quarta-feira, 31 de março de 2010
O homem na berlinda
Muito calor, praias lotadas e o cenário típico do verão se completa com barracas e cadeiras multicoloridas, espalhadas pela areia. Esta é a melhor época para homens e mulheres exibirem suas formas perfeitas, resultado de meses de sacrifício e muita malhação. Então, as cariocas lançam o biquini da moda e espalham pelo mundo a fama de irresistíveis. Os homens podem negar isso, mas estudos baseados em Freud e Lacan afirmam que todos tendem a pensar nas mulheres como objetos - principalmente quando elas estão de biquíni. Primeiro eles olham o corpo, o rosto passa a ser secundário nesse jogo de sedução.
Segundo a psicanalista Malvine Zalcberg, autora do livro Amor paixão feminina, todo desejo implica numa falta. Para o homem, portanto, “a fantasia lhe permite ver a parte perdida dele mesmo no corpo do outro, o parceiro sexual, no caso a mulher”. Para Lacan, esse modo de amar do homem tem uma semelhança com a relação que o sujeito de estrutura perversa mantém com seus objetos. Nesse contexto, quando o homem “faz amor“, trata-se de poesia, mas seu “ato de amor” implica um modo perverso de amar. Esse modo fetichista de amar tem valor de troca por aquilo que o homem perdeu.
O ponto importante nessa análise é que, tal modo de amar do homem é o que faz a mulher sentir-se verdadeiramente feminina. Por conta disso, o medo da perda do amor, desse desejo que ela desperta no homem, desencadeia nas mulheres alguns distúrbios como baixa autoestima, depressão e, em casos extremos, a automultilação. Não por acaso, a mulher recorre à cirurgia plástica, investe na aparência e consome produtos de beleza para se ajustar aos padrões estéticos atuais. Sem falar na corrida à loja de artigos eróticos, para comprar aquilo que a suposta ou verdadeira amante usaria. Tudo para cativar o homem, como prova de que ela aceita ser o seu objeto de desejo.
Se a mulher é o objeto de desejo do homem, ele também deve investir nessa conquista, sabendo-se que essa forma fetichista de amar dele não basta para a mulher se sentir segura. Ela precisa ouvir do outro que é amada e desejada. Não basta parecer que é. Para a mulher, a palavra vale tanto quanto o ato de amor. Assim define Lacan sobre o silêncio do homem “que não compreende nada do amor na medida em que para ele basta o gozo”. Por conta disso, a mulher norteia sempre as fantasias do homem que, na ausência dela, se contenta com revistas e filmes pornográficos que alimentem sua imaginação.
Mas, como prova do valor imprescindível desse sedutor para o equilíbrio da espécie na Terra criaram o Dia Internacional do Homem, comemorado em 19 de novembro. Segundo a Unesco, os objetivos principais dessa homenagem são melhorar a saúde dos homens (especialmente dos mais jovens), melhorar a relação entre gêneros, promover a igualdade e destacar papéis positivos de homens. É uma ocasião em que eles se reunem para combater o sexismo e, ao mesmo tempo, celebrar suas conquistas e contribuições na comunidade, família, casamento e na criação dos filhos.
Por Maria Oliveira
Publicado em Novembro/Dezembro de 2009
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