A mulher e seu dia


O movimento feminista da década de 1960 recuperou a data comemorativa do Dia Internacional da Mulher, que foi adotado pelas Nações Unidas para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Entretanto, no Brasil,  a celebração está sendo usada como instrumento de propaganda política, visando justificar gastos do Governo com programas sociais que possam aumentar o consumo das famílias, em detrimento das reivindicações da mulher. 

“A mulher é a principal mola de propulsão para vencer a miséria. Sabe por quê? Porque ela é o centro da família. Porque quando uma mulher se ergue, nunca se ergue sozinha, ela levanta junto seu companheiro, ela levanta junto seus filhos, ela fortalece toda a família. Vem daí a importância que damos à mulher nos nossos programas sociais. 93% dos cartões do Bolsa Família estão, por exemplo, em nome de mulheres”.- discursou, em cadeia nacional, a presidente Dilma Rousseff, em  de março de 2012.




Até o término deste texto, não sei dizer se a presidente repetirá o pronunciamento do ano passado, neste 8 de março de 2013. Aposto que sim, mas com outras palavras. Aliás, a adulação nesta data é geral: do porteiro ao mais graduado, a mulher recebe sorrisos,  florzinha e até presentinhos do chefe. Não faltam também e-mails com lindas mensagens de autoestima enviados por amigos e, principalmente, pelas próprias homenageadas.


Por conta disso, o objetivo original se perdeu e a data tornou-se mais uma no calendário  como o dia das mães, das crianças, dos pais, dos namorados, e por aí vai... O carinho a gente agradece e retribui, mas queremos concretizadas as promessas.

As conquistas na área legal estão indo. A Lei Maria da Penha, de agosto de 2006, representa uma vitória na luta da mulher contra a violência doméstica porque garante a prevenção, a proteção da vítima e punição ao agressor. Mas, segundo a advogada Silvia Pimentel, do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), é preciso que seja aplicada de forma mais consistente em todo o país.

Além disso, a mulherada está estudando cada vez mais. Desse modo, buscam crescer profissionalmente visando melhores rendimentos, mas adiam o casamento e a maternidade. Segundo dados do IBGE, o nível de educação está associado ao grau e à intensidade de exposição da mulher aos processos sociais em que estão inseridas, ou sejam: urbanização, modernização da sociedade em seus aspectos culturais, econômicos e sociais; difusão dos meios anticonceptivos; oscilações da renda familiar e mudanças dos padrões de consumo. 


Ainda com base na pesquisa do IBGE, de cada 100 brasileiros com 12 anos ou mais de estudo, 56,7 são mulheres e 43,3, são homens. Entretanto, a notícia desanimadora, segundo a Síntese de Indicadores Sociais, é que as mulheres têm mais escolaridade, mas ganham menos em todas as posições na mesma ocupação.

Contudo, a mulher está trabalhando em diversos setores da sociedade, antes exclusivos do homem como na área de segurança pública e Forças Armadas. E, sem perder a intuição e a sensibilidade tão peculiares ao gênero, ela vai conquistando um lugar de destaque no cenário político e econômico do país.


Por Maria Oliveira

Publicado em março de 2013

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