2009Espetaculosas | by TNB