quarta-feira, 31 de março de 2010
Os melhores anos do resto de muitas vidas
Quando o Espetaculosas resolveu fazer uma edição em homenagem aos anos 80, logo me veio à cabeça lembranças agradáveis da minha infância e pré-adolescência. Afinal, é dessa década que extraí minhas influências em relação a arte e cultura.
Cinema, música, TV... O acervo de sucessos que surgiram na década de 80, ou tiveram seu auge nessa época, é tão rico que muitos ainda se mantém no topo, em termos de popularidade. Quantas foram as bandas que fazem sucesso até hoje? Sem contar os filmes que, mesmo sendo produções do século passado, ainda possuem o dom de encantar muita gente. A ponto de ganhar remakes, como foi o caso de Star Wars (1999).
E ainda as séries e desenhos, que saíram das telinhas para conquistar as telonas, como As Panteras, O Incrível Hulk, Transformers e as trilogias de Batman e Homem Aranha.
É por isso que agora eu convido você a pegar “carona nessa calda de cometa” em direção a Viagem ao Mundo dos Sonhos e relembrar, ou conhecer, tudo de bom que os anos 80 trouxe para a minha, a sua e muitas gerações. Além de entender porque essa época merece tantas comemorações.
A era de ouro do cinema adolescente
Música, cinema, videogames e a globalização da cultura Pop fazem dos anos 80 uma época nostálgica, mesmo para quem não viveu aqueles tempos. Aos jovens brasileiros a década trouxe ainda um clima de liberdade, conquistada graças ao final da ditadura militar (1985) e todo seu processo de redemocratização.
No cinema, a hegemonia dos filmes “teens” rendeu muitos clássicos como Gatinhas e Gatões (1984), Clube dos Cinco (1985) (ambos de Howard Deutch), Os Goonies (Steven Spielberg, 1985), Conta Comigo (Stephen King, 1986) e Negócio Arriscado (Paul Brickman, 1983). Nesse último, o até então desconhecido Tom Cruise interpreta um jovem estudante que aproveita uma viagem dos pais para andar no Porshe da família e faturar uns trocados, transformando sua casa em bordel. O filme é emblemático dos valores que a década trouxe. Uma juventude mais pragmática e menos ideológica, que faz da busca por sexo e dinheiro um ideal de vida sem nenhum constrangimento.
Tempos mais tarde, Tom Cruise iria se consagrar definitivamente como o personagem Maverick, em Top Gun – Ases Indomáveis (Tony Scott, 1986). Entre as imagens clássicas dos anos 80, não podemos esquecer do piloto de caça da Marinha norte-americana, com seus óculos escuros (Ray Ban) e jaqueta de couro, em cima de uma moto Kawasaki Ninja 900. Aliás, muitas garotas vão concordar comigo. Nunca se viu Tom Cruise tão gato!!! Destaque ainda para o hit “Take My Breath Away”(Berlin), tema romântico de Maverick e da instrutora Charlie Blackwood, interpretada por Kelly McGillis.
No mesmo ano o diretor John Hughes faria outro líder de audiência teen denominado A Garota de Rosa-Shocking, O filme, baseado na história de uma garota pobre que se apaixona por um jovem rico, retratou muito bem a moda e o comportamento adolescente da década. E o que é melhor, com direito a uma trilha sonora que incluía composições de New Order e Echo & The Bunnymen.
Mas, entre os sucessos que simbolizam o espírito da década e mostram a força do cinema para adolescentes, o título de “clássico maior” com certeza pertence ao filme Curtindo a Vida Adoidado (John Hughes, 1986). Nele Mathew Broderick interpreta o adolescente Ferrys Bueller, que mata um dia de aula para vivê-lo como se fosse o último de sua vida. E em grande estilo, já que estava a bordo de uma Ferrari anos 60 e acompanhado do melhor amigo e da namorada. Destaque para a cena da parada na rua, em que ele invade um carro alegórico e comanda o desfile ao som de “Twist and Shout”, dos Beatles.
ET telefone minha casa
A era do cinema para adolescentes que foi os anos 80 também trouxe à tona as superproduções de diretores como Steven Spielberg, Robert Zemeckis e George Lucas. A começar pela saga do arqueólogo, aventureiro e professor nas horas vagas Indiana Jones, que teve os três primeiros episódios na década: Os Caçadores da Arca Perdida (1981), O Templo da Perdição (1984) e A Última Cruzada (1989).
Entrando na era da ficção, tivemos as idas e vindas no tempo de Marty McFly e do cientista Emmett Brown em De Volta Para o Futuro, que aconteceram entre os anos de 85 e 90. E o grande legado de Guerras nas Estrelas, que também ajudou a consolidar a hegemonia do cinema teen com as seqüências O Império Contra-Ataca (1980) e O Retorno do Jedi (1983), e colocar o inimigo Darth Vaider no clã dos vilões mais temidos da história.
No começo da década, dois clássicos de Francis Ford Coppola – Vidas Sem Rumo (1982) e Rumble Fish (1983) – abordaram os dramas da adolescência e lançaram uma nova geração de jovens atores como Tom Cruise, Ralph Macchio, Emílio Estevez, Matt Dillon, Nicholas Cage e Rob Lowe.
Como nem só de cinema para adolescentes foi feita a década de 80, a produção de filmes cultuados pelos estúdios de Hollywood nunca esteve tão em alta. Títulos como Blade Runner – O Caçador de Andróides (Ridley Scott, 1982) mudaria o rumo das ficções científicas nas telonas. Além disso, o diretor Brian de Palma lançaria dois clássicos do cinema contemporâneo: Scarface (1983) e Os Intocáveis (1989).
A onda dos mangás começaria a conquistar o mundo com a animação meio cibernética, meio punk de Akira (Katsuhiro Otomo, 1988). E mais, David Lynch com Veludo Azul (1986), Spike Lee com Faça as Coisas Certas (1989) e Jim Jarmusch com Stranger Than Paradise (1982) e Down By Law (1983) mostraram a força de um cinema independente e alternativo, em relação aos padrões hollywoodianos.
Além disso os anos 80 foi a época em que mais se criou personagens populares, seja por sua simpatia, seja pelo medo que causaram. Seguindo a linha de O Exorcista (1973), filme que marcou para sempre a vida de Lynda Blair no papel de Regan MacNeil, quem não se lembra de Carol Anne – Poltergeist (1982), Jason Voorhees - Sexta-Feira 13 (1980), Michael Myers - Halloween (o primeiro filme foi lançado em 78, já o segundo em 82) e Freddie Krueger - A Hora do Pesadelo(1984)?
Porém, nenhuma personagem caiu mais na graça de crianças e adultos do que o simpático “etezinho” do filme ET – O extraterrestre. Mais uma produção do genial Steven Spielberg, o longa foi lançado em 1982 e entrou para a história do cinema como o primeiro a superar a casa dos 700 milhões de dólares de faturamento, nas bilheterias de todo o mundo.
Para finalizar, o Brasil não ficou de fora da onda pop-rock e lançou um cinema também focado no público adolescente. Pelas mãos de Antônio Calmon tivemos Menino do Rio (1981) e Garota Dourada (1984). Já Lael Rodrigues foi o responsável por Bete Balanço (1984) e Rock Estrela (1986). Produções que revelaram o estilo de vida da juventude carioca, embalados pelos sucessos da nova música jovem no país.
Por Tatiana Bruzzi
Publicado em Abril de 2009
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