segunda-feira, 29 de março de 2010
Uma mulher de raça
"Sou o que sou porque era obrigada a ler todos os dias e me agarrei aos estudos. Daí vem a minha força” (Revista Raça Brasil). Mulher de fibra, corajosa e excelente apresentadora, no mês em que os EUA elegeram o primeiro negro como presidente, o perfil não poderia ser mais adequado já que falamos de uma personalidade que conquistou respeito e admiração da sociedade.
Da vida complicada a apresentadora Oprah Winfrey guarda na lembrança violência sofrida e envolvimentos com homens que não lhe fizeram bem, além da falta de dinheiro, briga com a balança e batalhas em busca do peso ideal. Sem nenhum dinheiro no bolso, porém com muitos sonhos na cabeça, um dia decidiu ir em busca de seus objetivos. E conseguiu.
Apontada hoje como uma das personalidades mais influentes do século 20, ao lado de Martin Luther King, Charles Chaplin e Pablo Picasso, Oprah Winfrey se tornou diva da sociedade norte americana e foi eleita a terceira celebridade mais rica do mundo, perdendo apenas para Mel Gibson e o jogador de golfe Tiger Woods. Tudo isso graças ao seu programa The Oprah Winfrey Show, onde a apresentadora trata de assuntos hora polêmicos, outros banais, como se estivesse num grande bate papo. Distribuído em mais de cem países, inclusive o Brasil, o programa é líder de audiência no mundo todo, há mais de vinte anos.
Oprah Gail Winfrey nasceu em 1954, no Estado do Mississipi. Criada pela avó paterna, a menina precoce aos três anos já recitava versos na igreja e aprendeu a ler sozinha. Rejeitada pelas crianças, por ser obesa e ter uma inteligência acima da média, sempre buscou alento na Bíblia. Um dia, entediada com o jardim de infância, escreveu à professora para passar a uma fase mais adiantada. E foi assim que pulou da pré-escola, à terceira série primária.
Quando estava com nove anos, sua mãe reapareceu querendo sua guarda. Como não aceitava a seriedade militar do pai, e tinha receio da vida que levaria com a mãe, fugiu de casa e foi morar com uma tia. Lá, foi molestada e estuprada pelo primo. Engravidou aos 14 anos e por isso voltou a morar com a mãe. Perdeu a criança, morta uma semana após o nascimento. Sem saber o que fazer da vida, passou a cometer pequenos furtos, o que acabou provocando sua ida para um reformatório.
Após ser expulsa de lá, resolveu dar um rumo a sua vida. Levou a sério os estudos e acabou ganhando uma bolsa em um colégio da alta sociedade, freqüentados por brancos. Sofreu muito com o preconceito, mas respondia às provocações a altura, através de seus conhecimentos. Simpática e determinada, tornou-se popular graças as sua notas altas. Nessa mesma época, venceu um concurso e como prêmio, recebeu o convite para visitar uma famosa rádio local. Os diretores ficaram tão encantados com sua voz que resolveram lhe dar uma chance.
Nasce uma estrela
Virou repórter de rádio, aos 17 anos, em Nashville. Estudou Comunicação Social e Artes Performáticas. Tornou-se a primeira apresentadora negra a comandar um telejornal, quando foi parar na TV no papel de âncora, em um noticiário. Em 1976, passou a co-apresentadora de um quadro de entrevistas, em Baltimore, e criou seu estilo próprio de entrevistar.
Dez anos mais tarde, recebeu um convite de uma grande emissora para tentar salvar o programa AM Chicago da baixa audiência. Fez tanto sucesso que, em menos de um ano, o canal mudou o nome da atração para The Oprah Winfrey Show e passou a veiculá-lo em rede nacional.
Hoje, 20 anos depois, ninguém duvida do poder de Oprah como formadora de opinião. Conhecida por falar o que vem à cabeça, numa viagem para Forsyth Country, cidade da Geórgia que não permitia a entrada de negros, discutiu com os envolvidos na reportagem e acabou desencadeando manifestos anti-segregacionistas no mundo inteiro. E nos anos 90, um especial sobre a Ku Klux Klan impulsionou a luta pelos direitos civis.
Dizem que, basta ela comentar gostar de determinado livro, para a obra esgotar nas lojas. Durante a crise da vaca louca, a apresentadora disse que tinha medo de comer carne bovina contaminada e, por isso, passaria a consumir apenas frango. Milhares de americanos deixaram de comprar hambúrgueres, provocando uma queda nas vendas. A indústria do gado moveu um processo contra Oprah, que acabou ganhando a causa.
Entre as passagens mais engraçadas no seu sofá, destaque para a indagação sobre a suposta virgindade de Michael Jackson, se Whitney Houston apanhava do marido e ainda, como Hillary Clinton se sentia em relação à traição do, então presidente, Bill Clinton.
Assim como os convidado, Oprah também faz revelações no seu programa. Durante um debate sobre drogas, ela confessou que já foi viciada em craque. Já em outro episódio, confidenciou comer compulsivamente a ponto de devorar 12 hot-dogs de uma só vez.
Ganhadora de inúmeros prêmios, entre eles o Emmy de melhor apresentadora, a jornalista sempre gostou de atuar. Chegou a ser convidada por Steven Spielberg para participar do filme A Cor Púrpura, onde brilhou no papel da sofredora Sofia.
Oprah em números:
- Fortuna pessoal - está avaliada em mais de US$ 1 bilhão.
- Faturamento anual - em torno de US$ 700 milhões.
- Prêmios: recebeu 39 Emmy Awards e pediu que seu nome fosse retirado das futuras indicações.
- Sucesso da revista - O - The Oprah Magazine faturou mais de US$ 200 milhões em 2004. Atualmente, é uma das principais do segmento feminino.
Por Carolina Andrade e Tatiana Bruzzi
Publicado em Novembro de 2008
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