A mulher e a menopausa
A partir de 40 anos, fase em que a mulher geralmente se sente afetivamente realizada, com filhos criados e no auge da profissão, infelizmente (ou não) ocorre a transição do ciclo reprodutivo ou fértil para o não reprodutivo. Tal processo chama-se climatério e se estende até a menopausa, por volta dos 51 anos. Durante esse período, é comum o aparecimento de crises de mau humor, insônia, ondas de calor, depressão e outras alterações que afetam a química cerebral.
A menopausa é a última menstruação da mulher, decorrente da falência ovariana. “Meno” significa menstruação e “pausa” se refere à sua parada. Parada de quê? Daquele período desagradável em que a mulher sangra, às vezes durante uma semana inteira. Por isso, há quem fique torcendo para entrar nessa fase e livrar-se dos absorventes e das desagradáveis cólicas. Entretanto, é bom lembrar que, na ausência do ciclo menstrual, os hormônios sexuais femininos diminuem e podem afetar vários locais do organismo.
Após a menopausa, todo o sistema hormonal da mulher se altera. Os níveis dos hormônios, a forma como são produzidos e suas funções se modificam. As alterações clinicamente mais significativas envolvem o estrogênio, a progesterona, os androgênios e as gonadotrofinas.
O estrogênio é o hormônio produzido pelo folículo ovariano em maturação e liberado na primeira fase do ciclo menstrual. Além de ser responsável pela textura da pele feminina, o hormônio está relacionado ao equilíbrio entre as gorduras no sangue. O sintoma mais característico e evidente da deficiência de estrogênio após a menopausa é a amenorreia prolongada.
Em resposta à queda dos níveis de estrogênio, o fogacho é o distúrbio mais comum associado à menopausa. São alterações vasomotoras que se caracterizam por períodos transitórios e recorrentes de rubor na face, sudorese e uma sensação de calor, frequentemente acompanhados por palpitações, sensações de ansiedade e, algumas vezes, seguidos por calafrios.
Segundo a Sociedade Americana de Menopausa, os sintomas vasomotores moderados a intensos constituem-se em indicação primária de Tratamento com Reposição Hormonal (TRH). No caso de contra-indicação à reposição estrogênica, diversas terapias alternativas podem ser utilizadas, sendo a mais eficaz o uso de progestágenos.
Entretanto, produtos naturais, como fitoestrógenos derivados da soja e de outras plantas, vitamina E, black cohosh, licorice, ginseng e dong quai são indicados, mas falharam em mostrar efeito em grandes estudos controlados e analisados. No entanto, por serem drogas inócuas e sem efeitos colaterais, muitos ginecologistas as prescrevem.
A maioria dos autores considera contra-indicações da TRH: antecedentes de câncer de mama, antecedentes de câncer de endométrio, tumores hormônio-dependentes, tromboembolismo venoso recente, tromboflebite aguda, trombofilias, sangramento vaginal de origem indeterminada, doenças hepáticas, infarto agudo do miocárdio.
Outros sinais, já perceptíveis na pré-menopausa, são a diminuição da libido e a alteração do humor. A atrofia vaginal é um fator importante que, associado à diminuição da libido e ausência de lubrificação adequada do canal vaginal, torna o ato sexual uma experiência dolorosa. Os sintomas vaginais incluem ressecamento, dispareunia e infecções vaginais e urinárias recorrentes.
Segundo o Urologista Luiz Carlos Gonçalves de Oliveira, a reposição de estrogênio melhora os sintomas urinários em mulheres menopausadas. Entretanto, recomenda que seja administrado o estrogênio por via local uma vez que menores doses podem atingir o mesmo efeito, sem provocar alterações em outros órgãos e efeitos colaterais sistêmicos. Por outro lado, lembra que a utilização da via tópica não atinge concentrações sistêmicas capazes de tratar fogachos e prevenir a perda da massa óssea, além de não poder ser administrado a pacientes com câncer de mama.
A deficiência de estrogênio também acelera a perda óssea após a menopausa. Na maioria dos casos, acontece de forma assintomática. Quando os sinais e sintomas da osteoporose surgem, se relacionam à ocorrência de fraturas. A dor óssea é consequencia tanto das fraturas quanto da deformidade óssea (cifose dorsal). O diagnóstico da osteoporose é firmado pela densitometria óssea.
Para as mulheres com osteopenia recomendam-se mudanças no estilo de vida, exercícios, dieta, suplemento de cálcio e vitamina D. E de acordo com especialistas, a terapia medicamentosa é administrada somente para pacientes com pelos menos um fator de risco ou deterioração progressiva da massa óssea.
Desse modo, resta saber como fica a cabeça da mulher após a menopausa. Segundo pesquisas recentes, a deficiência de estrogênio pode ter efeitos deletérios sobre o Sistema Nervoso Central. Portanto, as mulheres nessa fase apresentam dificuldade de concentração, diminuição da cognição e perda de memória recente.
Nesse caso, são recomendáveis atividades que mexam com a memória como palavras cruzadas, carteado, leitura de bons livros, convivência saudável com familiares, lazer, caminhadas e tudo que dê prazer ao corpo e à mente. Afinal, a mulher merece envelhecer com dignidade.
Fonte de pesquisa: MedGrupo. Estudo Dirigido. Ano 2007.
Por Maria Oliveira
Publicada em outubro de 2011