segunda-feira, 22 de março de 2010

Grande menina, pequena mulher

Nasci sentada e por isso, literalmente, de bumbum para lua (segundo o pediatra). Devido ao susto de ter me virado (por causa de um tombo) no ventre de mamãe, sempre fui muito nervosa. Quando irritada, jogava objetos longe e até cheguei a arrancar os cabelos. Às vezes ainda faço isso... Só a parte do objeto, é claro! Também cheguei a ficar debruçada na janela, correndo o risco de cair. Talvez seja por isso que, quando criança, sempre sonhava que estava me jogando.

Costumo dizer que já nasci jornalista. Quando pequena, perdia horas olhando o jornal mesmo sem saber ler. Seguindo conselhos médicos, meus pais passaram a me dar revistinhas em quadrinhos. Foi aí que surgiu minha paixão por leitura e, consequentemente, pela minha profissão. Meu sonho sempre foi estudar, aprender e, com o jornalismo, passar adiante certos assuntos e culturas.

Minha infância foi relativamente normal. Andava a cavalo, de bicicleta, patins... Pulava o muro de uma casa abandonada para brincar com minhas amigas. Acreditava que a amizade duraria para sempre e que, no futuro, nossas filhas seriam amigas também.

Animais de estimação? Ganhei uma égua chamada Estrela, mas perdi antes mesmo de conhecê-la pessoalmente, duas tartarugas (Xuxa 1 e 2), três pintinhos (Tancredo, Ulisses e Risoleta), dois periquitos (Nininho e Nininha) e duas cachorrinhas (Catuxa, que viveu 14 anos e agora a Melady, que vai fazer três). Colecionei revistas, papel de cartas, figurinhas, recortes de matérias (sobre TV, cinema e artistas prediletos)... Ainda tenho um estojo com nomes de alguns filmes que já assisti (coisa de louco). Não é a toa que hoje, revistas e DVDs continuam tendo minha preferência.

Já fiz um pouco de tudo que gosto, mas sei que ainda há muito que experimentar. Jazz, curso de modelo, teatro escolar, vôlei... Dancei ao som de La isla Bonita, desfilei em diversos lugares, sentei em um caixão de verdade numa apresentação e até cai num desfile. Durante dois segundos, tive a chance de decidir: correr ou seguir em frente. Optei pela segunda alternativa e fui aplaudida, mas depois daquele dia, nunca mais retornei às passarelas. O vôlei, deixei por conta de uma distenção no tendão (tornozelo direito). Fiz fisioterapia e ginástica. Hoje, jogo de brincadeira, mas ainda cultivo tendinite no joelho e ombro esquerdo.

Minhas grandes paixões são família (incluindo a Melady), amigos, jornalismo, cinema, vôlei e café. Já desejei ter uma banca de jornal, escrevi um livro (quando pequena), vi tantos filmes que tenho dificuldades para listar preferidos e encarei o Maracanãzinho, sozinha, só para ver a seleção do Bernardinho no Pan.

Segundo o oftalmologista, eu tenho o olho seco. Mas choro a toa... De alegria, tristeza, com cenas de filme e até no analista. Mas já deixei de chorar, ao ver um amigo chorando comigo. Naquele dia, ganhei um irmão.

Já conquistei muitas amizades, do porteiro ao diretor. Também fui ignorada e perseguida. Chorei na sala da diretoria porque não queria estudar na mesma turma que uma “rival”. Não fui atendida, mas em compensação ganhei os melhores anos da minha vida colegial. Fazia parte de um grupo formado por nove meninas, que se chamava As vacudas. Até hoje sinto falta delas.

Levei quatro anos para entrar na faculdade e, após estudar um semestre, precisei trancar. Voltei um ano e meio depois, fiz estágio na própria instituição, defini o tema da minha monografia lá no primeiro período e me formei, ao som da abertura de A Feiticeira. Depois de dois anos, ainda fiz Pós em Jornalismo Cultural. Nessa minha área conheci gente e lugares bacanas, mas jamais me esquecerei da sensação que tive quando entrei nas redações das Revistas Manchete (extinta), Contigo e Caras. Ali, estava diante do sonho de uma vida inteira.

Ainda me lembro do meu primeiro amor. Era alto, loiro, jogava vôlei e se chamava Alessandro “Paquito” (a cara do saudoso River Phoenix). Aliás, se alguém conhecer um carinha assim me avisa, tá? Tive amores possíveis, outros nem tanto. Como 9 entre 10 meninas, me apaixonei por um amigo e um professor. Em compensação, deixei de (talvez) viver um romance ao perder um pretendente, vitima da meningite.
 
Sou tão apaixonada pelo Johnny Depp (no qual chamo de meu marido), que até já dormi com uma foto dele durante uma semana, embaixo do travesseiro só para ver se invadia os meus sonhos. Dizem que todo mundo tem um sósia, não me importaria de achar o dele... Do Pierce Brosnan, Dr. House ou ainda o Wagner Moura.


 
Já passei por algumas aventuras... Tentei ver os New Kids no Copacabana Palace e acabei falando com o A-HA, quase fui atropelada pelo carro do grupo Dominó, pulei um muro de pneus do autódromo no show do U2, vi a Whitney Houston na Praça da Apoteose, chorei horrores na única apresentação da Xuxa que vi até hoje (há quase dois anos), participei de uma procissão e estive em um rodeio.

Como toda libriana, odeio injustiça. Ajudo a todos, mas quando chega minha hora de pedir, me retraio um pouco. Descendente de italiana, sou movida pela emoção com alguns momentos de razão. Queria escalar montanha, pular de asa delta, esquiar, porém sou medrosa. Tenho medo da solidão e, embora tema a morte sempre desejei ir antes que meus pais por não suportar a ideia de perdê-los. Aliás, se pudesse escolher como ela viria, gostaria que fosse igual à Thelma e Louise.

Já fui abraçada por um assaltante, agarrada por um maluco, atropelada por uma bicicleta, derrapei com o carro e num ato sem pensar, quebrei a janelinha da porta com a mão só para que minha sobrinha (hoje com 17 anos) pudesse entrar em casa. Para completar, tive síndrome do pânico e ainda sofro de TOC. Por causa dele, desenvolvi sistemas de organização no qual somente eu entendo. Diria que sou igualzinha a Mônica do seriado Friends.

Tenho alguns sonhos. Ser feliz, fazer o que amo, casar de vermelho (ou somente o buquê dessa cor), ser levada pelo meu pai até o altar, ao som de Songbird (Kenny G). Encontrar alguém que me proteja, abra a porta para eu sair, puxe a cadeira para eu sentar... E com ele ter uma filha chamada Maxinne.

Queria ter amigos como os do Friends, ser uma mulher igual à Lorelai Gilmore (embora me pareça mais com a Rory), correr no Central Park, conhecer a Broadway, assistir uma ópera, fazer ballet, tocar piano, jogar tênis, golfe, praticar esgrima, cursar medicina...

Por Tatiana Bruzzi

Publicado em Março de 2008

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