sexta-feira, 26 de março de 2010
1968 – um ano de olimpíada
O ano de 68 não foi apenas marcado por revoluções culturais, políticas e estudantis. Foi também um ano de correr, jogar e torcer. Em 1968, na Cidade do México, foram realizadas as Olimpíadas.
Maior evento esportivo das nações, os jogos Olímpicos do México foram marcados por recordes. Devido à altitude nos locais de competição, que chegavam a 2.240 metros acima do nível do mar, a resistência do ar era menor e o percentual de oxigênio na atmosfera 30% menos. Fato esse que favoreceu esportes praticados ao ar livre, como o atletismo (especialmente os saltos). Foram registradas 84 marcas olímpicas superadas e 27 mundiais.
De todos os recordes, o mais marcante ficou por conta do norte-americano Bob Beamon, no salto em distância. O salto de Beamon é, até hoje, o mais famoso da história das Olimpíadas. Apesar de não ser um dos favoritos na prova, fez história ao saltar 8,90m, superando em 55 centímetros o recorde mundial anterior e estabelecendo uma marca que duraria 23 anos. A mesma só foi batida em 1991 pelo compatriota Mike Powell, que chegou a marcar cinco centímetros a mais.
A participação brasileira ficou por conta de Nélson Prudêncio, no salto triplo. Ele disputou com o soviético Viktor Saneyev e o italiano Giuseppe Gentile. Num intervalo de apenas quatro horas, o recorde mundial da prova foi superado nove vezes. Passou de 17,03m para 17,37m. No final da disputa, o ouro ficou com a Rússia, prata com o Brasil e o bronze foi para a Itália.
O melhor desempenho dos brasileiros em toda a década
Nos primeiros Jogos Olímpicos na América Latina, o Brasil obteve seu melhor desempenho na década. A segunda medalha, de bronze, apareceu com a vela. Flying Dutchmann, Reinald Conrad e Burkhard Cordes ficaram em terceiro na classe.
Já a última medalha conquistada foi através do boxe, com o paulista Servílio de Oliveira. O bronze nos meio-médios veio após a derrota, nas semifinais, para o mexicano Ricardo Delgado.
Além dessas conquistas, nós quase subimos no pódio em outras duas modalidades. No basquete, a seleção masculina foi derrotada pela União Soviética na disputa pelo terceiro lugar - por 70 a 53. Devido ao resultado, não conseguiu assegurar (pela terceira vez consecutiva) a medalha de bronze. Já na natação, José Silvio Fiolo terminou a disputa em quarto lugar, na final dos 100 metros peito. Ele ficou a um décimo de segundo dos soviéticos Vladimir Kosinsky e Nikolai Pankin, que garantiram o segundo e terceiro.
Uma polêmica novidade marcou os jogos de 68. Pela primeira vez, os testes para a comprovação de sexo nas provas femininas foram adotados. Tudo por conta de suspeitas sobre a efetiva feminilidade de algumas atletas soviéticas. Mas ao final, nenhuma atleta foi desclassificada ou perdeu sua medalha. Porém, algumas atletas de ponta, da potência socialista, desistiram de participar das provas.
Um ano de revoluções
Além dos recordes, as Olimpíadas de 1968 também ficaram marcadas por conta das manifestações políticas. Pouco antes da abertura dos Jogos, uma greve entre 300 mil estudantes e professores foi declarada. Faltando dez dias para a cerimônia de abertura, tropas do governo decidiram resolver a questão da forma que mais lhes eram favoráveis. A solução escolhida foi a clássica e já conhecida das ditaduras: “chumbo neles”! O resultado, a morte de centenas de manifestantes na Praça das Três Culturas.
Em números:
Países: 112
Esportes: 20 (Atletismo, Basquete, Boxe, Canoagem, Ciclismo, Esgrima, Esportes Aquáticos, Futebol, Ginásticas, Hipismo, Hóquei, Levantamento de Peso, Luta romana, Pentatlo moderno, Pólo Aquático, Remo, Tiro, Saltos Ornamentais, Vela e Vôlei)
Provas: 172
Recordes olímpicos: 84
Recordes mundiais: 27
Total de atletas: 5.516
Homens: 4.735
Mulheres: 781
Tocha: Enriqueta Basilio (Atletismo)
Juramento: Pablo Lugo Garrido (Atletismo)
Delegação brasileira: 84
Percentual do total: 1,52%
Homens: 81
Mulheres: 3
Porta-bandeira: João Gonçalves Filho (Pólo Aquático)
País ouro prata bronze total
1 EUA 45 28 34 107
2 URSS 27 34 30 91
3 Japão 11 07 30 91
4 Hungria 10 10 12 32
5 Alemanha Oriental 09 10 07 26
6 França 07 03 05 15
7 Tchecoslováquia 07 02 04 13
8 Alemanha Ocidental 05 10 10 25
9 Austrália 05 07 05 17
10 Inglaterra 05 05 03 13
11 Polônia 05 02 11 18
35 Brasil 0 01 02 03
Fontes: Comitê Olímpico Brasileiro, Comitê Olímpico Internacional, Museu Olímpico, História dos Jogos Olímpicos, Os arquivos das Olimpíadas e Universo Olímpico.
Por Tatiana Bruzzi
Publicado em Junho de 2008
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