Mulheres no Poder
Depois da Princesa Isabel, o Brasil esperou mais de um século para ser governado por outra mulher. A Regente enfrentou oposicionistas ferrenhos e, mesmo assim, aboliu a escravidão. Um ato de coragem para um tempo em que homens não admitiam ser chefiados por mulheres.
Hoje o Brasil tem uma mulher no poder, Dilma Rousseff. Entre as prioridades de seu governo estão a erradicação da miséria e a afirmação dos direitos da mulher em todo o território nacional.
Em 1985 foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), vinculado ao Ministério da Justiça, para promover políticas que visassem eliminar a discriminação contra a mulher e assegurar sua participação nas atividades políticas, econômicas e culturais do país.
Em 2003, o CNDM passou a integrar a estrutura da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República, composto por representantes da sociedade civil e do governo. A medida fez ampliar o processo de controle social sobre as políticas públicas para as mulheres.
Uma das promessas deste governo é promover a igualdade de gêneros. Sendo assim, acabar com a discrepância de salários entre homens e mulheres, que exercem a mesma função, seria um passo para o cumprimento deste acordo.
Se as mulheres constituem 42,7% da População Economicamente Ativa, sendo que 43,7% estão em área urbana e 37,8% no meio rural (PNAD/IBGE 2003), então nada mais justo do que mudar a cultura arcaica, patriarcal e machista. Esta nada combina com a atual política pragmática, voltada para a economia aberta do mundo inteiro.
Segundo a ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes, é preciso acabar com a pobreza entre as mulheres, dando condições para que elas possam trabalhar, sem se preocupar com os cuidados destinados aos filhos. Para tal, admitiu que o governo precisa oferecer mais creches para que as mães possam constituir sua autonomia econômica e garantir o sustento da família.
Parece que as mulheres no poder estão atentas à realidade das famílias brasileiras e trilham o caminho certo. Entretanto, há de se cuidar para que escolas regulares não se transformem em creches. Foi o que aconteceu com a Escola Municipal Tristão de Athayde, na Barra da Tijuca.
Considerada uma das melhores escolas públicas do bairro, cuja vaga de ingresso era disputada até pela classe média local, a E.M. Tristão de Athayde foi transformada em creche pelo governo municipal. Justificaram a medida alegando um aumento considerável de mães que trabalham na Barra, mas moram longe. Portanto, precisam de um lugar seguro para deixar seus filhos.
Um lugar seguro, de graça e com excelentes profissionais - alguns até com Pós-Graduação-, e mais um detalhe: ganham tão pouco, que não oneram a Prefeitura. A lógica do governo deve ser tirar de uns para atender a outros. Logo, não construíram mais creches, nem aumentaram o salário de professoras que assumiram a função de educadoras, mães e babás (três em um).
Pensando nisso, seria pertinente se o governo da primeira presidente do Brasil mudasse as relações de gênero, como construções sociais e históricas, a partir da Educação. Se os cientistas políticos afirmam que o Brasil só conseguirá manter a estabilidade econômica se investir pesado em Educação, por que não começar pelos profissionais desta área? A Coréia do Sul está aí para servir de exemplo, nesse sentido.
Por Maria Oliveira
Publicado em Fevereiro de 2011