quinta-feira, 20 de junho de 2013
De peito aberto
No passado, a palavra
câncer era considerada um sinal de morte iminente e, portanto, proibida de ser
pronunciada diante do paciente. Com a evolução do conhecimento técnico de
cirurgia, procedimentos para a prevenção e tratamento, o vocábulo passou a
fazer parte do nosso dia a dia, mediante a esperança de cura.
Além disso, por não
escolher raça, nacionalidade e nem classe social, a enfermidade se popularizou a
tal ponto que, ao contraírem a doença, alguns famosos (ou não) tomaram a
iniciativa de compartilhar seu drama com o mundo inteiro.
Foi o que aconteceu recentemente com
Angelina Jolie. A atriz, que passou por uma cirurgia de retirada dos seios para
se prevenir do câncer de mama, fez questão de contar sua experiência em artigo publicado no jornal The New York Times. Ela resolveu encarar a mastectomia assim que soube ter 87% de risco de
desenvolver a doença.
Segundo especialistas, o câncer
de mama pode ser definido como a proliferação maligna das células epiteliais
que margeiam os ductos ou os lóbulos, culminando na chamada hiperplasia
atípica. Estatisticamente, corresponde à
causa mais frequente de morte por câncer em mulheres e representa a quarta
causa geral de falecimentos. O diagnóstico precoce continua sendo o programa
mais efetivo para reduzir este risco.
O câncer de mama pode surgir em
qualquer idade, sendo mais comum entre 50 e 60 anos. É raro antes dos 20 anos e
menos frequente após os 70. Leva-se em conta também o período de menstruação
como fator de interferência: quanto mais precoce a idade da menacme (antes de
11 anos) e tardia a da menopausa (após 55 anos), maior a chance de contrair a doença.
Outro dado importante é de sua
incidência acontecer em maior escala na raça branca do que na negra. Todavia,
os especialistas alertam que não há diferença nos índices de mortalidade. O histórico familiar é muito
considerado.
Em parentes de primeiro grau, especialmente em mãe e irmãs, aumenta mais do que o dobro o risco de a doença se manifestar. Já em parentes de segundo e terceiros graus a proporção diminui um pouco mais da metade.
Em parentes de primeiro grau, especialmente em mãe e irmãs, aumenta mais do que o dobro o risco de a doença se manifestar. Já em parentes de segundo e terceiros graus a proporção diminui um pouco mais da metade.
No caso da Angelina Jolie, foi
detectado um gene "falho" BRCA1 e que está ligado ao
desenvolvimento de câncer de mama e ovário. Segundo pesquisas avançadas, a
mutação desse gene é responsável por 40% dos casos de câncer com envolvimento
genético elevando o risco da doença, sobretudo na pré-menopausa, e ocorre no braço
longo do cromossoma 17.
Por outro lado, a mutação no gene
BRCA2 aumenta o risco de doença principalmente na pós-menopausa e ocorre no
braço longo do cromossoma 13. A maior parte dos tumores de mama é diagnosticada
já como massas palpáveis. Entretanto, o autoexame ainda não é suficiente para
detectar os que estejam em fase subclínica.
Além disso, pode ocorrer o
surgimento de tumores de intervalo, isto é, aqueles que surgem após a
mamografia de rotina e antes da próxima. Portanto, os especialistas enfatizam a
importância da anamnese para que o médico possa ouvir as queixas dos pacientes
e estudar os principais fatores de risco.
Quanto aos fatores nutricionais,
não há evidência de que dietas ricas em gorduras elevam a frequência da doença.
Entretanto, a priori, o tumor é mais encontrado entre obesas, sobretudo na
pós-menopausa.
Já o consumo de bebidas diárias de um litro e meio ou mais, na pré ou pós-menopausa, parece elevar a quase o dobro o risco de desenvolver o câncer.
Já o consumo de bebidas diárias de um litro e meio ou mais, na pré ou pós-menopausa, parece elevar a quase o dobro o risco de desenvolver o câncer.
Boas notícias
Novas pesquisas estão em andamento
para confirmarem se estrogênios conjugados e progesterona, usados no tratamento
da síndrome do climatério, elevam o risco de câncer de mama em 30%. Entretanto, há os que defendem a
reposição hormonal.
Como o ginecologista Mario de Barros Filho, da UFRJ. “Após a menopausa, a reposição hormonal é importante para equilibrar os
ciclos e adiar a desaceleração dos processos metabólicos. Além disso, ajuda a
prevenir doenças como a osteoporose", diz.
O especialista também
incentiva as mulheres a engravidarem, pois a gestação aumenta a proteção contra
o câncer de ovário e de mama. E acrescenta: “induz uma liberação hormonal que melhora a pele, equilibra as taxas
hormonais durante esses nove meses e auxilia toda a estrutura física feminina",
conclui.
Mesmo com a abrangência da enfermidade
e novos tratamentos sendo feitos com bons resultados, a história natural do
câncer continua com algumas lacunas, a despeito dos avanços da ciência na
compreensão da gênese, crescimento e disseminação tumoral. Porém, a luta continua
e quem encara com fé e coragem a doença, acaba tendo uma sobrevida, se não
ideal, satisfatória. Dizem os especialistas.
Por Maria Oliveira
Publicado em junho de 2013
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