sexta-feira, 26 de março de 2010

Estados do sul

Em “estado de graça”

Se existem locais em nosso país que primam pelo exotismo e beleza natural, como o Pantanal e boa parte da região Norte/ Nordeste, a região Sul é ainda uma grande caixa de surpresas em se tratando de locais deslumbrantes, acolhedores e que nos fazem esquecer completamente sobre como é viver no tão conturbado Rio de Janeiro.

Historicamente, a região Sul, a menor das regiões brasileiras, que é composta dos estados do Paraná - famoso por ter a divisa com o Paraguai e abrigar as maravilhosas Cataratas do Iguaçu, Santa Catarina - que possui um cenário apreciadíssimo de Florianópolis para desportistas em geral, sem contar a famosa Oktoberfest e o Rio Grande do Sul - este responsável pelas tradicionais festas pampeiras “da Uva”, além de ter seu nome sempre associado à História brasileira através da Revolução Farroupilha, possui uma história conturbada de formação.

Desde o século XVI, a área é disputada entre portugueses e nossos vizinhos, já que o tratado de Tordesilhas dizia que o atual estado do Rio Grande do Sul era, na verdade, da Espanha. Mas com a persistência dos portugueses e através de vários acordos e Tratados, como eram comuns naquelas épocas, enfim a região era anexada ao nosso país e passou a atrair a curiosidade de outras partes.

Região com clima bastante semelhante a determinadas áreas européias, daí a facilidade de adaptação de uma boa parte dos imigrantes que vieram principalmente da Europa Central e do Leste Europeu, áreas consideradas das temperaturas mais baixas da Europa, os Estados do sul são diferentes. Eu estive por lá, em várias cidades dos 3 estados, e sempre retorno todos os anos, por motivos familiares. Sim, é verdade que as cidades são bem mais limpas, de um modo em geral (digamos que eu constatei apenas umas 3 poucas cidades onde os hábitos são diferentes e as ruas são um pouco mais poluídas, mas nada comparado com a “rua menos suja” daqui) e quase ninguém tem o feio hábito de cuspir em via pública ou fazer necessidades fisiológicas em plena rua, e que o povo do sul tem orgulho de suas raízes e tradições, de dançar certas coreografias e vestir roupas tradicionais em pleno público quando as comemorações assim solicitam.

É um povo desconfiado do resto do Brasil, e algumas vezes não é tão receptivo à primeira vista. Mas são muito mais solícitos quando conhecem os cariocas, pois sabem de nossa fama de “fanfarrões” e divertidos, adoradores da noite.

Existem cidades que são uma verdadeira calmaria, bucólicas até, aonde a Internet chegou há alguns anos e ainda não impregnou de modo lascivo as pessoas. Existem cidades onde nos hotéis o chamado café da manhã é o digno café colonial, farto, delicioso, exótico em suas ofertas degustativas e digno de um deleite de pelo menos 1 hora completa. A tradição do chimarrão, que à primeira vista é recebida com estranheza por nós, é uma saudável relação de aproximação entre eles e nós. Se algum gaúcho, ou curitibano, ou catarinense lhe ofertar seu chimarrão, é porque está disposto a lhe oferecer um pouco mais de atenção.

A culinária é forte, com delícias que aquecem a alma e engordam a gente: polenta frita, carne de carneiro, carne de javali (macia que só!), carne de avestruz, sagu cozido com vinho tinto, chouriço, entre outros bolos, tortas e guloseimas salgadas que possuem nome próprio de cada região. E chego a afirmar que o friozinho daquela terra... é um chamariz ao romance, isto sem contar que é um convite à boa moda. As fashionistas de plantão se esbaldariam nas vitrines das principais cidades tamanhas é a oferta de echárpes, botas variadas, luvas, blusas, casacos, mantôs. Enfim... “La“ Bundchën veio de lá!

Se você deseja conhecer um pouco mais do lado sulista do país, uma sugestão: até é permitido conhecer os roteiros de turismo, que são excelentes e perfeitos, mas permita-se descobrir as outras cidades fora da rota turística... você não se arrependerá. Cada cidade lhe oferece uma sensação muito boa, seja por uma paisagem esplendorosa, seja por uma culinária farta e caseira, ou apenas pelo prazer de ouvir a conversa em uma roda de chimarrão. Vale até enfrentar as temperaturas de 5º graus ou menos, coisa inimaginável para os “friorentos“ cariocas que, aos 20º graus e alguma chuva, já tiram o escafandro do armário.

Uma dica de cidade: Bagé

Uma comida imperdível: churrasco com carne de javali acompanhado de polenta

Um passeio histórico: Rota das Missões

Por Fernanda Barbosa

Publicado em Maio de 2008

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