sábado, 20 de março de 2010

Bolsa

Um acessório indispensável!


Ao certo não se sabe quando surgiu a primeira bolsa, mas existem registros de que os nômades já a usavam, o acessório primitivo está registrado em pinturas rupestres (aquelas do interior de cavernas) e desde esse marco já se sabe que eram usadas especialmente por mulheres, com o intuito de proteger seus alimentos e ferramentas.

A evolução das bolsas a partir da Belle Époque

O período que vai de 1890 a 1914 é conhecido com o Belle Époque (A Bela Época). Auge da era Edwardiana, que se caracterizou pelo bem viver, ostentação, luxo e extravagância da classe alta.

Na Belle Époque, os costureiros famosos determinaram uma moda clássica, severa para os homens, sinuosa e pesada para as mulheres. Mas começaram a aparecer figuras revolucionárias na moda como Paul Poiret e Mariano Fortuny, que procurava reencontrar a simplicidade das roupas greco-romanas e iniciaram o esboço de grandes revoluções no mundo da moda.

As bolsas que foram transformadas em acessórios necessários eram geralmente retangulares, pequenas, confeccionadas em tecido bordado ou malha metálica e sustentadas por correntes ou cordões.

Grandes bolsas de couro eram fabricadas para as viagens de automóvel. As bolsas para noite, muitas vezes utilizavam tecidos antigos, até coletes bordados dos séculos anteriores eram cortados para fabricá-las.

No Brasil, as regras do que fazer e como vestir-se vinham da França. Era do francês que se extraíam as palavras usadas para produzir as peças do vestuário e acessórios brasileiros.

DÉCADA DE 20
 
A bolsa dominante da década de 20 foi a de estilo carteira. Levada sobre os braços foi muito usada tanto para o dia como para a noite. Sua superfície plana permitia a aplicação de bordados, apliques ou estampas, refletindo as tendências dominantes da época.

Para o dia usava-se bolsa pequena feita com pele de cobra, lagartos e crocodilos. Para a noite, com bordados e pedrarias coordenando com os vestidos apropriados para dançar, simbolizando o look dominante da década.

DÉCADA DE 30

Apesar da crise financeira de 1929, (quebra da bolsa de Nova York) a década de 30 foi um período de produção, invenção e criação cultural artística muito intensa.

Com a crise financeira, os fabricantes de bolsa passaram a usar materiais mais baratos como o plástico Bakelite, que dava o efeito rígido e cintilante.

A mulher desta época, devia ser magra, bronzeada e esportiva. O cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes. Hollywood através de suas estrelas como Mel West, Greta Garbo e Marlene Dietrich, influenciaram a muitos na maneira de se vestirem.

As bolsas eram pequenas e arrematadas por fechos de metal, algumas fabricadas com o mesmo tecido dos vestidos.

No começo dos anos 30, as bolsas mantiveram um tamanho pequeno, sem muita ornamentação, mas no final da década, gradualmente foram ficando largas e mais sofisticadas, fabricadas com diversos tipos de couro como o de cobra, crocodilo, jacaré, bezerro, leão marinho, entre outros.

O look natural abriu espaço para as empresas de beleza produzirem as “beauty cases” (estojos de beleza) em versões sofisticadas. Em conseqüência a esta nova tendência, em 1935 os espaços internos das bolsas passaram a ser mais funcionais com compartimentos para maquiagem que vinham com espelho, porta batom e compartimento para dinheiro.

No Brasil, o processo de transformações sucessivas no sistema da moda, incluindo aí a vestimenta, o penteado, atavios e acessórios, foi amplamente marcado por influências recíprocas da imprensa e depois pelo cinema. O aspecto de cores, cortes e decotes, os modelos de bolsas, chapéus e diferentes calçados, passou a ser ditado pelos personagens protagonizados por atrizes e atores dos grandes estúdios de Hollywood.

DÉCADA DE 40

Havia um impulso generalizado de satisfazer os desejos reprimidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Muitos materiais sumiram do mercado e foi preciso usar de muita criatividade para substituí-los. Em meio a toda agitação e transtornos provocados pela guerra, a década de 40, instiga pela adversidade, sendo uma das mais produtivas neste século.

Por causa da escassez da matéria prima, o artesanato se desenvolveu. As bolsas de couro eram raras, muitas foram confeccionadas em tecido. Empregava-se todo o material disponível, e todos se transformaram em artesãos. Durante aquele período não se podia separar a imagem da mulher dos acessórios artesanais, que faziam o charme de sua aparência.

Apesar de algumas bolsas já serem confeccionadas com o revolucionário zíper, houve uma restrição com relação ao seu uso e também com o fecho de metal, surgindo assim outros materiais como a madeira.

Em 1941 na França, em conseqüência a um decreto proibindo a fabricação das grandes bolsas de couro, tão apreciadas por sua capacidade de absorção, desaparecem pouco a pouco das ruas. Com isso, as raras felizardas proprietárias de uma dessas maravilhas as valorizam ainda mais.

Objeto de cobiça porque raro, esse tipo de bolsa se presta facilmente à troca (lê-se às vezes nos classificados: “Troco pele por bolsa de couro”), ou ao mercado negro. Assim sendo, para substituí-las, algumas mulheres se contentam com produtos de substituição que enfeitam com bastante habilidade. A moda está nas imensas bolsas-cestos, fabricadas em “couro” envernizado, ou melhor, pele de cobra, sobretudo a píton, o fino do fino consistindo em prendê-las no cinto.

O alforje em tecido faz furor e existem em diferentes versões, desde o utilitário até os mais sofisticados. À primeira categoria pertence um modelo, bastante difundido, intitulado Restrições. Trata-se de uma bolsa grande, companheira diária da mulher, geralmente em tecido encerado, fechada por um cordão de franciscano. Dentro, pode carregar saquinhos de tecido bem leve que servem de disfarce para latas de “café”, “chá”, “açúcar”, “tíquetes”... sem que nada apareça.

Em 1941, Lucien Lelong, em lugar de bolsas em couro, apresenta um modelo cortado diretamente na madeira e que tem o aspecto de um toco de árvore de perfil. A moda pega e são incontáveis as bolsas de madeira, polidas ou envernizadas, naturais ou tingidas, redondas ou quadradas, que invadem as cidades pouco tempo depois.

DÉCADA DE 50

Nos anos 50, depois do baby-boom (nascimento de muitos bebês como decorrência da volta dos homens da guerra), a americana tornou-se mais caseira. Embora os anos 50 tenham fama de serem muito pomposos, a mulher adotou a linha casual, refletindo sua imagem de esposa e mãe exemplar.

A televisão influenciou muito a moda americana, e era comum as mulheres copiarem roupas de atrizes e atores glamourosos como Doris Day e Elizabeth Taylor.

As bolsas estilo Box (caixa), tornaram-se populares no final dos anos 40 e início dos anos 50. Nesta década elas foram revestidas com couro de animais exóticos como crocodilo, cobra, lagartos, entre outros.

As bolsas bracelete com um ou dois aros e com fecho, tornou-se popular nos anos 50. Em 1953 foram lançadas novas propostas como a carteira e as pastas executivas para homens. O bambu também foi muito utilizado na armação das bolsas.

No Brasil, os olhos estão voltados para o Rio de Janeiro. As garotas começam a usar calça comprida e seguem a risca os conselhos das seções das revistas femininas, A Cigarra, O Cruzeiro e posteriormente a Manchete.

As bolsas ainda mantém o estilo carteira, modelo envelope e bolsa Box em couro de crocodilo. Nesta época não existia uma moda genuinamente brasileira, pois tudo era copiado de fora.

DÉCADA DE 60
 
Nos anos 60, a juventude exige uma inovação no modo de se vestir, desprezando a sociedade de consumo, adotando uma aparência mais simples e despojada. O movimento hippie, com seu vestuário ecologicamente consciente e anti-conformista, exerceu uma influência indiscutível na moda. Tudo o que remetesse a uma época mais simples era apreciado. Isso explicou a retomada de técnicas artesanais, como o tricô, o crochê e o patchwork.

Nos primeiros anos da década de 60, as bolsas ainda eram em estilo carteira, recebendo motivos e padronagens decorativas em couro ou sintético. Algumas destas foram confeccionadas em tecido como o tweed e o tartan.

O bambu e o acrílico formam muito usados para a estrutura das bolsas. Com o passar do tempo houve uma diversificação nos formatos das bolsas desde o mais artesanal até os mais sofisticados.

Os movimentos artísticos como o Op - Art (optical arte) e o Pop - Art (arte que usava objetos de consumo como tema), com o seu vocabulário formal geométrico, bem como o vocabulário formal de outras tendências artísticas, foram também adotadas pela moda.

As bolsas receberam todas as influências desses movimentos com estampas geométricas, imagens ou formas de objetos de consumo do cotidiano.

O movimento Flower Power, (poder das flores) um símbolo do direito à paz, promovido pelos hippies, revolucionou a moda dos anos 60, influenciado os designer na criação das bolsas.

No Brasil, a moda dos anos 60, apesar de ser influenciada pelos movimentos artístico e musical da Europa e EUA, é também dominada pelos conceitos de luxo dos ateliês de alta-costura.

As novas tendências são estudadas e previstas através das mudanças de comportamento, muito evidentes na década.

MODA FUTURISTA-DÉCADA DE 60

A moda futurista representava como que um contrapeso à moda hippie, que pregava a simplicidade. Numa época em que a ficção científica aparecia nos livros e filmes dos beatniks, e em que era preparada a primeira viagem a Lua, tentava-se introduzir na moda elementos de visão utópica e tecnológica. Essa moda influenciou os designers, principalmente os franceses, no desenvolvimento de peças de vestuário e acessórios com placas laminadas, e sintético prateado.

DÉCADA DE 70

A moda dos anos 70 é difícil de ser definida, nunca foi tão discutida, tão controvertida. Usou-se de tudo, e os estilos variavam de estação para estação. O movimento hippie dos anos 60, com seu vestuário ecologicamente consciente e anti-conformista exerceu uma influência indiscutível nos anos 70. Houve um grande revival na moda, buscando inspiração no passado, contudo com uma cara nova. Uma destas correntes foi o New Romantic, tendência que privilegiava as estampas florais, acabamentos em renda, chapéus de palha e uma série de acessórios com ares românticos da década de 1930.

O estilo Liberty (padronagens com mini flores) adornados com bordados era usado tanto nas roupas como nas bolsas.

As bolsas com armação de metal, e as de estilo envelope, usadas na década de 30, voltaram a ser usadas.

Nos anos 70, as roupas pediam um mínimo de acessórios, pois a moda visava conforto e praticidade. O look casual (mínimo de acessórios) foi acompanhado por uma bolsa larga a tiracolo (estilo sacola), muito usada por mulheres que trabalhavam fora e que visavam a praticidade e a funcionalidade. As mulheres desta época aprenderam a usar roupas e acessórios para obterem sucesso profissional.

No Brasil a moda começa a ser profissionalizada. As butiques que ditavam moda nos anos 60, vão se firmando e criando suas próprias confecções nos anos 70.

DÉCADA DE 80

A principal característica da década de 80 - os anos decontrastes - é a de desenvolver o vanguardismo na moda com a proporção de novidades ou a reciclagem atualizada de idéias nostálgicas.

Os opostos começam a conviver em harmonia (caro x barato, masculino x feminino, simples x exagerado). Não existe mais uma única verdade de moda e sim várias realidades.

As roupas e os acessórios transformaram-se em uma bandeira: eles demonstravam o que se sentia. As propostas são múltiplas para que cada um faça a sua própria escolha.

Pela primeira vez, coexistiram várias tribos, como os punks, new waves, rappers, skinheads, góticos, heavy metal, todos estes exercendo influência na criação de roupas e acessórios.

A bolsa estilo sacola, já usadas na década passada, vinha de encontro as necessidades das mulheres que trabalhavam fora e que procuravam praticidade para carregar inúmeros objetos para o dia-a-dia como agenda, calculadora, maquiagem, entre outros.

A nova geração de mulheres que sai para trabalhar começa a usar com mais freqüência a pasta executiva. As bolsas e os sapatos coordenavam entre si. O trabalho torna-se excessivo e junto com ele a febre do fitness. O corpo é moldado pelas academias de ginástica, e nunca se falou tanto em cultura do corpo como nesta década. Juntamente com essa nova tendência, havia uma preocupação dos praticantes de esportes em coordenar suas roupas de lycra com suas mochilas de nylon.

DÉCADA DE 90

A moda dos anos 90 põe-se de acordo com o novo “grito de guerra” o minimalismo. Termo tirado da vanguarda artística dos anos 70, o minimalismo justifica a simplicidade levada ao extremo. As bolsas com suas cores, inclusive as cítricas, vieram avivar as coleções minimalistas. Enquanto algumas radicalizavam com cores e estilos diferenciados, outras eram simples mais clássicas, usadas para um visual contínuo.

Acompanhando o avanço da tecnologia as bolsas passaram a ter compartimentos mais funcionais como porta celular, porta cartões, porta caneta e porta chaves. Nesta década os designers reconheceram o poder que os acessórios, principalmente as bolsas mantinham na concepção de um look. As mulheres passaram a comprar mais acessórios como sapatos e bolsas do que roupas.

A moda dos anos 90 tornou-se menos rigorosa em relação às regras de etiqueta.

Nos anos 90 adquiriu-se o caráter de misturas, absorvendo diversas referências vindo de distintas realidades. As bolsas passaram a ser desenvolvidas com vários materiais e os modelos foram ficando cada vez mais diversificados.

Século 21

A partir do ano 2.000, as tendências da moda passam a ser uma “reinvestida de volta ao passado”, estilistas e grandes marcas, apostam em uma década, em um momento histórico e fazem suas criações a partir desses fatos. Estar na moda, passou a ser estar dentro de um estilo próprio e ter uma linguagem semelhante e pessoal dentro sua sociedade.

E a bolsa? Esta ficou para sempre, circula em todos os ambientes e cada uma tem sua hora e sua utilidade, seja ela: festa, academia, trabalho, passeio, supermercado... enfim, faça sua escolha e tenha uma boa aquisição e uma boa companheira!

Por Roseane Marassi - Consultora de Moda

Pubicado em Novembro de 2007

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