segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Uma tragédia para ser lembrada

Infelizmente as tragédias são inesquecíveis. Mesmo quem não tem uma história triste para contar, se lembra de outras ocorridas com pessoas próximas ou distantes de seu convívio. Isso, em parte, graças aos meios de comunicação que transmitem em tempo real os acontecimentos e nos deixam chocados como se estivéssemos no local do evento. E foi através da televisão que o mundo assistiu ao atentado contra o World Trade Center, no dia 11 de Setembro de 2001.

Naquela manhã de terça-feira, eu estava conduzindo a minha turma para o refeitório da Escola Municipal Álvaro Alberto, na Barra da Tijuca. No refeitório, havia uma televisão que ajudava a manter as crianças entretidas enquanto merendavam. Curiosamente, ao invés de desenho animado, a TV transmitia um prédio em chamas. Parei para olhar e toda a turma ficou ao meu redor, quando um avião transpassou a outra torre. “Que filme maneiro, tia!”- gritou a voz inocente de um aluno de nove anos.

Depois, foi difícil esclarecer à turma o que ocorrera. Sabia que se tratava de um atentado terrorista contra o país mais poderoso do mundo. Mas como explicar isso a crianças que amavam O Homem Aranha, Batman e Super Homem; que adoravam beber Coca-Cola e comer no McDonald`s? Não foi possível continuar a aula normalmente. O jeito foi dar papel em branco para a turma desenhar. Não é preciso dizer qual a imagem mais reproduzida pelas crianças, naquela manhã de setembro.

Passados 10 anos, hoje essas crianças são jovens antenados que certamente souberam que Osama Bin Laden foi o responsável pela tragédia e morto este ano, como prometera o presidente Barack Obama durante sua campanha presidencial. Se estiverem lendo jornal, saberão que o local onde o World Trade Center foi destruído continua como um imenso canteiro de obras, com mais de três mil trabalhadores. E ainda, que um novo WTC está sendo construído e se chamará Freedom Tower (Torre da Liberdade). Com 541 metros, será inaugurado em 2013, ano da independência dos EUA.

Agora, se essa mesma turminha estiver levando a sério o vestibular saberá que o país mais rico do mundo está passando por uma crise financeira desde 2008. No dizer de Osama Bin Laden, os EUA deveriam “sangrar até o ponto da falência”. Quase que a praga deu certo: os atentados deixaram um legado de crise econômica no país por conta dos gastos militares na guerra contra o Iraque e o Afeganistão. Nesse sentido, houve uma mudança de visão da produção industrial, que se voltou mais para a área de defesa do que para o investimento em bens e consumo.

Finalmente, se essas crianças pobres da escola pública tiverem, um dia, a oportunidade de conhecer o berço de seus heróis de infância, passarão, como todo cidadão, por uma rigorosa inspeção nos aeroportos. Em nome da segurança, a privacidade das pessoas é testada diariamente com revistas minuciosas nas roupas, sapatos e bagagens. É constrangedor, mas necessário para que tragédias como a de 11 de Setembro, que matou 2.973 pessoas, não aconteçam outra vez.

Por Maria Oliveira

Publicado em Setembro de 2011

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