segunda-feira, 29 de março de 2010

A grande oportunidade

Como jornalista e professora de inglês, existem lugares que eu sempre sonhei em conhecer. O primeiro deles era os Estados Unidos, onde tive a oportunidade de morar quando tinha meus 18 anos. O segundo lugar era a Inglaterra, já que minha mestra em inglês vivia me falando sobre as coisas lindas que eu veria lá. O terceiro era a Itália, pelo romantismo, beleza, língua, enfim, pelo conjunto da obra.

Com o primeiro sonho realizado, era hora de partir para o segundo, mas, como todos sabem, viajar para a Europa é muito caro. Então, com a idéia de fazer uma viagem (sem data marcada), comecei a juntar um dinheirinho todo mês. O que valeu muito a pena porque no final do ano passado a oportunidade surgiu. Minha irmã foi chamada para trabalhar em Munique, na Alemanha e eu, por tabela, aproveitei a hospedagem 0800 e fiz minhas malas.

Foram 30 dias de viagem. Conheci um pouco da Alemanha, Inglaterra, França e Áustria. Vi coisas que nunca teria imaginado que veria. É difícil explicar as sensações que a Europa pode proporcionar até a mais simples das pessoas. Não importa se você conhece a história do mundo, ou se é fã de arquitetura ou tecnologia, o que importa é que você é tocado por tudo a sua volta.

Quando saí do Brasil, eu não sabia nada sobre Munique. Nunca tive vontade de conhecer a Alemanha. Mas confesso que essa pequena cidade foi a que mais me impressionou em toda a viagem. E te conto por quê.

Munique fica na região da Baviera, ao sul da Alemanha. A cidade é calma, limpíssima, muito organizada com suas ciclovias dividindo as calçadas (quase fui atropelada por uma bicicleta logo quando cheguei), um silêncio que é difícil se encontrar até mesmo dentro de nossas casas no Brasil. O choque cultural é imenso.

A cidade tem uma arquitetura simples, colorida em tons pastéis, mas reserva em alguns pontos prédios antigos e medievais que tiram nosso fôlego. Foi essa minha reação a primeira vez que me deparei com o prédio da prefeitura, imponente ao centro de uma praça chamada Marienplatz. Ao longo da cidade, encontramos diversos parques, extensos e muito bem cuidados, onde é possível patinar ou caminhar sobre os grandes lagos congelados no inverno, ou tomar sol e banho no verão.

Munique é a terra da cerveja. E tem cerveja em todos os lugares, de todas as formas. Munique é a cidade dos cachorros grandes, como labradores, que entram nas lojas, nos metrôs, não latem e parecem pessoas comuns ao se movimentarem pela cidade. Aliás, ouvi dizer por lá que os alemães são obrigados a passearem com seus cães duas vezes ao dia, faça frio ou faça sol.

Munique é a terra em que ônibus e trans (uma espécie de bondinho que corta a cidade) chegam sempre na hora marcada, só saem da estação depois que todos os passageiros estão acomodados, respeitam os sinais de trânsito e alguns transportes se elevam ou abaixam para alcançarem o nível da calçada, prevenindo tombos.

Munique tem muitas baladas animadas nos fins de semana, tem festivais durante a primavera e o verão, como o famosíssimo Octoberfest, tem feiras no natal, lojas de marcas famosas a preços razoáveis no início do ano durante uma super liquidação, tem árvores de natal com luz de velas ao invés de lâmpadas eletrônicas como usamos aqui no Brasil.

Munique é a casa da BMW e da Audi. Mas têm em suas ruas vários carrinhos chamados “smart” onde apenas duas ou uma pessoa consegue entrar. Munique é a casa do Bayern de Munique, time famoso de futebol europeu, e lá temos ainda a Allianz Arena, estádio do Bayern.

Não é preciso dizer que me apaixonei por Munique, não é?

Exemplo de honestidade e organização

Munique tem um sistema de transporte em que não existem catracas. O bilhete é comprado na estação e você deve carimbá-lo e guardá-lo com você. Ele pode valer pelo dia, pela semana ou mês, depende do tipo de bilhete que você comprar. Também há diferença de bilhetes para diferentes zonas da cidade.

Este mesmo bilhete geralmente vale para o metrô, o trem, ônibus ou tran. Você não passará por um sistema que vai checar se você comprou o bilhete ou não. Você passa pelos transportes, vai e volta, com o bilhete na bolsa ou no bolso sempre.


Se o fiscal te abordar, você mostra o bilhete a ele e pronto. Se por acaso você não estiver com o seu bilhete, o fiscal lhe dará uma multa de 40 euros. Será que esse sistema funcionaria no Brasil?


Em todas as vezes que eu vi um fiscal abordando os passageiros eu nunca vi ninguém ser multado. Eles poderiam muito bem entrar e sair do metrô, contando com a sorte, e economizar alguns euros, mas não. Andar dentro da lei em Munique é estar tranqüilo de que você vai chegar ao seu destino sem problemas e ainda ter um transporte de qualidade. E bota qualidade nisso.

E nem pense em dar um jeitinho brasileiro e tentar “molhar” a mão do fiscal para não pagar a multa. Isso é cadeia na certa.

Tradição e curiosidade

Em Munique é proibido por lei construírem prédios que ultrapassem o tamanho do topo das igrejas. Por esse motivo, quando vamos a um lugar mais alto, conseguimos ver toda a cidade e, consequentemente, os topos das igrejas. Em dias nublados conseguimos ver os Alpes. Uma linda paisagem.


Assim como nossa tradição de comer rabanada ou o peru no Natal, na Alemanha o quitute mais esperado nesse dia são os biscoitos feitos em casa. Eles tem forma de estrela, rodelinha, árvore entre outros, e tem sabores diversos como baunilha, chocolate, avelã, marzipan, uhmm... E por falar em comida, o turista na Alemanha há de experimentar as salsichas, o catchup e a mostarda.


Na próxima reportagem conto como foi minha experiência na Inglaterra, França e Áustria.

Por Carolina Andrade
 
Publicado em Fevereiro de 2009

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