terça-feira, 31 de agosto de 2010

TOC, TOC, TOC

Você sabia que comportamentos repetitivos podem esconder desvio psicológico? Verificar várias vezes se trancou a porta, antes de sair de casa. Levantar à noite para conferir se o gás está desligado. Lavar às mãos excessivamente. Só conseguir comer em um tipo de prato ou determinado posicionamento na mesa.

Quem viu o filme Melhor é Impossível lembra que a personagem de Jack Nicholson tinha hábitos parecidos como esses, que o tornavam “maluco” aos olhos dos outros. Mas tais rituais nada mais eram do que sintomas decorrente de TOC.

O que parece “manias” aparentemente inofensivas, pode esconder um quadro de transtorno obssessivo compulsivo. E embora seja apontado como modismo, o TOC é mais sério do que você imagina.

Calma! A primeira coisa que se deve saber antes de preocupar-se é diagnosticar se o que você tem não passa de uma simples mania. Manias são comportamentos repetitivos, motivados por superstição ou crença. Ou seja, é algo corriqueiro. Qualquer um pode ter hábitos que não geram efeitos em sua vida.

Como por exemplo pessoas que só levantam da cama com o pé direito. De tanto fazê-lo, vira rotina. E com o passar do tempo, vai no automático. Nem percebe que está fazendo. É involuntário.

Já Obsessões são pensamentos ou idéias. Impulsos, imagens, cenas, que invadem a consciência de forma repetitiva, persistente e estereotipada, seguidos ou não de rituais destinados a neutralizá-los.

Ao longo do transtorno o paciente é tomado por ansiedade ou desconforto acentuados. Ele tenta resistir, ignorar ou suprimi-los, com ações e pensamentos, reconhecendo-os como produtos de sua mente e não originados de fora.

Enquanto isso, compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa é levada a executar em resposta a uma obsessão. Ou ainda, em virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente.

São destinados a prevenir ou reduzir o desconforto gerado pela obsessão, algum evento ou situação temidos. Em geral não possuem uma conexão realística ou direta com o que pretendem evitar, ou são claramente excessivos.

Você tem TOC ou SOC?

Existe o SOC – sintomas obssessivos compulsivos. E o TOC – transtornos obssessivos compulsivos. A linha entre o SOC e o tipo leve de TOC é muito tênue, mas em geral o próprio paciente sabe que há algo errado.

Os portadores de TOC são críticos do próprio problema e consideram seu comportamento absurdo, mas não conseguem ter o controle da situação. O que acaba potencializando seu sofrimento.

Já os sintomas obsessivos são corriqueiros em nossas vidas. Pequenos rituais que não o tiram do eixo. Se não puder cumpri-los, isso não vai gerar nenhum tipo de penitência.

Enquanto a pessoa com TOC gasta até 15 horas concluindo seus rituais, o paciente com SOC não perde nem 10 minutos, caso se distraia com alguma outra atividade.

Grande parte da população sofre de SOC. Por exemplo, aquela pessoa que checa várias vezes se a porta do carro está trancada ou o gás desligado. É obsessivo porque ela precisa cumprir o ritual. E compulsivo por causa do número de repetições com que o executa.

De acordo com especialista, o SOC não interfere tanto na rotina do paciente. Embora pareça, não deve ser apontado como algo anormal. A não ser que se torne intenso. É aí que entra o TOC.

TOC é caracterizado pela presença de obsessões ou compulsões tão severas que fazem o paciente dedicar grande parte do seu tempo com elas, causando desconforto ou comprometimento.

Até bem pouco tempo o TOC era uma doença rara, tendo smente os casos mais graves diagnosticados. Hoje sabe-se que existem vários níveis do transtorno, embora sua prevalência seja baixa. Não chega a 2% na população brasileira, mas é uma doença incapacitante já que a pessoa fica refém de suas próprias obsessões.



Os comportamentos obsessivos são causados por pensamentos, ideias, impulsos ou imagens que invadem a consciência, contra a nossa vontade, de forma repetitiva e persistente. A compulsão é realizada como forma a neutralizar ou reduzir os efeitos da obssessão e os tipos mais comuns envolvem atos de limpeza, verificação ou controle, repetições e sequência.

Normalmente é acompanhada de ansiedade e desconforto. Por exemplo, uma musica que não sai da cabeça ou a ilusão que possa haver um bicho debaixo da cama. Nas crianças aparecem como impedimento em pisar nos riscos da calçada, obrigatoriedade de contar as árvores ou os carros , na rua.

Estas idéias obrigatórias, quando exageradas e promovedoras de significativa ansiedade ou sofrimento, constituem quadro patológico. Há casos em que o paciente desenvolve ideias obsessivas com impulso suicida, como saltar de uma janela. Ou de agressão, geralmente nos filhos. A obsessão é acreditar que, diante de um mal estar súbito, a pessoa venha a perder o controle e executar, impulsivamente, aquilo que sugere tais idéias.

A doença não tem momento para aparecer. Não se sabe ainda os motivos do seu desenvolvimento, em compensação ela pode aparecer por vários motivos. Ataque de fúria, após um grave acidente ou até por estresse.



Uma variedade de anormalidades biológicas também têm sido associadas ao transtorno obsessivo compulsivo, na tentativa de estudar as causas desse problema. Como nascimentos traumáticos, epilepsia do lobo temporal e aumento de atividade metabólica no giro orbital esquerdo, constatado pela tomografia por emissão de pósitrons em pacientes Obsessivo-Compulsivo

Antes do toque bater à sua porta

A similaridade entre Obsessões e Fobias foi observada pela primeira vez em 1878 por Westphal, criador do termo “Fobias Obsessivas”. Seriam medos que dominam a consciência, apesar da vontade do paciente de suprimi-los.

A obsessão de doença e contaminação pode ser entendida como uma fobia, medo em torno da possibilidade de sofrer qualquer tipo de doença.

Ainda que o fenômeno obsessivo seja distinto do fenômeno fóbico, é bom ter em mente que ambos podem fazer parte de uma mesma moeda. Ou seja, a fobia originando obsessão e vice-versa.

Se você suspeita ter TOC, o mais importante é tentar observar seu comportamento. Notar se está gastando mais tempo do que deveria com hábitos rotineiros e se eles estão lhe causando algum tipo de sofrimento ou ansiedade, capaz de interferir em suas atividades diárias e de relacionamentos afetivos, profissionais e financeiros.

Por Tatiana Bruzzi

Publicado em Agosto de 2010

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