A primeira vez a gente nunca esquece, no analista
Um amigo vivia me perturbando para eu ir ao analista. Sabe como é, todo mundo tem dissabores na vida e é sempre válido botar para fora, colocar as ideias no lugar, aprender a lidar com sonhos, desejos, frustrações e blábláblá.
De tanto ele me aconselhar, confessar que fez durante um tempo e o quanto foi bom para ele, me convenceu. Decidi pagar para ver.
Entrei em contato com um primo que é psicólogo – calma, é claro que parente não pode cuidar de parente – e ele me indicou uma doutora amiga dele. Nem precisei marcar consulta, ela já me esperava no lugar e hora marcada.
Fui até o local e não demorou muito para ser chamada. A primeira impressão foi boa. Consultório aconchegante, ela era nova como eu. Me senti a vontade.
Assim que sentei – infelizmente não foi desta vez que experimentei o divã – ela perguntou: “E aí Josie, qual o seu problema?”
Para quê? Desembestei a falar feito uma louca. Falava, falava, falava e a doutora lá, olhando seriamente para mim. Hora balançava a cabeça, hora colocava a mão no queixo.
Parei de falar e ela nem se mexeu. Falei mais um pouco, ela nada. Aquilo já estava me deixando nervosa, quando ela me fez uma pergunta relacionada ao meu problema.
Isso me deu gás para contar um pouco mais sobre a minha vida. Aí eu comecei a chorar. Chorei, falei, chorei mais um pouco, falei ainda mais. Se a cena não fosse drástica, seria cômica.
Para piorar a situação, me dei conta de algo estranho e um tanto engraçado. Tive a nítida impressão de que a psicóloga estava com os olhos cheios de água. Meu nervosismo só fez aumetar. Será que meu caso era tão sério assim?
De repente ela disse que o tempo havia acabado. Ufa, graças à Deus! Afinal, eu já não tinha mais o que falar, e nem chorar. Minha reação logo em seguida foi perguntar: “ É agora, o que eu devo fazer”?
Quando já estava preparada “psicologicamete” para entrar no tarja preta, a analista soltou essa: “Volta semana que vêm. Pode ser no mesmo horário”?
Bjs,
Josie!