segunda-feira, 5 de abril de 2010
Os Anos 80 estão de volta
Este ano a novelinha adolescente Malhação ID, exibida diariamente na TV Globo, trouxe de volta uma moda que nem é tão antiga assim. Buscando referência nos anos 80, a produção fez uma releitura de roupas, objetos, hábitos e músicas, que faziam a cabeça daquela geração.
O figurino do elenco é todo baseado na época, que muitas vezes foi titulada como cafona. Roupas coloridas, T-shirts masculinas em decotes V, sapatilhas bailarina, legging, blusas com ombros à mostra e acessórios, muitos acessórios, como brincos, bandanas e o famoso relógio que troca de pulseira.
Na rotina dos jovens, patinação com patins de 4 rodas. Já nas rádios, muito pop rock brasileiro. A trilha sonora é quase toda composta por regravações originárias da década, mas nas vozes de intérpretes atuais.
Numa era pós-hippie - marca predominante da geração anos 70 - àquela que defendia a ideia “faça amor, não faça guerra”, adepta da natureza, customização de roupas, desprendimento aos bens materiais e ao banho, deu-se início a era "new wave". Uma galera que se diferenciava do anarquismo preterido pelo punk, lançado na Inglaterra. Eles abusavam hora do preto, outra de um visual mais colorido, maquiagem carregada e/ou uso de correntes. Estilo Duran Duran + B-52’s = Blitz, de ser.
Nessa mesma época surgiu nos EUA o movimento Yuppie. Se os punks eram compostos por uma garotada louca, que adotava jeans rasgado e cabelos arrepiados, geralmente com cores vibrantes como verde, amarelo, azul e roxo. Os Yuppies (Young urban professionals) seriam uma espécie de workaholic dos dias atuais. Jovens independentes, viciados em trabalho, que se vestem como executivos. Terninho, calça social, cores básicas e poucos acessórios compunham seu visual.
Tudo Junto e Misturado
Mas nem só de punks, yuppies e new wave, se fez a geração anos 80. Muito pelo contrário, quem foi jovem nessa época lembra as variadas tribos que surgiram. Somada a todas as que já foram citadas, tínhamos ainda a geração saúde. Essa valorizava o corpo, que adorava expor. Shorts, camisetas regatas ou estilo machão, eram peças que não saíam dos seus armários.
Paralelo a isso tinha a geração academia, que levou suas malhas das salas de ginástica para as ruas. Era comum ver alguém com lencinhos enroladas na testa, body delineando o corpo e polainas, na canela. Estilo Olívia Newton John no clipe “Phisical”.
Abaixo a chapinha! A ordem era ter cabelo para mostrar. As mulheres da época valorizavam seus cachos e ainda usavam e abusavam de faixas, tules, tiaras, cortes radicais e pinturas coloridas. Lembram da Cindy Lauper?
Já os homens cultivavam um pouco do topete de Elvis, ou James Dean. O gel até dava o ar da sua graça, mais para desarrumar, ao invés de arrumar. Ou então arrepiar. Billy Idol e a rapaziada do Depeche Mode sabem bem do que eu estou falando.
Exagero era o significado desta geração, cujas roupas expressavam alegria, saúde, versatilidade, divertimento e ao mesmo tempo, sofisticação, sensualidade e ousadia. Tudo reflexo de uma abertura democrática.
Um traço marcante da moda era a ambiguidade. Estampas de oncinha, cores cítricas, ombros largos (ombreiras enormes), pernas longas e acessórios "fake" dividiam seu espaço com tailleurs, roupas de moletom e cotton-lycra.
Surgem também novos tecidos como o stretch ou vinil, que permitiam um ar futurista às roupas e faziam referências à conquista do homem na lua. Por outro lado, o armário da vovó passou a ser alvo de muitas jovens. Aliás, essa atividade não só popularizou o uso dos brechós como se mantém viva até hoje.
A alta-costura teve seu momento com criações de Christian Lacroix, Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier, que buscavam referências no barroco. Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo, estilistas japoneses, surgiram com uma moda lírica. Enquanto que o italiano Giorgio Armani lança sua grife, Emporio Armani, abusando de cortes sóbrios e impecáveis.
É bom lembrar que a idéia da imagem como meio de comunicação se cristalizou nos anos 80, a partir do momento que o corpo se tornou uma vitrine de tudo o que viesse à cabeça.
Foi daí que a expressão "sou eu que faço a minha moda" ganhou força. O conceito se mantém até hoje através da customização, mistura de estilos e a própria negação da moda, enquanto norma, presente em movimentos como o grunge. Esse último com início lá nos anos 90.
Moda X Cultura
No mundo da música diversas tendências, apresentadas através de uma infinidade de bandas, surgiram na época. Entre elas, new romantics, darks, góticos, metaleiros e rastafaris. A característica principal da música pop era ser muito melancólica. Tinha como seus representantes as bandas Joy Division, Echo and The Bunnyman, The Smiths e The Cure.
Já o cinema foi um importante meio para a difusão das modas, principalmente pelo uso dos videoclipes que permitiam a união som e imagem. Títulos como Blade Runner (1982) e Procura-se Susan Desesperadamente (1985), esse último estrelado por Madonna, serviram para reafirmar e divulgar algumas tendências. Além de alavancar a carreira de astros da música.
Por Tatiana Bruzzi
Publicado em Abril de 2010
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