sábado, 20 de março de 2010

Droga que faz bem

Quando os jovens de 1960 hastearam a bandeira do amor, sequer sonhavam que deste coquetel de rebeldia, pacifismo floral, sexo, drogas psicodélicas e rock’n’roll surgiria uma ameaça, um freio no hedonismo tão em voga: a Síndrome de Deficiência Imunológica Adquirida (tradução do inglês Acquired Immune Deficiency Syndrome, cujas iniciais formam a sigla AIDS).

Até o seu surgimento, a medicina vinha acumulando vitórias sobre todas as doenças infecciosas. Moléstias como a sífilis, a tuberculose, a lepra, a meningite, e outras doenças contagiosas passaram por laboratórios e para todas houve o remédio, a cura, a prevenção, a vacina. Agora, o grande desafio da medicina é criar uma vacina contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Enquanto isso não acontece, vamos comemorar os 20 anos do AZT (zidovudina), combinados de anti-retrovirais, que reduziram a transmissão materno-infantil do HIV, além do êxito no tratamento de pacientes soropositivos.

Desde 1981 que a ciência médica vem lutando contra a AIDS, quando a descoberta do vírus foi notificada. Entretanto, evidências históricas levam a crer que esta é uma doença que afeta os seres humanos há várias décadas. Existem registros ocorridos entre os anos de 1940 e 1950 de casos na África Central, nos Estados Unidos e no Haiti, que apresentam sintomas característicos da contaminação por HIV, mas que tiveram a causa da morte descrita como desconhecida. A doença foi reconhecida primeiro em homens homossexuais, mas logo se descreveram casos em heterossexuais que haviam recebido transfusões de sangue, e em viciados em drogas endovenosas, que transmitiam a doença uns aos outros pelas seringas e agulhas de uso coletivo. Atualmente, o principal grupo com risco de exposição ao vírus é o dos heterossexuais.

A transmissão sexual (homo ou heterossexual) permanece como a via principal de entrada do vírus, sendo o sexo anal receptivo a atividade de maior risco. A transmissão homem-mulher é cerca de oito vezes maior que a transmissão mulher-homem e outros fatores conhecidos e comprovados que aumentam o risco de contágio. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em dezembro de 2004, um total de 40 milhões de pessoas possuíam o vírus. Segundo dados do Ministério da Saúde, a Aids no Brasil atingiu, até junho de 2006, a marca de mais de 400.000 casos registrados.

Mas a luta contra o HIV continua, e o Brasil não ficou de fora neste combate. Políticas oficiais adotadas, como distribuição gratuita de coquetéis de medicamentos e possibilidade de quebra de patentes, estão surtindo efeito e deixam o país no front da guerra contra o vírus. Não por acaso, o Rio de Janeiro foi escolhido para abrigar, em novembro de 2008, um megaevento organizado pelo líder sul-africano Nelson Mandela, com o objetivo de arrecadar fundos para o combate à Aids. O ponto escolhido é o mesmo onde os Rolling Stones se apresentaram, em Copacabana. Há empenho dos organizadores em trazer o grupo Queen, cujo vocalista Freddie Mercury morreu de Aids em 1991.




Faz sentido: o mesmo Rock´n´roll que jogou rastilho de pólvora para fazer do sexo uma ideologia, agora vem recolher seus estilhaços num gesto de solidariedade às vítimas do HIV. “Faça amor, não faça a guerra”, mas use camisinha.

Por Maria Oliveira
 
Publicado em Dezembro de 2007

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