domingo, 13 de junho de 2010
Porque o amor...
(na versão moderninha)
Porque o amor não é só aproveitar as alegrias de uma vida descompromissada.
Porque o amor é um pouco mais que passear em shopping e ver as vitrines vendendo “amores”...
A paixão é incrivelmente devastadora. Tem mecanismos químicos e psíquicos comprovados pela ciência.
Ativa dopaminas, serotoninas, e quantas inas que se tem notícia só para ver o objeto desejado.
A paixão emagrece. O amor , quando é amor, não liga para dobrinhas na cintura da calça.
O amor cuida dos doentes. A paixão adoece quem dela vive.
Para se chegar ao amor, há de se apaixonar primeiro pela idéia – de se ter um alguém, de se ter um cantinho para dois, de viver uma nova vida, aquela conhecida como “a dois”.
Para se apaixonar, basta um olhar diferente. A paixão vê coisas aparentemente belas em pessoas aparentemente normais.
Já o amor, não precisa de olhos. Ele vê as mesmas coisas iguais, sem photoshop ou muito enfeite, e normalmente não aparenta se importar com isto.
A paixão se sustenta de coisas boas. O amor se alimenta de qualquer coisa.
Mas não pense que o amor vive de restos. Acontece que sua dieta inclui sofrimento, doença, risos e altos e baixos. O amor se alimenta de amizade, simpatia, vontade de mudar e mudar o que está meio torto só para ver a todos sorrir.
Para a paixão, basta o sorriso de um. O do apaixonado. Porque a paixão vive do que vê, e se alimenta do que não existe.
Muitas vezes o apaixonado só escuta o que precisa, só aceita o que lhe convém, só dorme com o que acha necessário. Na maioria das vezes, nem quer saber da dor do outro, só quer completar seu desejo.
O amor não mede esforços. Para o próximo. A paixão não mede esforços. Para si próprio – e quem se engana achando que faz muita coisa pelo objeto da paixão, ilude-se: a paixão pede satisfação, o tempo todo. O amor se satisfaz com pouco. Talvez um sorriso, talvez um abraço sincero, talvez uma dormida nos braços um do outro.
A paixão precisa ser vista. Se não for vista, não satisfaz. É um desejo egoísta de mostrar sua “pessoa linda” a um mar de pessoas sem “lindas pessoas” a apresentar.
Já o amor não precisa de vitrine. Ele expõe sua admiração em gestos contidos, palavras mudas e atitudes singelas.
Acredito que todos nós já tivemos paixão. E muita. Acredito até que já tivemos amor – e nem soubemos. Acredito que já fomos a paixão de alguém, e o amor de outrem.
Só não acredito que nos tempos modernos aos 14 estas crianças já amem e aos 16 já amem de novo. Este amor de agora nem paixão é.
É solidão pedindo companhia. Ninguém quer ser triste, inseguro, infeliz, amedrontado e aborrecido sozinho. Precisa de alguém para passar por tudo isto junto.
Por Fernanda Barbosa
Pubicado em Junho de 2010
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