terça-feira, 27 de julho de 2010

“Que o nosso amor seja eterno

enquanto”... não acabe

Que tempos os nossos, hein? E pensar que me dá saudade da época do namoro escondido, eu mesma fui partidária de um, e pensar que dá saudade de achar que beijo de língua engravidava, que roçar no namorado dava filho, que decote mais ousado te deixava com ar de “fácil”. Fácil?

E quem disse que a vida desta meninada hoje em dia é fácil? Eles nascem à 1 da manhã, às 4 já estão namorando de beijo na boca, ao meio-dia já tiveram sexo (nem me convençam a usar qualquer outra expressão pois tem gente da minha geração que até hoje não sabe “fazer amor”... quer saber? Pelo que vi outro dia, quem “fazia amor” era o Jece Valadão, ahahahah)...

As 6 da tarde já estão parindo o segundo ou terceiro filho. E quando dá meia-noite já estão cansados, frustrados, envelhecidos e esgotados moral e fisicamente. Ou seja, em 24 horas vão de crianças inocentes a garanhões e mulheres altamente descoladas. E isto só causa problemas mais sérios.

Senão, vejam só: esta menina , a Elisa. Como ela, e antes dela, houve outras, menos famosas, mais famosas, com mais sorte, com menos sorte. A Cláudia Lessin, na década de 70, moça de boa família, deprimida, com amigos mais milionários ainda, encontrou um trágico fim para suas agruras existenciais aos 21 anos, estuprada, asfixiada e jogada com pedras enroladas ao corpo, em plena Av. Niemeyer.

Mônica Granuzzo, jogada de um apartamento quando foi para lá com 3 rapazes e não topou fazer nada. Teve a menina da zona sul que foi (só) ridicularizada por todos da escola e da rua, sendo gravada fazendo sexo com o namoradinho. A menina da Barra da Tijuca, que topou perder a virgindade em uma festinha. Mas se arrependeu, acabou currada por menores (!) de idade, mais novos que ela, e largada em um matagal, teve...teve...teve.... São muitas, enfim.

Toda a hora tem alguém achando que elas mudam, vão se resguardar, que eles vão ser decentes. Mas se toda esta intrincada teia de relações que desde a Antiguidade deixa vítimas e algozes em evidência, e nos faz perguntar sempre a mesma coisa, “por quê?”, não muda nunca, a velocidade com que agora as relações começam no amor e terminam no ódio profundo, é maior.

Talvez movida por muitos, muitos megas. 100 megas, 100 vergonha, 100 pudor ou 100 moral. A velocidade é rápida, a promiscuidade maior, entre homens e mulheres da nossa época. Ficou difícil saber quem são as vítimas? São as que oferecem o pescoço ao sacrifício da degola procurando facão? Ou são os cretinos que acreditam que elas ainda querem só um abraço e um carinho?

Os algozes por acaso serão os que perdem a cabeça, e tudo o mais, quando se sentem humilhados, trapaceados, traídos em seu princípio de macheza. Princípio este consolidado por uma sociedade machista e patriarcal, onde a mulher “gosta” de ser dona de casa para ter o emprego de “esposa de jogador”, “esposa de militar” ou “esposa de político” ? Ou os algozes são aquelas que rebolam até o chão, que não são do tipo “que se entrega na primeira, mas melhora na segunda, e o paraíso é na terceira”?


Tudo muito confuso. Desde os valores que cada um deve desempenhar na conquista romântica até no papel que cada um vai escolher, para representar numa relação de futuro. Os valores estão efêmeros, o conteúdo não existe, as relações são insinceras, os sentimentos fugazes e vulgares, o amor virou uma letra ruim de pagode onde tudo começa na “cama” e acaba na “lama”.

Ou seja, não existe mais “felizes para sempre” para a maioria. Existe “ felizes enquanto você- me- banque- e- me- deixe- viver-em-paz- do-jeito-que-quero-e-acho-que-mereço”. Não existe o “amor da minha vida” (embora seja muito fácil encontrar no Orkut da rapaziada uns 10 “amores da vida” deles em até 6 meses do ano), existe sim o “prazer da minha vida”.

Chato isso. Eu acho que muita coisa poderia ser evitada só com o amor mesmo. Aquele que é cego, surdo, mudo, paraplégico... e pobre.
Por Fernanda Barbosa

Publicado em Julho de 2010

0 comentários:

 

©2009Espetaculosas | by TNB