quarta-feira, 31 de março de 2010

As Fraternidades...

e o american way of life


As tão popularizadas fraternidades americanas, que já eram populares por filmes como Porky’s (esse é para os amantes da década de 80) e American Pie, e sendo figurante constante em mais meia dúzia de filmes de Hollywood, tem uma criação tão curiosa quanto sua própria estrutura de funcionamento.

Na segunda metade do século XVIII estudantes universitários, para “classificar” seus heterogêneos grupos estudantis, os dividiram pelas aptidões de seus colegas. Surgiram diversas organizações como grupos literários, sociedades secretas (explicitado no filme Sociedade dos Poetas Mortos), times de futebol, clubes sociais, bem como fraternities (fraternidades), e estas últimas se constituíam em grupos fechados de estudantes, que residiam juntos em casas localizadas dentro ou na periferia dos campi e que, até hoje, podem ser identificadas por letras gregas nas suas fachadas.

As primeiras fraternidades eram apenas para estudantes do sexo masculino. Depois de alguns anos são fundadas as sororities (sóror significa irmã) para estudantes do sexo feminino. As várias fraternities e sororities, espalhadas por todo o país, formam o Greek system, ou seja, o sistema grego, que as une nacionalmente para que tenham maior organização. O sistema funciona como uma rede de apoio e contatos sociais, quase uma maçonaria juvenil com regras explícitas, algumas bizarras e muitas lendas. Mediante ele os estudantes contam com apresentações e/ou recomendações, que podem facilitar a busca de estágios, empregos, empréstimos e outras facilidades. Contam também com uma identidade que os diferencia.


Para pertencer a uma fraternity não basta pagar mensalidade, é preciso se candidatar e ser escolhido. Mas há também critérios de família, como algumas tradicionais fraternidades que elegem seus membros pela tradição de seus parentes que já pertenceram a elas. O candidato preenche uma ficha com fotografia, dados pessoais, e especificam as razões pelas quais elegeu tal fraternidade para pertencer. Quem escolhe os novos sócios são os antigos residentes. Não sem antes fazer uma bateria de trotes e “testes”, capazes de corar os estudantes veteranos da Unicamp que andam por aí matando um e outro novato...

A Phi Beta Kappa foi a primeira sociedade de cultura grega, fundada em 1776 no College of William and Mary. Até hoje ainda é uma sociedade literária, lugar para debates intelectuais. O sigilo e os rituais das fraternidades sociais modernas começaram com ela.

O interessante, como foi citado anteriormente, é que um inscrito que tenha alguém da família que pertence ou pertenceu a uma fraternity, possui chance maior de ser escolhido, graças ao legacy, ou seja, seu legado.

Existem alguns rituais referentes à passagem da condição de candidato a membro da organização, ou seja, brother (irmão). Ele deve enfrentar desafios que lhe são impostos para mostrar ser merecedor de fazer parte da organização. A cada um dos novos membros selecionados é designado um irmão mais velho, que já mora na residência, para orientar o novato em termos de adaptação à vida no college e na fraternity. Existe todo um ritual de acolhimento aos novos sócios.

Uma vez irmão, se é irmão por toda a vida. Que o digam Obama, Bill Clinton, Nicholas Cage, Sandra Bullock, entre outras tantas celebridades americanas O pertencer a uma fraternidade exige lealdade, pois a ligação com ela não se encerra com a obtenção do diploma do college (que aqui equivale ao nosso Curso Superior). Ela, de fato, continua e se deve expressar de várias maneiras, desde o apoio a obras sociais, a ajuda para a construção de residências universitárias para novos membros até o apoio financeiro ao college.

No Brasil, não há equivalentes para fraternidades e irmandades. Os grupos poderiam ser definidos como um misto de repúblicas e centros acadêmicos, mas nem de longe reproduzem a verdadeiras seitas que se tornaram certas fraternidades.

A série Greek, que é exibida no Universal Channel, tenta aproximar outros países e desmistificar o ambiente das fraternidades. Os grupos, como se apresenta na série, são sediados em mansões onde moram os integrantes mais antigos. As casas são palcos de festas, regadas a muito álcool e sexo (pelo menos é o que mostra a série de uma maneira bem leve).

Algumas fraternidades sociais são bem diferenciadas - existem as judaicas, cristãs, negras e até as gays. Além dessas, existem também as fraternidades profissionais, as acadêmicas e de serviços. Essas fraternidades são de escolas mistas. Dependendo do tipo, podem ser limitadas pela maior nota ou pela sua média.

Muitos ex-alunos permanecem ativos e envolvidos nas reuniões de sua fraternidade, voltando aos jogos de futebol e eventos de iniciação e agito. Alguns continuam dando dinheiro para os reparos na casa e outras necessidades da fraternidade.

Algumas representações políticas americanas, inclusive, são fortemente fundamentadas nas representações sócias que marcam perenemente os irmãos e irmãs das “Fraternidades”.

Por Fernanda Barbosa
 
Publicado em Setembro/Outubro de 2009

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