segunda-feira, 29 de março de 2010
Do tempo da vovó
Adolescentes adotam os velhos diários de papel
Eles são pequenos e podem ser carregados em bolsas, mochilas, pastas e até nas mãos. Apesar do tamanho, são capazes de guardar seus maiores segredos. Ótimos conselheiros, nunca irão questionar suas atitudes e muito menos virar-lhe as costas. Quer dizer, a não ser que o deixe de lado e abandone-o, no fundo de uma gaveta qualquer.
Numa época onde tudo é digitalizado e a globalização já não é mais um bicho-de-sete-cabeças, adolescentes deixam de lado o uso de blogs e fotologs para descobrir o prazer de escrever nos diários de papel. Caderninhos, agendas ou o próprio diário, com direito a chave e cadeado, não importa. A graça está em registrar pensamentos, sonhos, medos ou simplesmente fatos do dia-a-dia.
Se na época de nossas mães e avós o grande barato era colocar para fora o que não tinham coragem de relatar com qualquer um, hoje muitas jovens veem nos diários uma alternativa de, mais tarde, dividir experiências, recordar momentos marcantes ou ainda rir, e chorar, com histórias já vividas. Além disso, ele é um ótimo confidente para os tímidos, que precisam lidar constantemente com as dificuldades em se expressar. “Quando criança era uma menina muito tímida. Seguindo o conselho da minha mãe, adepta do diário na juventude, comecei a escrever. Na época estava com nove anos. Hoje, não consigo mais me ver livre dele”, admite Mariana Sabah, 19 anos.
Segundo Mariana, assim como ela suas amigas também são a favor das anotações no papel. E, mesmo admitindo que possuem perfis em sites de relacionamentos, como Orkut e Facebook, garantem que ao contrario do caderninho, na internet não se pode colocar qualquer coisa. “A historinha de hoje pode tomar uma proporção maior do que a esperada”, observa Fernanda Tavares, 17 anos.
A jovem ainda aproveita para frisar que um diário é algo muito íntimo e pessoal. Por isso, ela não concorda nem mesmo em “abrir” seus segredos para as pessoas. “Conheço meninas que trocam seus diários com as amigas. Não concordo, mesmo se tratando de uma pessoa muito confiável como mãe ou irmãos”.
Não dá para negar, quem se acostumou a fazer anotações em diários ou agendas, não consegue se livrar tão facilmente do vício. E muitas vezes, para que isso se concretize, ou sua rotina não seja interrompida, o jeito é dar um crédito de confiança. Em depoimento ao jornal Folha de São Paulo, a estudante de jornalismo Ana Carolina Ferreira, 21 anos, conta que durante as férias esqueceu sua agenda na faculdade. Como não sabe ficar sem escrever nela, combinou com uma amiga de enviar por e-mail suas anotações, para que ela atualiza-se em seu lugar. “Foi a maior prova de amizade que eu já dei para alguém”, confessa.
A volta dos diários convencionais entre jovens e adolescentes tende a provocar uma queda na procura pelos eletrônicos. E isso já tem sido notado no mundo dos negócios virtuais. De acordo com dados do site Technorati, responsável pela monitoração da blogosfera, há dois anos cerca de 120 mil diários eletrônicos eram criados por dia. Já em 2007, o número total de blogs registrados chegava a 70 milhões e hoje, não deve passar dos 100.
Quando o objeto se torna a personagem principal
Sucesso entre o sexo feminino, o diário já serviu de papel principal para um grande sucesso do cinema. Quem nunca viu, ou ouviu falar no filme O Diário de Bridget Jones? A produção narra a história de uma mulher, já na casa dos trinta, que insatisfeita com sua vida pessoal e profissional decide, na noite do ano novo, tomar o controle de sua própria vida.
A primeira decisão de Bridget (vivida pela atriz Renée Zellweger) é escrever um diário narrando cada passo tomado durante o dia. Além disso, ela registra no caderninho suas opiniões sobre os mais diversos assuntos. Principalmente sua vida amorosa. O livro acaba se tornando o mais provocativo, erótico e histérico de todos os tempos.
A primeira decisão de Bridget (vivida pela atriz Renée Zellweger) é escrever um diário narrando cada passo tomado durante o dia. Além disso, ela registra no caderninho suas opiniões sobre os mais diversos assuntos. Principalmente sua vida amorosa. O livro acaba se tornando o mais provocativo, erótico e histérico de todos os tempos.
Fez tanto sucesso que recebeu duas indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. Além disso, rendeu uma continuação denominada Bridget Jones – No limite da Razão. Já o livro, escrito por Helen Fielding, que deu origem ao filme, foi consagrado um fenômeno editorial ao permanecer na lista entre os mais vendidos, no final da década de 90.
Por Tatiana Bruzzi
Publicado em Fevereiro de 2009
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