Saudosismo no Ar

sexta-feira, 26 de março de 2010

Saudosismo no Ar

Com tantos atrativos turísticos, a Região da Costa Verde do Rio de Janeiro tornou-se cenário constante de novelas globais. Entretanto, o lugar pagou caro por esta superexposição na mídia. De olho nos VIP´s e colunáveis, que desejavam um cantinho paradisíaco onde pudessem desfrutar suas horas de lazer, a especulação imobiliária ampliou seus domínios nessa região Por conta disso, surgiram hotéis, resorts e residências em condomínios de alto luxo, que tiraram um pouco a tranqüilidade dos freqüentadores que , em épocas passadas, não tinham sequer estradas planejadas para s chegarem até lá.

No final da década de 60, ainda menina, eu costumava passar as férias na casa de uma tia em Mangaratiba, município que faz parte da Região da Costa Verde. O acesso da capital até lá não era muito fácil, pois a Rodovia Rio-São Paulo ainda não tinha asfalto. O jeito era pegar um trem. Mesmo assim, valia o sacrifício, sabendo-se que iríamos encontrar um recanto bonito e tranqüilo para desfrutarmos o mês de janeiro inteirinho.

 

Depois, já adolescente, continuei freqüentando o lugar. Nessa época, tudo era curtição e não reclamávamos da viagem. No trajeto, íamos ouvindo músicas de Caetano, Gil, Chico e Roberto Carlos, gravadas em fita cassete, ao mesmo tempo em que apreciávamos a paisagem verdejante pela janela do trem. Ao chegarmos à cidade, ainda havia uma longa caminhada a percorrer da estação até o destino traçado.

Outra maratona era subir as dezenas de degraus que separavam a casa da minha tia, do mar. E que mar! Casamento perfeito entre o azul e o verde das montanhas, que refletiam nas águas quase esmeraldas daquele recanto paradisíaco.

Tempos depois, na década de 70, já casada, passei a lua de mel na mesma Região. Desta vez o destino seria Angra dos Reis. A viagem transcorreu na mais perfeita ordem, embora fosse já madrugada e a recém-inaugurada Rio-Santos, estivesse totalmente sem iluminação. Motivados, agradecidos e felizes por tudo, quase nos perdíamos quando recuperamos a tempo o caminho certo. A primeira parada foi Itacuruçá, depois Muriqui, Ibicuí e finalmente Angra.

Angra dos Reis é considerada um dos recantos mais bonitos do nosso estado. Cenário selvagem de uma natureza exuberante, a região deixara Angra dos Reis, e do Rio de Janeiro para servirem de cena a Américo Vespúcio, extasiado “com os odores das árvores e das flores e com os sabores dessas frutas e raízes”. Na época, o lugar era habitado pelos índios goianases, os escravos e exploradores deixados pelos navegadores. O núcleo inicial formou-se no local conhecido atualmente como Vila Velha, em frente à Ilha da Gipóia.

Como a maioria dos povoados brasileiros, Angra teve forte influência da Igreja Católica. Para constatar esse domínio, uma visita aos conventos, igrejas, monumentos e ermidas, construídas inclusive nas ilhas, como a Ermida do Senhor do Bonfim, a Igreja de Santana e a Igrejinha da Piedade, nos deu uma exata noção da história do lugar, além de ótimo passeio cultural. Conhecer a primeira igreja matriz de Angra, construída em 1632. Este monumento de estilo barroco fica localizado na Rua do Comércio, no centro da cidade, onde fizemos a primeira parada para fotos.

Finalmente, sentados no banco da pracinha, ficamos “à toa na vida e vendo a banda passar”. Depois tomamos sorvete para, enfim, seguir o passeio “sem lenço nem documento”.

Por Maria Oliveira

Publicado em Junho de 2008