sexta-feira, 26 de março de 2010
Caipiras invadem às passarelas
Ir a uma festa junina sem estar vestido de caipira, é como curtir o carnaval sem se fantasiar. É nessa ápoca do ano que abusamos dos vestidos de chita, chapéus de palha e calças remendadas. Para elas, a maquiagem carregada não pode faltar, assim como as marias chiquinhas no cabelo. Já o visual dos meninos ficam por conta de uma leve barbicha e o famoso dente pintado de preto, representando a falta dele.
A origem da roupa, cheia de remendos do caipira, tem versões diferentes. Há historiadores que explicam que a idéia de usar os remendos surgiu para igualar as classes sociais nas festas. Com todos usando roupas remendadas não haveria diferenças. Outros dizem que foi a figura do Jeca Tatu, personagem do escritor Monteiro Lobato, representado por um homem simplório, com roupas esfarrapadas, vítima de sua própria ignorância. Mas ele acabou por criar uma imagem preconceituosa ao caipira, a figura principal das festas juninas.
É por isso que hoje em dia muitos dizem que o estereótipo de caipira, que usa chapéu de palha desfiado e roupas remendadas, não se aplica às quadrilhas tradicionais. Isso porque o verdadeiro caipira quando vai à festa, veste sua melhor roupa. Para dançar a quadrilha caipira, os homens devem estar bem trajados e as mulheres com vestidos de chita ou saias rodadas, mas sem remendos nas peças.
Vitimas de reclamações por uma parte das pessoas, há tempos que as quadrilhas se diferenciaram um pouco dessas originais, derrubando de vez o mito do caipira como uma pessoa mal arrumada. Se antes as roupas eram mais rústicas (ou simples), hoje há versões mais luxuosas que nada lembra os modelos nordestinos brasileiros ou caipiras mineiros. Aliás, há roupas que mais parecem as baianas de uma escola de samba.
Luxuosa ou rústica, não importa. A graça mesmo está em entrar no espírito da comemoração e dançar quadrilha. Não se pode esquecer que elas são o apogeu de uma festa junina, já que representam o desfecho do casamento na roça. A cerimônia, sempre marcado por problemas, só termina quando os convidados reverenciam os noivos através da dança.
E aí, animados para dançarem quadrilha? Minha dica é que vocês brinquem. Independente do modelito escolhido, o bom é que no final todo mundo se entende.
Por Roseane Marassi
Publicado em Julho de 2008
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