sexta-feira, 26 de março de 2010

E aê, tudo beleza?

Qual surfista não conhece ou pelo menos nunca ouviu falar na praia do Pepê? Quase impossível, né? Situada na cidade maravilhosa, mais precisamente na Barra da Tijuca. O local foi escolhido por Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes, mais conhecido como Pepê, na década de 70, para começar a surfar.

Um dos pioneiros do esporte no Brasil, Pepê elegeu o Pier da Barra da Tijuca e o Arpoador como point e logo se destacou no esporte. E olha que disso ele entendia muito bem. Em qualquer modalidade que se envolvia, era reconhecido como um dos melhores.

A paixão pelo esporte começou aos nove anos de idade, quando aprendeu a montar e dominar o cavalo na Sociedade Hípica do Rio de Janeiro. Foi campeão mundial de vôo livre, sexto colocado no Pipe Masters, um importante campeonato de surfe realizado anualmente na praia de Pipeline, na costa norte da ilha de Oahu, Havaí (o melhor brasileiro do ranking). Campeão carioca de hipismo, campeão no Waimea 5000, no Brasil e um dos 20 melhores surfistas do mundo, durante os anos em que dedicou-se a este esporte.

Com o tino para negócios fundou a Barraca do Pepê, voltada para a comercialização de produtos naturais, sobretudo entre atletas, surfistas e praticantes de vôo livre. A Barraca do Pepê procurou incorporar um estilo carioca em sua linha de produtos, e ainda é um ponto de encontro na Barra da Tijuca até hoje, além de possuir fanquias em outros pontos da cidade.

Embora não exista registro oficial, Pepê foi um dos pioneiros na fabricação do sanduíche natural no País. Além de atleta e empresário, tocava guitarra desde os dez anos e teve uma banda chamada Barão de Itaguaripe.
 
Outra grande conquista foi o campeonato mundial de asa-delta, no ano de 1981, em Tóquio. Mas, quis o destino que esse mesmo local fosse marcado pelo seu último vôo. Ele morreu exatamente dez anos após a conquista do título, quando tentava o bicampeonato. Em documentário exibido recentemente pelo SportTV, aparece sua última imagem antes da queda. Nela, o atleta que estava na segunda posição da competição, afirma que iria arrasar, já que seria sua última apresentação naquele mundial. Ele afirmara isso, por conta do mau tempo na região.
 
Pepê era casado e pai de dois filhos. Se estivesse vivo, completaria esse ano seu qüinquagésimo aniversário. Demonstrava grande afinidade com o Rio de Janeiro, sua cidade natal. Paixão essa que deixava claro com a seguinte frase: “Cada vez que eu vôo, dou graças a Deus por ser carioca”.

A vereadora Neuza Amaral, autora do Projeto de Lei 1804/92, decretou a colocação de marco alusivo a Pepê na avenida que leva seu nome, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Um trecho da praia foi batizado em sua homenagem.

Por Roberta Marassi
 
Publicado em Abril de 2008

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