domingo, 13 de junho de 2010
Histórias de amor
Historicamente, o “verdadeiro amor” está sempre em construção. De acordo com a cultura e as mudanças sociais de cada época, os limites desse amor tendem a ganhar dimensões diferentes. Assim, no Antigo Egito, Cleópatra usava táticas amorosas para ampliar seu poder. Na Idade Média, os cavaleiros adotaram normas mais civilizadas e inventaram o “amor cortês”, inspirando poetas, pintores, escritores e músicos. Um exemplo clássico é a história de Tristão e Isolda, tema de uma das mais famosas óperas de Wagner. Existe também o “amor bandido”, eternizado no cinema pela dupla Bonnie & Clyde.
Na Antiguidade, o casamento era uma proposta política. A História está repleta de exemplos desse tipo de contrato, através do qual as famílias nobres se valiam dos laços de sangue para perpetuar suas riquezas. Desse modo, seguindo o antigo costume egípcio, a jovem Cleópatra casou com seu irmão Ptolomeu XIII. Ainda em nome do poder, o irmão não poupou de expulsar a rainha em tempos de crise governamental. Cleópatra, na tentativa de recuperar o poder, alia-se a Júlio César, depois a Marco Antônio, principal general dos exércitos de César. Começa o triângulo amoroso mais famoso do Egito.
Fontes antigas atribuem a Cleópatra uma inteligência rara e um poder de sedução incrível. Contam que a Rainha do Nilo marcou um encontro com Júlio César no inverno de 48 a.C. – 49 a.C., a fim de lhe dar um presente. Quando este chegou ao Egito, Cleópatra o recebeu enrolado em um tapete. César ficou impressionado e atraído ao vê-la no interior do presente que ele receberia. Para justificar tal audácia, a rainha lhe disse que se encantara com suas histórias amorosas, e ficou desejosa de conhecê-lo. Tornou-se, assim, sua amante, o que ajudou a estabelecer o seu poder no país.
Com Marco Antônio não foi diferente. Após a morte de César, Cleópatra preparou um banquete no seu navio para recebê-lo, a fim de livrar-se das denúncias de que teria ajudado seus inimigos. Seduziu-o e os dois se tornaram amantes. Essa história egípcia ficou eternizada em filme de 1963, no qual Elizabeth Taylor fazia par com Richard Burton, seu amante na vida real.
Casos amorosos na nobreza sempre deram bons enredos. No Brasil Imperial, o caso extraconjugal de Dom Pedro I e a Marquesa de Santos alimentaram textos literários, de teatro, cinema e novela. Casado com Leopoldina de Habsburgo, Dom Pedro I chocava a sociedade da época ao sustentar sua paixão pela jovem Domitila de Castro Canto e Melo. Sem a mínima preocupação de esconder a amante, nem de manter a imagem de autoridade respeitável, Dom Pedro desagradava à opinião pública ao dar o título de primeira-dama da imperatriz à amante, e ao assumir a paternidade de Isabel Maria, primeira filha com Domitila.
Antes, porém, da nobreza Joanina entrar em cena, o amor cortês do século XII inspirou lindas histórias como a de Tristão e Isolda. Assim conta o trovador: “Senhores, agradar-vos-ia conhecer a bela história de Tristão e da Rainha Isolda. Ouvi como, alegres e tristes, eles se amaram, e disso morreram, no mesmo instante, ele por ela, ela por ele”. (Coleção a obra-prima de cada autor, p.15). O autor antevê o final para o leitor, que fica sabendo, logo no início, tratar-se de um amor impossível, tal qual o de Romeu e Julieta.
No final da história de Shakespeare, Julieta toma um frasco de elixir para simular sua morte e evitar um casamento indesejável com o Conde, amigo da família. Mas o plano dá errado. Romeu não recebera a carta explicativa do Frei, autor da farsa, e se desespera ao encontrar Julieta no mausoléu. Toma o veneno e morre abraçado a ela.
Na lenda celta, tal infortúnio também sucede, só que de outro jeito: Tristão casa contra a vontade com outra Isolda, a das Mãos Alvas, mas fica muito doente. Então, com a ajuda do fiel Kaherdin, planeja uma estratégia de rever a amada, antes de morrer. Assim ficou combinado: cada dia mandava um servo ir à praia para ver se a nau chegava, e via a cor dela. Se a vela içada fosse branca, Isolda, a Loura, estaria a bordo; caso contrário, a vela seria negra.
A mulher de Tristão, porém, descobriu tudo e se antecipou ao servo dizendo ao marido que uma nau de vela negra chegara a terra. Tristão morre de desgosto. Isolda, a Loura, chegou e “estendeu-se junto dele. Beijou-lhe a boca e a face, e abraçou-o apertado: corpo contra corpo, boca contra boca, e morreu com ele”. Diz a lenda que, sobre a tumba de Tristão e Isolda, nasceram dois arbustos, cujos galhos, entrelaçados, não poderiam se separar.
As verdadeiras histórias de amor estão sempre a quebrar barreiras e tabus. Assim foi a relação de Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre. Eles foram o casal símbolo das esperanças libertárias dos tempos modernos. Durante mais de 50 anos, até a morte de Sartre, o amor e a paixão da amizade os uniu, tendo sempre o pensamento e a escrita em primeiro lugar, seguidos do companheirismo e do prazer da conversa.
A relação dos dois não obedecia aos padrões nem a regras sociais da época. Beauvoir era uma moça de família burguesa e formação católica, que se envolvia com a liberdade das conversas masculinas sem o mínimo pudor. As cartas que trocava com Sartre ficaram famosas porque, nelas, Simone revelava como este homem a dominava intelectualmente: “Bruscamente não me achava mais só. Com ele, poderia sempre tudo partilhar”.
Partilhar, uma palavra que significa tudo na relação. Entretanto, no caso de Bonnie & Clyde, eles dividiram mais do que a cama. Eles aterrorizaram os estados centrais dos Estados Unidos durante a Grande Depressão no país, com assaltos a banco e assassinatos. Não só a carreira criminosa dos dois gângsteres, e o talento para fugir da polícia fascinaram o mundo, como também o romance entre eles. Bonnie e Clyde morreram numa emboscada, sendo atacados por seis franco-atiradores. A salva de tiros acabou com suas vidas, mas iniciou uma lenda eternizada no cinema, em filme de 1967, produzido e idealizado por Warren Beatty e dirigido por Arthur Penn.
Outros casos de amor ficaram registrados no cinema como a complicada história de Scarlet O’Hara e seus amores e desilusões, em que tem a Guerra Civil Americana como pano de fundo. Vivien Leigh encarna o papel principal ao lado de Clark Gabe. Este vive um aventureiro na história de amor e ódio marcada por conflitos e cenas inesquecíveis. Dirigido por Victor Fleming, “... E o Vento Levou” (1939), é um dos clássicos de cinema que recebeu mais prêmios em toda a história de Hollywood.
Para quem preferir curtir essas clássicas histórias de amor no escurinho do cinema, aqui vai uma dica: Segundo a Folha.com- Ilustrada, o produtor de cinema Scott Rudin comprou os direitos da biografia "Rainha do Nilo, Cleópatra: uma Vida". Desta vez, a atriz escolhida para o papel foi Angelina Jolie, que assumirá o trono da rainha do Nillo, segundo o jornal "USA Today". O lançamento do filme está previsto para novembro deste ano.
Por Maria Oliveira
Publicado em Junho de 2010
2 comentários:
Está faltando Johnny Cash e June Carter. XD
14 de junho de 2010 às 06:51Amor
17 de junho de 2010 às 11:53dor
paixão
tesão
saudade...
Mariinha,sua matéria mexeu com meus sentimentos. Marielza.
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