sexta-feira, 26 de março de 2010

Estudantes lutam por melhor ensino

Não é de hoje que a educação é alvo de contradição

Você já ouviu falar em furacão humano? Pois foi o que aconteceu no ano de 1968. Uma verdadeira insatisfação estudantil balançou o mundo. Até o filósofo Jean-Paul Sartre confessou, dois anos após os acontecimentos de maio/1968, em Paris que ainda estava pensando no que havia acontecido, e não tinha compreendido muito bem: “não pude entender o que aqueles jovens queriam...então acompanhei como pude...fui conversar com eles, mas isso não queria dizer nada” (Situations X).

Além da França, México e países da América Latina participaram deste evento que acarretou a morte de muitos inocentes. E no Brasil não foi diferente. No dia 26 de junho de 1968, cerca de cem mil pessoas ocuparam as ruas do centro do Rio de Janeiro e realizaram o mais importante protesto contra a ditadura militar até então.

A manifestação, iniciada a partir de um ato político na Cinelândia, pretendia cobrar uma postura do governo para os problemas estudantis. Ao mesmo tempo, refletia o descontentamento com o governo. Na ocasião, além dos estudantes, participaram intelectuais, artistas, padres e um grande número de mães.

O movimento se tornou a principal forma de oposição ao regime militar um ano antes. Até que nos primeiros meses de 68, manifestações foram reprimidas com violência. Os estudantes protestavam não apenas contra a ditadura, mas à política educacional que o governo adotava, onde demonstrava tendências á privatização. Este possuia dois sentidos: o ensino pago (principalmente no nível superior) e o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão de obra especializada).

Essas manifestações, foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a subordinação brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. Mesmo com prisões e arbitrariedades, marcas da ação do governo em relação aos protestos, a repressão atingiu o apogeu no final de março, com a invasão do restaurante universitário "calabouço", onde foi morto Edson Luís, de 17 anos. Esse fato comoveu e revoltou todo o país, além de acirrar os ânimos e fortalecer a luta pela liberdade.

Enquanto o cortejo fúnebre era acompanhado por 50 mil pessoas, aconteceram diversos confrontos no Rio de Janeiro.

Nos outros estados, o movimento estudantil também ampliava seu nível de organização e mobilização. Em Goiás, a polícia baleou 4 estudantes, matando um deles, Ivo Vieira. Durante todo o ano de 68 as manifestações estudantis ocorreram, assim como intensificou-se a repressão, até a decretação do AI-5, em 13 de dezembro.

Por Roberta Marassi
 
Publicado em Junho de 2008

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