sexta-feira, 26 de março de 2010
Entrevista - Lucinha Araújo
mãe do Cazuza
ES: Defina como foi para a senhora ser mãe em pleno fim da década de 50, época de ouro no campo cultural e político (com a Bossa Nova, Governo Juscelino), em que a sociedade brasileira sofria certa glamourização?
LA: Acho que ser mãe é sempre igual. Não vejo diferença entre as épocas, seja no governo Juscelino, Ditadura ou qualquer regime.
ES: Dizem que mãe é tudo igual, só muda de endereço. Se compararmos as mães daquela época com as atuais acredita que existem muitas diferenças? Como a senhora acha que elas reagem a essa progressão?
LA: Acho que já respondi na pergunta anterior. A única diferença que vejo é que hoje as mães passam mais tempo fora de casa, porque tem que participar no orçamento da família. Mas acho que é mais ou menos isso: só muda de endereço.
ES: Em sua opinião, de lá para cá o que mudou na relação entre mãe e filho?
LA: Depende da mãe e depende do filho.
ES: Quem conhece a história do jovem Cazuza, vê a figura de um rapaz que inspirava alegria, inteligência, independência e rebeldia. Fruto de um quadro referente à época (anos 80). Sendo assim, a senhora acredita que tenha sido uma mãe muito rígida?
LA: Acredito que tenha sido uma mãe muito rígida, embora não aconselhe ninguém a fazer isso. Acho que o criei-nos mesmos moldes em que fui criada.
ES: Qual o momento mais marcante da Lucinha mãe com o Agenor filho?
LA: Meses antes de sua morte, já bem doente, ele virou-se para mim e disse uma frase que nunca mais esqueci “mãe, aconteça o que acontecer eu vou estar sempre junto de você”. Há 18 anos sinto isso.
ES: Como a senhora lidou diante da posição de, primeiro ser esposa de uma pessoa muito ilustre e logo depois, a mãe de uma celebridade?
LA: Com muita humildade e orgulho, pois não é para qualquer mulher conviver com duas pessoas ilustres e famosas.
ES: Quanto a Sociedade Viva Cazuza (instituição criado em prol de crianças portadoras do vírus HIV), o que a motivou a tocar esse projeto?
LA: Um trauma que o Brasil todo conhece e participou.
ES: Qual sua relação com aquelas crianças? Pode-se dizer que se sente um pouco mãe de todas elas?
LA: Com toda a certeza e honra e com toda responsabilidade e amor, me sinto um pouco mãe delas.
ES: Quais os procedimentos para quem deseja visitar e contribuir com a casa?
LA: As visitas à Sociedade Viva Cazuza são as quintas feiras, agendadas pelo telefone (21) 25515368 ou por e-mail vivacazuza@vivacazuza.org.br e as contribuições podem ser feitas de segunda a sexta feira, das 7 às 19 horas na Rua Pinheiro Machado 39, Laranjeiras ou através de depósito em nossa conta corrente: 26901-8, Banco Bradesco - Agência 0887-7.
ES: Por fim responda: “Só as mães são felizes?”
LA: Esta frase é uma utopia, porque nem todas as mães são felizes. Mãe só é feliz quando o filho é feliz.
Por Tatiana Bruzzi
Publicado em Maio de 2008
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