sábado, 20 de março de 2010

“Não há, ó gente, ó não,

luar como esse do sertão...” Vivendo no passado em Conservatória

Quer iniciar 2008 com a sensação de estar entrando em 1808? Acha que é impossível? Pois isso é provável que aconteça se você decidir passar o reveillon em um vilarejo chamado Conservatória.

Distrito de Valença, localizada no interior do Rio de Janeiro, na região do Ciclo do Café, Conservatória é o lugar perfeito para voltar ao passado, relaxar e recarregar as energias. Lá você encontra paisagens naturais como serras e picos, fazendas e construções do século passado e ainda desfruta da principal atração da cidade: a serenata.

Todo fim de semana Conservatória recebe cerca de mil turistas que se deslocam para o distrito de diversas partes do Brasil e do exterior, em busca das canções mais românticas do país. As serestas acontecem quase todas as noites da mesma forma. Os seresteiros pegam seus violões e violas e se reúnem numa praça. Em seguida, eles caminham pela cidade acordando as pessoas ao som tranqüilo de Sílvio Caldas, Guilherme de Brito, Gilberto Alves, Nelson Gonçalves, Pixinguinha entre muitos outros.

Dizem que a tradição das serenatas começou em meados de 1878 com o romântico professor de música e violinista, Andreas Schmidt. Em uma noite enluarada, no silêncio do vilarejo, ele atraiu espectadores ao tocar seu violino em plena praça. O sucesso foi tanto, que o professor Andreas passou a ter como rotina tocar seu violino nas noites estreladas. Aos poucos, músicos vindos de outros lugares passaram a acompanhá-lo.

Mas não pense que há somente música nas noites do vilarejo. Entre uma canção e outra, moradores aproveitam para contar essas e outras histórias que já aconteceram no distrito ou outras relacionadas às músicas apresentadas. Um mistério também ronda o lugar. Durante a noite, moradores e turistas conseguem observar de longe estranhas luzes que aparecem na Serra da Beleza, deixando muita gente intrigada com o fenômeno. Conservatória reúne todo ano grupos de ufólogos e tem muita gente que diz já ter visto alienígenas por lá.



Além das serestas e mistérios, Conservatória tem atrações para os mais jovens como trilhas, pescaria, enduro, cachoeiras, cavalgadas, feiras de artesanato e comidas típicas, o distrito tem diversão para a família inteira.




Veja abaixo algumas opções:

Para visitar:

Túnel que chora

Maria Fumaça

Museu da Seresta

Museu de música

Casa de Cultura

Museu Silvio Caldas, Gilberto Alves, Guilherme de Brito e Nelson Gonçalves

Museu Vicente Celestino e Gilda Abreu

Casa da Arte

Como chegar:

Quem vem do Estado de São Paulo deve seguir até Barra Mansa, no Estado do Rio de Janeiro e utilizar a saída 265, pegando a BR 393 em direção a Três Rios. Seguir por 47 km até o acesso a Barra do Piraí, onde também pegará a estrada (à esquerda) para Conservatória. São mais 26 km.

Partindo do Rio de Janeiro, seguir pela Dutra até o km 236, em Piraí. Pegar a estrada para Barra do Piraí. São 14 km até a BR 393, onde pegará a estrada para Conservatória e percorrerá mais 26 km.

Para os turistas que vem de Minas Gerais, utilize a BR 040 (Rio- Belo Horizonte) até o acesso à BR 393. Em Três Rios Siga em direção à Barra do Piraí. Serão 84 km, até o acesso à estrada que leva à Conservatória.

LUAR DO SERTÃO

(João Teixeira Guimarães-Catulo da Paixão Cearense)

Não há, ó gente, ó não, luar como esse do sertão...

Oh, que saudade do luar da minha terra,

lá na serra branquejando folhas secas pelo chão...

Este luar cá da cidade, tão escuro, não tem aquela saudade do luar lá do sertão...

Se a lua nasce por detrás da verde mata, mais parece um sol de prata prateando a solidão...

E a gente pega na viola que ponteia e a canção é a lua cheia a nos nascer do coração... Coisa mais bela neste mundo não existe, do que ouvir um galo triste no sertão, se faz luar...

Parece até que alma da lua é que descanta, escondida na garganta desse galo, a soluçar... A gente fria desta terra sem poesia não se importa com essa lua, nem faz caso do luar...

Enquanto a onça, lá na verde capoeira, leva uma hora inteira vendo a lua, a meditar... Ai, quem me dera que eu morresse lá na serra, abraçado a minha terra e dormindo de uma vez...

Ser enterrado numa grota pequenina, onde, á tarde, a sururina chora a sua viuvez.

Fonte:

www.conservatria.com.br

www.seresteiros.com.br/


Por Carolina Andrade
 
Publicado em Dezembro de 2007

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