A difícil arte da escolha


Você sabe quanto custa um CD? Depende! Mas um CD original, comprado na loja é sempre muito mais caro do que um CD pirata, desses vendidos no mercado informal. Esse texto não tem nada a ver com certo e errado e sim com preço. A autenticidade tem seu preço, e quase sempre é muito caro.

Sempre me considerei uma pessoa autêntica, que busca acima de tudo ser verdadeira e tentar ao máximo encaixar minhas opiniões e conceitos no meu dia a dia e no meu convívio em sociedade. Isso desde sempre. Ma confesso, não é fácil. O mundo, a mídia, as pessoas em torno tentam fazer de você um padrão.

Acho que tudo começa na escola: se você não aprende a raiz quadrada é burro! Mas e o meu talento para artes ou música? Esquece! Parecemos robozinhos em série, se você não acompanha, não serve. E assim segue pela vida adentro.

Na adolescência (Ô fase difícil...) se você não se enquadra em algum grupo, te excluem...Daí vem o bullying, os preconceitos, a intolerância, que muitas vezes te seguirão pela fase adulta. Essa, sem dúvida a mais cruel de todas...Tá namorando? Já casou? Ih, ta encalhada... Como assim não vai ter filhos? Gay? Ai meu Deus!

Acredito que para as mulheres ocidentais isso ainda seja mais cruel. Temos que ser profissionais, mães, magras, lindas e bem dispostas. Há alguns meses atrás, resolvi sair de um emprego estável para ser mãe. É, isso mesmo! Poder acompanhar o crescimento da minha filha de perto, ser um pouco mais de dona de casa, coisa que nunca fui por completo. Vocês não podem imaginar o bombardeio de críticas e opiniões que escutei.

Cobrança e mais cobrança. E a pessoa, fica no meio das escolhas que ela queria fazer e das escolhas que caberiam melhor para cada situação. E só lá no final é que, às vezes, pode-se perceber que não era bem aquilo que se queria. Então, ficou tarde demais. Não queria que isso acontecesse comigo. Na verdade, acho que ninguém quer.

Por outro lado, se você faz escolhas de acordo somente com a sua opinião e seu bem estar é taxado de egoísta, antissocial, antipático. E confesso, não dá pra ser feliz sendo criticado o tempo todo.

O que nós precisamos é escolher certo, escolhas que nos façam bem e que também nos permitam “transitar” por esse mundo louco, sem causar maiores danos; a nós e aos outros.

E não venha me dizer que você não teve escolha. Sempre temos uma escolha. Pode não ser a ideal, mas ela existe. Precisamos ser autênticos e fiéis aos nossos sentimentos e ideais. Pesar os prós e os contras e seguir adiante. E lembrar que o mais importante nessa vida é ser feliz.

Por Luciana Leira

Publicado em Maio de 2012   

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Herança dolorosa


A incapacidade, ou seja, a falta de condição de realizar tarefas ou aptidões causa um enorme sofrimento e, por conseguinte, baixa autoestima. Mais grave ainda, se a perda de habilidade ou função ocorrer devido a alguma doença. Isso é o que acontece a pacientes que sofrem da síndrome Machado-Joseph. 

A síndrome de Machado-Joseph é uma doença crônica, hereditária e dominante que afeta estruturas neurológicas responsáveis principalmente pela coordenação dos movimentos e equilíbrio. Entre essas manifestações, poderá haver dificuldade para caminhar e pegar objetos, além de sintomas como alterações na fala, dificuldade para engolir, visão dupla e parkinsonismo, isto é, perda dos movimentos espontâneos do rosto, que se tornam mais lentos.

Também conhecida como ataxia espinocerebelar do tipo 3 (ou SCA 3), a manifestação ocorre devido a uma expansão do trionucleotídeo, presente no cérebro, que afeta a produção de uma proteína chamada ataxina 3. Esse mecanismo provoca um processo degenerativo no sistema nervoso. A doença pode atrofiar cerebelo, tronco cerebral, medula, nervos periféricos e núcleo da base cerebral
O nome clássico da doença foi dado em homenagem às famílias açorianas Machado e Joseph, primeiras a manifestarem os sintomas. Entretanto, existem relatos de que a doença surgiu na Ásia há sete mil anos e depois se espalhou para Europa e outras regiões. No Brasil, chegou com a colonização portuguesa e corresponde a 80% dos casos no Rio Grande do Sul, e em São Paulo entre 40% e 50%. A incidência é de 0,3 a 2 pessoas acometidas a cada 100 mil habitantes no mundo, segundo especialistas.




O gene responsável pela doença foi descoberto em 1994, e atinge pelo menos três gerações de uma mesma família. As chances de ser transmitida do pai para o filho são de 50%. Geralmente, a doença se manifesta na idade adulta, entre 35 e 50 anos, podendo surgir mais tarde ou mais cedo conforme a gravidade.

Felizmente, a Machado-Joseph (DMJ) não causa danos mentais aos pacientes. Mas, ainda que se mantenham lúcidos, inteligentes e com a memória normal, muitos sofrerão de depressão e de isolamento social. A dificuldade de comunicação, por exemplo, devido a distúrbios da fala, leva a esse comportamento. Porém, os sintomas podem ser aliviados com acompanhamento de neurologistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, além do apoio familiar e de amigos.

Embora ainda não exista um tratamento que interrompa o curso ou prevenção da doença, entre as pessoas ainda sem sintomas, há uma equipe da área de genética do Hospital de Clinicas de Porto Alegre empenhada no assunto. O grupo estuda há 15 anos a doença e testa em voluntários o uso do Lítio, como um neuroprotetor. Segundo a chefe da equipe, Dra. Laura, o objetivo do experimento é impedir o dano neurológico, e o resultado da pesquisa poderá ser revelado no próximo ano.

Por Maria Oliveira

Publicado em Maio de 2012

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