domingo, 11 de março de 2012

A mulher e a tal felicidade

As mulheres ocupam, neste século, um lugar de destaque no cenário internacional. Basta dizer que na Zona do Euro, em plena crise econômica, quem dá as cartas é a chanceler Ângela Merkel, da Alemanha. No Brasil, além da presidente Dilma, muitas saias ocupam as cadeiras do Governo. Elas tomam decisões difíceis em diversos setores da sociedade e as conquistas femininas resultaram em dados de uma pesquisa voltada para as profundas mudanças ocorridas no Brasil, nos últimos anos.

A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), coordenada pelo economista Marcelo Neri, além de sinalizar o que mudou na vida das pessoas, com a ascensão de milhões para a classe média, revela um dado surpreendente em relação aos grupos considerados marginalizados (mulheres, negros, analfabetos e índios).

A partir de 2003, esses segmentos da sociedade conquistaram os maiores aumentos de renda, sendo que as mulheres despontaram não só devido a ofertas de emprego em setores antes dominados por homens, mas também por outras vias que não o trabalho como bolsa família e aposentadoria.

Em seu livro “A Nova Classe Média: o lado brilhante da base da pirâmide”, Marcelo Neri aponta ainda, através do Índice de Felicidade Futura, que o povo brasileiro é o que mais acredita em um futuro brilhante. E nesse levantamento mais uma vez as mulheres superam a marca dos homens, em relação à expectativa do futuro: elas apostam na felicidade e lutam por conquistá-la.

Mas como a tal felicidade tem um preço, a intuição feminina dizia que faltavam alguns ingredientes no bolo da noiva, que antes sonhara com um marido bonito e carinhoso para se realizar como mulher. A solução foi ir à luta e estudar mais. Este foi o ponto de partida para que a pesquisa da FGV associasse o nível de escolaridade ao índice de aumento de renda e, por conseguinte, mais confiança no futuro.




Outro dado importante da pesquisa indica que ser solteira, enquanto se é jovem, traz felicidade, mas na velhice acontece o inverso. Em relação à maternidade, as mães de filhos com menos de 15 anos são mais felizes, enquanto não ter nenhum faz o índice despencar quando a idade avança.

A história de mulheres que são independentes, solteiras, descasadas e sem filhos cresce em função de conquistas individualizadas. No quesito matrimônio, há aquelas que preferem um relacionamento estável sem que este interfira na liberdade de escolher o que seria melhor para si mesma. Nesse caso, a satisfação profissional geralmente está em primeiro plano.

Para a professora Mariza Luiz Rodrigues, que trabalha há mais de 20 anos com crianças do pré-escolar da Rede Municipal do Rio de Janeiro, a opção por não ter tido filhos está ligada ao modo como encara a vida, além de suas convicções sobre o que seja colocar uma criança no mundo.

Sempre gostei de curtir a vida e acho muita responsabilidade ter um filho e educá-lo nos padrões e valores de hoje. Fui casada, me separei e estou casada outra vez, mas não tive filhos. Dediquei a minha vida toda às minhas sobrinhas e a meus alunos, portanto fui mãe de muitos. A criança transmite só coisa boa, é inocente. Aprendi muito com elas. Tenho compromisso de educar meus alunos enquanto eles estão comigo na escola, mas a família tem que colaborar fazendo a sua parte”.

Tal experiência motivou a professora a produzir um livro voltado para a alfabetização, tendo como fio condutor a leitura de canções conhecidas do universo infantil. Por tudo isso, Mariza se diz uma mulher feliz e realizada: “graças a Deus e à família, que é a base de tudo”, sentencia.

Por outro lado, as novas gerações começam a pensar na profissão bem antes de esta se consolidar como definitiva. Foi o que aconteceu com Mariana Angélica da Silva, uma jovem estudante de 18 anos que já conseguiu o seu primeiro emprego em uma loja famosa de departamentos, no Rio. 

De origem humilde, moradora da Zona Oeste da cidade, Mariana sentiu, desde cedo, o que era ser a filha do meio de uma família de quatro irmãos criados sem a presença paterna. Sempre estudou em escola pública e conseguiu terminar com êxito o Segundo Grau. Aprovada no vestibular do curso de graduação em estética de uma faculdade particular, não pode efetuar a matrícula por falta de recursos. A solução foi se inscrever para a seleção de candidatos ao cargo de caixa de uma grande loja.

Para ser aceita, a jovem precisou demonstrar que possuía os requisitos indispensáveis para a função, tais como: agilidade no trabalho, noção de equipe, simpatia, bom humor, atenção e compreensão com os clientes. Além de uma entrevista com o supervisor, ela passou por um teste psicotécnico e uma redação na qual teria que descrever o seu perfil.
Segundo Mariana, as mulheres somaram 80% dos aprovados ao cargo. Ela atribuiu o êxito do gênero feminino, em relação ao masculino, porque as habilitadas demonstraram saber lidar bem com diferentes pessoas e situações. E ao perguntá-la o que espera do novo emprego, a resposta é imediata: “oportunidade de crescimento profissional e independência financeira”.

Nesse contexto, pode-se dizer que o sexo feminino é multiforme no sentido de saber se amoldar a diferentes situações, por isso sabe buscar a felicidade com mais simplicidade. Como culturalmente fomos criadas para desempenhar bem as tarefas do lar, de esposa e de mãe, essas habilidades adquiridas guardam em si um conjunto de princípios e valores. Sendo assim, a mulher cada vez mais é indicada para ocupar cargos e funções de relevância vital para a humanidade. 

Por Maria Oliveira 

Publicado em Março de 2012

0 comentários:

 

©2009Espetaculosas | by TNB