A mulher que se cuide

O dia Internacional da Mulher foi comemorado no dia 8 de março com merecidas homenagens de vários segmentos da sociedade. Desde discursos aclamados por políticos, que se aproveitaram da ocasião para enaltecer as virtudes de candidatas ao Governo, até o lirismo exacerbado do poeta, a mulher foi o centro das atenções nesse dia. Pela importância do papel social que ela exerce, esse respeito tem crescido a cada ano, e isso é muito positivo. Mesmo assim, vale lembrar que comemorações não bastam, para que o reconhecimento seja completo. Mais do que ser paparicada e bonita, a mulher precisa se cuidar. Assim, investir na saúde significa ter responsabilidade para suportar a carga que a vida moderna lhe impõe.

Segundo o Portal Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde, no Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à gravidez e ao parto. Nessa época, o papel social que lhe cabia era o de ser doméstica, responsável pela criação e pela educação dos filhos. Com o advento dos movimentos feministas, foi criado o Programa de Humanização e Qualidade de atenção à saúde da mulher, que veio reconhecer as reivindicações e direitos do autocuidado da mulher. Questões consideradas restritas às relações privadas, passaram a ter mais atenção como controle da natalidade e doenças sexualmente transmissíveis (DST), entre as mais comuns, HPV, sífilis, hepatite C e HIV.



Para atender ao programa, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve estar orientado e capacitado para dar atenção integral à mulher numa perspectiva que contemple a promoção integral de sua saúde. Teoricamente esta é a ideia, mas na prática não é bem assim que funciona. Não há medicina preventiva no atual sistema. A mulher que deseja se cuidar, para evitar doenças crônicas, tem que buscar um serviço particular. A democratização da saúde no Brasil está muito longe de se concretizar. Os planos de saúde monopolizaram o sistema e obrigaram a população a comprar um pacote de serviços. Estamos precisando de um Obama para resolver essa situação caótica, pois, no momento, nosso presidente só tem o pensamento voltado para uma mulher: Dilma. As outras e o povo todo... que se danem.


A despeito da negligência do governo na área de saúde, cabe aqui um aviso de utilidade pública


A segunda etapa da estratégia nacional de vacinação contra gripe pandêmica, que começou no dia 22/03 e iria até o dia 2 de abril, foi prorrogada até o dia 23/04. Gestantes, crianças de seis meses a dois anos e doentes crônicos (exceto idosos) receberão as doses da vacina, assim como jovens de 20 a 29 anos. A meta é imunizar pelo menos 80% dessas pessoas. Os estados, em parceria com os municípios, são responsáveis por divulgar os locais e horários de vacinação. Todas as grávidas, independentemente do período de gestação, devem se vacinar. As mulheres que engravidarem após o fim dessa etapa poderão se imunizar nas fases seguintes. Na vacinação das crianças, pais e responsáveis devem levar aos locais de imunização apenas os bebês que já completaram seis meses de idade e os menores de dois anos. É muito importante que os pais ou responsáveis levem o cartão de vacinação da criança.

Por Maria Oliveira
 
Publicado em Abril de 2010

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Neossexual

Você sabe o que é isso?


Considerada a mais diversificada da história do Big Brother Brasil, a décima edição do programa deu muito que falar graças ao seu elenco. Em um mesmo grupo, encontrávamos homossexuais, heterossexuais e o antigo machão, representado por Marcelo Dourado.

Curiosamente, apesar de às vezes ser apontado como um “ogro”, o candidato em questão foi dono da maior popularidade. Tais diferenças acabaram servindo de trampolim para a discussão de uma nova tendência, a do neossexual. Mas o que seria isso?

Não faz muito tempo que entramos na era do metrossexual, muito bem representada pelo jogador de futebol David Beckham. Esse tipo nada mais é do que o homem com uma vaidade ao extremo. Do tipo que curte depilação, tratamento de pele, faz cabelo, barba, bigode, unhas e pés. Além de cultuar o corpo.

Tanta vaidade acabou fazendo com que questões sobre a real preferência sexual desses adeptos, fossem colocadas em cheque. Não é a toa que muitas mulheres passaram a perder seus interesses nesse tipo de homem e voltar a admirar o peludo, barbudo e às vezes, até barrigudo.

Agora, com a figura do machão fortalecida graças ao reality global, nos preparamos para a era neossexual. Que seria representada por um “ogro domesticado”. Alguém com cara e trejeitos de homem. Forte, decidido e viril, mas sem deixar de lado o cavalheirismo.


O Homem da Mulher Moderna


Através de uma pesquisa realizada, a pedido da Unilever, pelo Instituto Datosclaros, o homem neossexual é aquele cuja principal característica está relacionada em resgatar antigos valores da masculinidade, sem perder a sensibilidade. Ele se encontra na categoria entre a delicadeza do metrossexual e o charme bruto do retrossexual.

Ou seja, esse novo homem é capaz de chorar assistindo Marley & Eu, em compensação você não vai ter que esperá-lo se arrumar, por mais de dez minutos, para chegar à sessão na hora marcada.

A pesquisa também afirma que as mulheres de hoje em dia estão em busca de uma masculinidade mais evoluída. Elas rejeitam qualquer comportamento que apague as diferenças. E isso incluem a demora na produção para sair, assim como a divisão de seus produtos de beleza com o parceiro.

O que elas querem é reconquistar antigas tradições. Talvez recuperar o prazer em ter uma casa, filhos, e ainda contar com alguém que seja responsável por acolher essa família. Papel que sempre foi desempenhado pelo homem. Pelo menos o das antigas.

Um exemplo de neossexual é o jovem piloto de Fórmula I, Lewis Hamilton. De acordo com sua ex-namorada, Nicole Scherzinger – vocalista do grupo Pussycat Dolls -, ele a conquistou no momento em que, sem saber quem ela era, ofereceu sua cadeira para se sentar. A primeira coisa que lhe veio à cabeça naquele momento foi “Que belas maneiras tem este homem”.

Outro que também assumiu recentemente o posto foi Brad Pitt. Se antes sua imagem pendia mais para o lado do metrossexual, por conta de sua elegância e título de galã, hoje esse quadro mudou graças ao fato de ter se tornado pai. Ao lado de Angelina Jolie, forma um dos casais mais invejados do mundo. O ator deixou de lado os interesses individuais e assumiu a postura de alguém preocupado com o bem estar familiar. E segundo ele, este é o melhor papel que já desempenhou.

Em recente entrevista a um site de notícias, a psicóloga e sexóloga Lúcia Pesca afirma que o resultado desse levantamento, para o qual foram ouvidas 2,8 mil mulheres de 14 países, entre 18 e 35 anos, não poderia ser mais preciso.

Para ela, as mulheres reclamaram tanto do descaso dos homens em relação aos cuidados com cabelo, unha e comportamento, que eles acabaram se modificando. Porém essa modificação foi tanta, que essas mesmas mulheres começaram a sentir falta dos homens que as elogiavam, e se cansaram daqueles que tentaram ficar tão bonitos quanto elas.

Sendo assim, o neossexual nada mais é do que uma resposta aos insaciáveis anseios femininos. Do mesmo jeito que foram o metro, o retro, o gastro e tantos outros, essa nova “qualidade” de homem é apenas mais um passo na busca de uma rede de interesses, pela qual homens e mulheres lutam desde que o mundo é mundo.

“Os homens são objetivos e simples. Se as mulheres querem um sujeito sensível, sem perder a virilidade, eles agirão desta forma até o dia em que elas resolverem mudar de ideia”, finaliza a Dra. Lucia Pesca.


Box:


O QUE QUEREM AS MULHERES?

72% das mulheres preferem um homem forte e determinado, que sabe o que quer, vai atrás e consegue.

85% delas afirmaram serem seduzidas por homens que beijam apaixonadamente. Que as levam para a cama sem hesitar. Quando se trata de sedução elas preferem um homem determinado, que as faça sentir desejada e sensual.

75% delas alegaram que não querem mais dividir seus produtos de beleza.

60% das mulheres não gostam que homens demorem mais para se arrumar do que elas, quando vão sair.

90% preferem uma ligação telefônica a uma simples mensagem SMS.

81% afirmaram que desejam um homem másculo, sem perder a força e o vigor, mas que mostre aspectos sensíveis.

FONTE: INSTITUTO DATOSCLAROS/UNILEVER

Por Tatiana Bruzzi

Publicado em Abril de 2010

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A volta do machão

O protótipo do machão da Idade Média era do herói guerreiro, aquele que abandonava a família e a cidade natal para lutar pelos seus ideiais, retornando só quando trazia o troféu por suas vitórias. Mesmo sendo viril e autoritário, esse homem se rendeu ao sexo feminino a partir de um código de honra que o transformou em um nobre de maneiras delicadas. Assim nasceu o "Amor Cortês". Segundo Flori (2005), a abordagem do amor cortês surge no início do século XII e difunde-se por todo o Ocidente cristão, trazendo uma nova dimensão a um mundo exclusivamente masculino e guerreiro. Para ajudar na sedução amorosa, a indumentária do homem passou a ser relevante tanto quanto ele precisaria ser forte e corajoso. Desse modo, o estereótipo do machão tende a mudar ao longo da História, graças a novos paradigmas resultantes de mudanças políticas, sociais e comportamentais que norteiam o espírito do tempo.

Dentro dessa perspectiva, em meados dos anos 1960, tais mudanças aconteceram de forma mais acentuada. A população do mundo era predominantemente jovem e antenada, graças ao rádio e à televisão, que transformaram o planeta numa "aldeia Global". O sexo passou a ser a ideologia que permeava o imaginário da época. Além de liberalizar-se na prática, o tema sexual era discutido abertamente e a pílula chegou para facilitar essa experiência. Uma vez que as pessoas se sentiam mais livres para pensar e conversar sobre sua vida íntima, novas possibilidades de mudanças surgiam. Papéis que até então só cabiam aos homens exercer, ou só às mulheres, passaram a ser comuns aos dois sexos. Como consequência dessa liberação, surge o movimento dos hippies. Na multidão, era impossível distinguir os homens das mulheres: ambos usavam calças jeans, brincos, anéis, cordões e fumavam. Alguém inventava o termo "unisex". Dentro dessa nova estética, o papel do machão foi tomando outra configuração. Do guerreiro-sedutor sobrou apenas o sedutor, que fazia sexo sem guerra, sob o o lema "Paz e amor". Uma das instituições mais desprezadas por eles era o casamento. Para os hippies, a mulher era considerada propriedade do grupo. O amor era livre. Com a aparição da Aids, o medo se tornou um freio ao erotismo espontâneo.

Apesar dessa transformação social radical, as pessoas continuam a casar de forma tradicional ou não, mas são poucas as uniões duráveis. Uma dessas mudanças passa pelo comportamento da mulher, que virou a página da história e foi à luta. Agora o guerreiro está desarmado, usa blazer, saia justa e pasta de executivo. Estudou, se especializou e busca cada vez mais espaço como cidadã do mundo. Hoje, a liderança da casa não depende mais de um chefe.. Tanta independência assim deixa muitos homens sem saber muito bem onde é o lugar deles. Outros, aceitam a situação e até assumem certas tarefas do casamento que outrora pertenciam às mulheres. O poder tem um papel diferente nesse processo, que deve ser compartilhado. Em outras palavras, a função do líder hoje é de encorajar todos a usarem "suas armas" em prol de objetivos afins. Contrariando essa lógica, está havendo uma busca incessante pela qualidade, seja em termos estéticos ou profissionais que, ao invés de servir para o bem comum, está individualizando cada vez mais as pessoas. Prova disso é a escassez de figuras masculinas fortes nas relações familiares. Não há chefes no comando lutando pela sobrevivência do grupo. Esse homem moderno, forte e musculoso, bem tratado, depilado, tatuado e lindo está solteiro, mora sozinho e não quer dividir seu salário, nem sua cama com ninguém. Ele é um guerreiro solitário. Prefere ficar "na sua" a disputar as dependências de seu "castelo" com uma mulher bem resolvida e independente econômicamente. Este é o arquétipo do homem do século XXI.

Entretanto, a sociedade parece clamar pela volta do machão ao cenário do mundo contemporâneo. Não aquele machão que surra a mulher, que faça imperar a opinião dele, que bata no peito e diga "quem manda na casa sou eu". Não! Mas é provável que a ausência de um ídolo, de um guia, de um líder possa fazer diferença nos dias de hoje. Talvez o sucesso de Marcelo Dourado, no BBB, seja porque ele trouxe à tona a imagem do homem corajoso. Polêmico, acusado pelo grupo da "casa" por homofobia, ele não se enquadra no perfil de metrossexual. No programa, tem-se a impressão de que Dourado está sofrendo uma discriminação às avessas, ou seja, os participantes estão incomodados com seu excesso de masculinidade. Para surpresa geral, até então, o público aprovou suas atitudes no jogo e o elegeu vitorioso.

Há, portanto, um constante movimento comportamental das pessoas que depende do contexto histórico, político e social em voga. Essse programa da TV Globo serviu para exemplificar a lógica dos meios de comunicação e a influência destes na realização do imaginário social. A grande diferença entre esses "heróis" - como são chamados os participantes do BBB pelo apresentador Pedro Bial -, e os guerreiros da Idade Média é que, aqueles iam em busca de suas conquistas e traziam como trunfo novas terras e riquezas para seu reino. Os "guerreiros" do BBB só precisam dar audiência para que a TV Globo continue reinando. Quem conseguir maior audiência vence e recebe como prêmio fama e dinheiro. Os que deixam a "casa" , têm a recompensa de reencontrar seus familiares e amigos numa festa televisiva. Além disso, são tratados como heróis por terem resistido ao confinamento a que são submetidos durante meses.

Por Maria Oliveira
 
Publicado em Abril de 2010

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Então, é Outono

O verão acabou. Será? O calor que voltou com o Outono, depois de semanas de chuvas, não está nos convencendo disso. Então, o melhor é pensarmos mesmo como cariocas “que não gostam de dias nublados...” e adoram uma praia. Por conta disso, os protetores solares não podem ser guardados nem as recomendações com a saúde devem ser esquecidas.



 
Mais do que essencial à beleza, bloqueador solar e ingestão de líquido no calor protegem e regulam a temperatura do corpo. Além disso, dão um aspecto de pele saudável e bonita. Esses cuidados são indicados para todas as idades e, em especial, a idosos. Com o avançar da idade, a pele fica frágil e sujeita às agressões do meio ambiente. Ressecamento, manchas e descamação são manifestações do fotoenvelhecimento, mas podem ser combatidas e tratadas com um especialista.

Tais alterações se devem à “diminuição da secreção sebácia, causada pela queda do estímulo hormonal e à redução do conteúdo de água da pele”, afirma o especialista. Para amenizar os danos causados pela ação do tempo, os médicos recomendam que os idosos procurem se hidratar muito a pele com um creme que contenha antioxidante, como vitamina C e beber muita água.

Outra dica é cultivar bons hábitos para suportar o calor carioca. Nesse caso, uma alimentação equilibrada é imprescindível para manter o organismo saudável. O guia da pirâmide alimentar poderá indicar o caminho para quem deseja seguir uma dieta rica em nutrientes. Pela pirâmide, a pessoa pode comer diariamente quantidades apropriadas dos cinco grupos de alimentos. A idade, sexo e nível de atividade física vão determinar o número de porções necessárias à dieta ideal.



Na base da pirâmide estão os alimentos chamados energéticos (cereais, pães, arroz e massas), enquanto no topo ficam os que devem ser consumidos com moderação como gorduras, óleos e açúcares. No meio, aqueles que deveríamos consumir com mais freqüência em dias quentes: frutas, legumes e verduras. Esses alimentos contêm substâncias antioxidantes que combatem o excesso de radicais livres produzidos pelo próprio organismo, e que podem causar diversas doenças, entre as quais, o envelhecimento precoce e acelerado da pele.

Portanto, é tempo de se consumir muitas frutas, já que estamos no outono. Nesta época, elas estão fresquinhas e mais em conta. As cítricas são ricas em vitamina C, substância antioxidante importante. Abusemos da tangerina, laranja, morango, limão e dos legumes que contêm B-caroteno como cenoura e abóbora. Para completar, um chá verde cai bem.


Fonte de pesquisa: Revista “Sua Saúde”, Ano 4, número 13

Por Maria Oliveira

Publicado em Abril de 2010

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Os Anos 80 estão de volta

Este ano a novelinha adolescente Malhação ID, exibida diariamente na TV Globo, trouxe de volta uma moda que nem é tão antiga assim. Buscando referência nos anos 80, a produção fez uma releitura de roupas, objetos, hábitos e músicas, que faziam a cabeça daquela geração.

O figurino do elenco é todo baseado na época, que muitas vezes foi titulada como cafona. Roupas coloridas, T-shirts masculinas em decotes V, sapatilhas bailarina, legging, blusas com ombros à mostra e acessórios, muitos acessórios, como brincos, bandanas e o famoso relógio que troca de pulseira.

Na rotina dos jovens, patinação com patins de 4 rodas. Já nas rádios, muito pop rock brasileiro. A trilha sonora é quase toda composta por regravações originárias da década, mas nas vozes de intérpretes atuais.



Numa era pós-hippie - marca predominante da geração anos 70 - àquela que defendia a ideia “faça amor, não faça guerra”, adepta da natureza, customização de roupas, desprendimento aos bens materiais e ao banho, deu-se início a era "new wave". Uma galera que se diferenciava do anarquismo preterido pelo punk, lançado na Inglaterra. Eles abusavam hora do preto, outra de um visual mais colorido, maquiagem carregada e/ou uso de correntes. Estilo Duran Duran + B-52’s = Blitz, de ser.



Nessa mesma época surgiu nos EUA o movimento Yuppie. Se os punks eram compostos por uma garotada louca, que adotava jeans rasgado e cabelos arrepiados, geralmente com cores vibrantes como verde, amarelo, azul e roxo. Os Yuppies (Young urban professionals) seriam uma espécie de workaholic dos dias atuais. Jovens independentes, viciados em trabalho, que se vestem como executivos. Terninho, calça social, cores básicas e poucos acessórios compunham seu visual.

Tudo Junto e Misturado

Mas nem só de punks, yuppies e new wave, se fez a geração anos 80. Muito pelo contrário, quem foi jovem nessa época lembra as variadas tribos que surgiram. Somada a todas as que já foram citadas, tínhamos ainda a geração saúde. Essa valorizava o corpo, que adorava expor. Shorts, camisetas regatas ou estilo machão, eram peças que não saíam dos seus armários.

Paralelo a isso tinha a geração academia, que levou suas malhas das salas de ginástica para as ruas. Era comum ver alguém com lencinhos enroladas na testa, body delineando o corpo e polainas, na canela. Estilo Olívia Newton John no clipe “Phisical”.

Abaixo a chapinha! A ordem era ter cabelo para mostrar. As mulheres da época valorizavam seus cachos e ainda usavam e abusavam de faixas, tules, tiaras, cortes radicais e pinturas coloridas. Lembram da Cindy Lauper?

Já os homens cultivavam um pouco do topete de Elvis, ou James Dean. O gel até dava o ar da sua graça, mais para desarrumar, ao invés de arrumar. Ou então arrepiar. Billy Idol e a rapaziada do Depeche Mode sabem bem do que eu estou falando.

Exagero era o significado desta geração, cujas roupas expressavam alegria, saúde, versatilidade, divertimento e ao mesmo tempo, sofisticação, sensualidade e ousadia. Tudo reflexo de uma abertura democrática.

Um traço marcante da moda era a ambiguidade. Estampas de oncinha, cores cítricas, ombros largos (ombreiras enormes), pernas longas e acessórios "fake" dividiam seu espaço com tailleurs, roupas de moletom e cotton-lycra.

Surgem também novos tecidos como o stretch ou vinil, que permitiam um ar futurista às roupas e faziam referências à conquista do homem na lua. Por outro lado, o armário da vovó passou a ser alvo de muitas jovens. Aliás, essa atividade não só popularizou o uso dos brechós como se mantém viva até hoje.



A alta-costura teve seu momento com criações de Christian Lacroix, Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier, que buscavam referências no barroco. Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo, estilistas japoneses, surgiram com uma moda lírica. Enquanto que o italiano Giorgio Armani lança sua grife, Emporio Armani, abusando de cortes sóbrios e impecáveis.

É bom lembrar que a idéia da imagem como meio de comunicação se cristalizou nos anos 80, a partir do momento que o corpo se tornou uma vitrine de tudo o que viesse à cabeça.



Foi daí que a expressão "sou eu que faço a minha moda" ganhou força. O conceito se mantém até hoje através da customização, mistura de estilos e a própria negação da moda, enquanto norma, presente em movimentos como o grunge. Esse último com início lá nos anos 90.

Moda X Cultura

No mundo da música diversas tendências, apresentadas através de uma infinidade de bandas, surgiram na época. Entre elas, new romantics, darks, góticos, metaleiros e rastafaris. A característica principal da música pop era ser muito melancólica. Tinha como seus representantes as bandas Joy Division, Echo and The Bunnyman, The Smiths e The Cure.

Já o cinema foi um importante meio para a difusão das modas, principalmente pelo uso dos videoclipes que permitiam a união som e imagem. Títulos como Blade Runner (1982) e Procura-se Susan Desesperadamente (1985), esse último estrelado por Madonna, serviram para reafirmar e divulgar algumas tendências. Além de alavancar a carreira de astros da música.

Por Tatiana Bruzzi
 
Publicado em Abril de 2010

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Ayrton, Senna, Beco

Como se constroi um mito

Escrever sobre mitos não é tarefa das mais difíceis. Tampouco é facilitado escrever sobre eles e fugir do lugar-comum. E com o brasileiro Ayrton Senna da Silva, vulgo “Ayrton Senna do Brasil” (segundo um de seus mais ardorosos fãs e amigos, Galvão Bueno) não é diferente. Seu aniversário já foi lembrado em 21 de março, data em que faria 50 anos de vida, mas a data que mais dói na memória da população brasileira é de sua morte, em 1º de maio de uma triste e chocante manhã de 1994, em uma época que não existia ainda esta xaropada de alemão prá cá, equipe italiana pra lá – o que sempre me pareceu frente de Segunda Guerra Mundial contra o mundo – e em um período que ainda vivia a esperança de que a vida era feita de vitórias emocionantes e heróis simples e comuns.

Senna se tornou ídolo por muitos motivos. Poderíamos enumerar as diversas qualidades de um piloto que nasceu em um berço já caiado de ouro, cresceu obstinado pela vitória e pela competitividade que corria em suas veias e ele assumia dia após dia, corrida após corrida e que não procurava dissimular, e também poderíamos citar os diversos episódios amorosos que permearam sua vida pessoal, que contribuíram também para atrair a simpatia popular por sua figura nem tão bela, mas que certamente era encantadora para mulheres do quilate de Xuxa Meneghel, Adriane Galisteu, Marcella Prado e diversas modelos e beldades que se derretiam ao seu lado. A verdade é que o cara era bom. Bom em diversas coisas, como milhares de brasileiros o são também. Era voltado para causas sociais, como muitos miliardários aqui também o são. Mas, afinal, como fez com que a idolatria a Ayrton alcançasse pontos tão altos e permanecesse por tantos e tantos anos praticamente intacto, até mesmo em países que não tem a tradição do chamado “circo” da Fórmula 1? Aqui, pretensiosamente, pretendo lançar algumas teorias.



Foi um cara legal. A maioria dos amigos insiste mesmo em dizer que era capaz de abrir mão de dinheiro para agradar a um amigo. Tinha obstinação por fazer bem melhor do que a média o que tanto apreciava - correr - e jamais escondeu a insatisfação quando não ganhava uma corrida, pois acreditava ser imbatível e procurava seus próprios recordes no setor. Ou seja, um brasileiro que podia fazer o que queria enquanto profissão, ganhava dinheiro com isto, ganhava prestígio e admiração, e ainda assim passava para a maioria dos seus fãs uma imagem blasé da vitória – a não ser pelo fato de convocar um sentimento nacional que boa parte dos brasileiros já não tinha mais, quando empunhava a bandeira brasileira a cada vitória que alcançava nas pistas - . Isto era uma reverência a todo o país, isto era uma homenagem a todos os “da Silva” como ele, e se algum dia este gesto foi idealizado como uma jogada de marketing, a emblemática mensagem subliminar que ele passava prendia e enchia de respeito e admiração o brasileiro médio, apenas acostumado com um esporte no país até então. E sabem o motivo disto?

Porque ele era rico, viajado, namorava mulheres de fama internacional, competia em um esporte com um perfil de elitista, tinha certa fama de “marrento” entre seus colegas de profissão, mas transmitia, com aquela bandeirinha em mãos, e o “tema da vitória” de fundo, um sentimento de vitória que alcançava simbolicamente todo e qualquer espectador que duvidasse de seu próprio potencial, e assinalava com aquele gesto que vitórias são possíveis em qualquer situação, seja com “chuva e pneus para tempo seco”, seja “com pouco combustível”, seja superando um cansaço físico evidente, ou seja superando aquele medo constante que todo o ser humano possui de superar os limites da morte em alta velocidade.



Em resumo, o que todos nós devemos ao Ayrton não é apenas a reverência a um ídolo desportivo que morreu no auge de sua carreira e que muitas glórias nos trouxe representando a nação. O que devemos à ele é bem mais do que isto, é uma sensação maior de que poderíamos ser campeões em tudo aquilo que quiséssemos, de que as curvas e os riscos inerentes à condição humana poderiam ser superados sempre com talento, maestria, simplicidade e uma certa dose de agressividade para nos levar adiante.

Como dizem vários fãs inconsoláveis, incluindo a mim, “as manhãs de domingo nunca mais foram as mesmas”... nem voltarão a ser, sem aquele gesto simbólico carregado de si

Por Fernanda Barbosa
 
Pubicado em Abril de 2010 

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Caixa Vazia

O relógio no cantinho da tela indica a hora, mas desvio o olhar do computador. Briguei com o tempo. Do passado eu lembro, mas o futuro “a Deus pertence”. Antes, desejo saber o que há no presente. Lentamente, desato a fita que envolve o embrulho e descubro o que para mim não era surpresa: a caixa está vazia. Para preenchê-la, jogo nela outras caixas grandes, médias e pequenas, e fico a observar bestamente o resultado dessa ação. Não satisfeita, ocupo com papéis multicoloridos os espaços disponíveis deste volume. Vejo que tomou corpo de um joão-bobo inflável: basta uma clicada e tudo volta à forma original - totalmente vazio.

Mudo de parágrafo num esforço de ativar minhas ideias. Tento buscar as palavras certas, mas preciso correr e contê-las, antes que seja tarde demais. Então, resgato um ponto esquecido na frase, apago a vírgula depois do sujeito, acrescento aspas no texto alheio e sigo a regra ao retirar o trema onde não existe mais. Assim fico tranquila. Agora, me organizo para ajustar o que está solto. O tempo urge. Mudo o assunto ou sigo em frente? Acho melhor fechar a tela e ler o livro esquecido na mesa. Mas a curiosidade é mais forte e volto à caixa do presente (ou será do passado?).

Cuidadosamente, esvazio o embrulho para ver se algo mudou. Retiro um por um seu conteúdo, do jeito que fazia ao bisbilhotar o baú de trecos da vovó. Não há surpresas, o que busco não está aqui. Talvez as marcas das etiquetas me ocultem o óbvio. A caixa da vovó carecia de tecnologia para abri-la, mas era cheia de truques porque guardava um lugar, uma história. Cada objeto tinha um segredo que só ela sabia desvendá-lo. Com um simples, “era uma vez...” ela começava um conto que sempre terminava com um final feliz. Depois, a mesma história era contada adiante. Por que não descrever simplesmente o que havia no baú de trecos da vovó? Porque perdi a chave. O jeito que tenho é virar a caixa de cabeça para baixo e começar tudo de novo:

O relógio antigo na parede da sala há muito que parou à meia-noite. A casa dorme. Tem um embrulho sobre a mesa de jantar. Levanto e vou ver o que é. Descubro que tem um cartão preso à fita com um nome destacado em vermelho. Leio e concluo que o presente é meu. Abro-o abruptamente, sem cerimônia. É um livro e não tem título. Nessa hora os ponteiros do relógio da parede começam a girar no sentido contrário, como se o tempo quisesse voltar. De repente, ouço vovó gritar lá de dentro do quarto que “está na hora de dormir, crianças”. E todos nós vamos para cama pensando naquelas florestas escuras, onde tem uma fada e um príncipe que salvou uma princesinha...

Acordo com uma luz forte incidindo sobre um retrato de mulher. Ela tem um broche florido no peito e seu cabelo é amarrado em coque. A senhora sorri para mim, e eu retribuo estranhamente. Vejo pela janela que amanheceu o dia. Desço a escada sem fazer barulho, para que a casa permaneça em silêncio. O relógio da sala marca a hora certa: sete horas. Outra vez, olho para o lado esquerdo da escada e me dou conta de que o velho carrilhão alemão está funcionando normalmente. Ligo o computador antes de ferver a água do café. Espero um pouco, desvio a atenção para a mesa onde repousa o livro que me presentearam na noite anterior. Levo um susto: o exemplar agora tem título, “Caixa vazia”. Minhas mãos tremem de emoção e medo ao abri-lo. Na primeira página, estava escrito o seguinte: “Este é um livro vazio de histórias, porque não tem memória suficiente para contá-las. Pegue a chave que está no meio dele e abra o baú que deixei no porão da casa”. A mensagem não veio assinada. O mistério que envolve esse livro não está no conteúdo porque este não existe, mas na mensagem em si: a minha casa não tem porão e no meio do livro não há chave nenhuma. Que eu me lembre, a casa que tinha porão era a da vovó. Resta-me encontrar o caminho que me leve, de volta, até lá.

Eu me lembro de uma casa que ficava em rua de ladeira e podíamos ver, da janela, os bondes circulando na rua principal. Não era a casa mais suntuosa do bairro, mas concorria entre as mais bonitas. A fachada seguia o estilo colonial, de portas altas com sacadas que davam para o jardim. No salão, havia um pórtico que separava o espaço em dois: de um lado ficava a sala de visitas; do outro a sala de jantar. Os móveis eram escuros feitos em jacarandá legítimo. No canto da parede da sala de jantar, bem acima da cristaleira, ficava um quadro da Sagrada Família. Perto da porta principal pendia o relógio de carrilhão alemão. O acesso aos cinco quartos era por um corredor comprido que ligava este à sala. Parece exagero, mas não sobrava lugar nos quartos quando a família toda resolvia passar o final de semana por lá. Às crianças não faltava onde brincar, pois o quintal era grande e arborizado. Havia um balanço de corda na mangueira que, sem conflitos, dividíamos a vez com os primos. Mas o que mais atraía a curiosidade dos pequenos era o porão do velho casarão.

Era proibida a entrada de crianças naquele recinto escuro e frio. Lá os mais velhos jogavam objetos que não serviam mais para o uso da casa, como restos de obras, móveis quebrados e outras quinquilharias. Na verdade, a censura era feita por questão de segurança, para evitar acidentes. Entretanto, para alimentar o imaginário das crianças, vovó dizia que, no porão, havia um baú deixado pelo ex-morador – um fazendeiro esquisito, de hábitos estranhos. Diante da curiosidade dos netos, ela prosseguia: “Os antigos vizinhos contavam que, todos os dias, ele levava o baú para debaixo da mangueira e dele tirava um colar de pérolas. Depois, beijava-o, chorava e devolvia a jóia ao baú.” A satisfação da contadora de histórias era medir o interesse dos ouvintes através de perguntas que elucidassem aquele mistério. E cada criança dava a sua opinião, com aquele jeito inocente de quem realmente acreditava no que acabara de ouvir.

. Desperto de minhas lembranças ao ouvir o relógio da parede soar três vezes. O carrilhão marca meio-dia. Ouço uma voz feminina que grita: “o almoço está servido”. Desligo a telinha e volto ao livro que está aberto sobre a mesa. Ponho os óculos e me aproximo do presente para enxergá-lo melhor. A capa e a data confirmam que se trata de um exemplar muito antigo. Abro-o mais uma vez e vejo que, curiosamente, as páginas não estão mais em branco. Salvo tudo e vou almoçar.

Por Maria Oliveira

Publicado em Abril de 2010

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