quarta-feira, 31 de março de 2010

Repertório de uma geração...

 que de inútil não tinha nada

Eles podiam não saber escolher presidente, responder por si próprio e muito menos escovar os dentes, mas se tem algo que a geração de artistas dos anos 80 sabia, era fazer música. A década de 80 foi responsável por uma verdadeira revolução no mundo da música pop-rock-metal-punk-new wave. Isso mesmo, nunca se viu tantos gêneros reunidos de uma só vez. E, no meio de toda essa miscelânea, quem saía ganhando eram os jovens.

Os ingredientes responsáveis pela diversidade de estilos presente na década de 80 foram a herança do punk e a ascensão comercial da canção pop. No rock, a fase pós-punk trouxe ainda a modernidade da new wave, um dançante rock eletrônico, e as novas variações do heavy metal, que iam do melódico aos rápidos riffs de guitarras do trash metal.




 
Já no estilo pop, a versão mais adocicada e suave do rock, Michael Jackson e Madonna reinaram por absoluto. Seus sucessos trouxeram à tona a influência da black music, da nascente cultura hip hop, ecos da disco music (anos 70) e também uma pitada de rock. Nesse mesmo campo, ainda, tivemos o surgimento de nomes como Cindy Lauper, Prince, George Michael e A-HA.

A aproximação entre o pop e o rock ficou evidente em vários estilos de sucesso nos anos 80. Bandas como Talking Heads, B-52’s, Blondie, The Police e Devo misturaram elementos presentes no punk, com influências de estilos mais sofisticados e dançantes. Entre eles o reggae, a disco music e a música eletrônica.

Além da new wave, as influências da música eletrônica alcançaram grupos que fizeram um rock bem mais dançante, como as canções românticas interpretadas por Duran Duran e Culture Club, ou o pop-rock eletrônico de Soft Cell, Depeche Mode e New Order.



Mesmo os gêneros mais radicais, como o hard rock e o heavy metal, tiveram uma fase pop nos anos 80. Com um som bem mais meloso que o de costume, Bon Jovi, Van Halen e Poison emplacaram uma mistura de rocks e baladas sentimentais, com um visual “glam rock” (ou glitter rock) dos anos 70. Por outro lado, distantes da influência pop, bandas como Kiss (surgida em 73), Anthrax e Metallica radicalizaram com uma sonoridade cada vez mais acelerada e pesada.

No Brasil é chegada a hora de colocar a boca no microfone

A década de 80 foi muito importante para a música jovem brasileira. Sua renovação ocupou o espaço deixado pelos gêneros Tropicália e MPB, e o pop-rock passou a expressar, através de suas canções, sentimentos referentes a nossa juventude.

Graças a redemocratização, que proporcionou liberdade de expressão e renovação cultural, novas bandas vindas de grandes cidades como São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre e Salvador, ajudaram a enriquecer o mercado fonográfico nacional.

Nascia ali nomes como Legião Urbana, Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Capital Inicial, Biquine Cavadão, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens (mais tarde apenas Kid Abelha), Blitz. Lobão e os Ronaldos, Nenhum de Nós, João Penca e seus Miquinhos Amestrados e Ira!, entre muitos. E que revelaram novos e talentosos compositores brasileiro como Cazuza, Renato Russo, Arnaldo Antunes e Leoni.

Eu sou Free

Além das bandas já citadas, onde a maioria permanece no mercado até hoje, outras personalidades da música tiveram mais do que seus 15 minutos de fama. Nomes como Metrô, Dr. Silvana e CIA, Kid Vinil, Sempre Livre e Rádio Táxi, caíram no gosto do público por conta de sua irreverência, e embalaram muitas festinhas.



 
Entre as mais escrachadas, destaque para o Ultraje a Rigor. A banda, comandada por Roger, surpreendeu ao intitular sua geração como INÚTIL e revelar que, o que os jovens da época mais queriam na vida era SEXO. Hoje, apesar de nem sempre estar em evidência, de vez em quando reaparece na mídia ou nas chamadas Festa Ploc – eventos em homenagem aos anos 80 que reúne, em um único show, vários artistas da época.

Geração Coca-Cola

Éramos tão jovens e por isso, consequentemente, livres. E assim se fez o sucesso da música “oitentista”, que sobreviveu graças a nostalgia dos adultos, que curtiram aquela época, e ainda da curiosidade dos jovens que não a vivenciaram.

Porém, o principal mérito daquelas canções, comprovada pelas regravações de músicas e redescoberta de artistas dos anos 80, é que tanto o pop-rock nacional, como o internacional, produziram um repertório de canções que continuaram a se identificar com o sentimento das gerações que vieram a seguir.

Por Tatiana Bruzzi
 
Publicado em Abril de 2009

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